Elcio Marcantonio Jr. e Nicolas Nicchio Nicolini Calazans avaliam o crescente uso da técnica cirúrgica guiada na rotina clínica dos implantodontistas.

Com os avanços tecnológicos na área da Saúde, surgiram técnicas que possibilitam tratamentos menos invasivos e mais previsíveis, como a cirurgia para instalação de implantes de maneira totalmente guiada¹.

Para realizar a técnica cirúrgica guiada, são necessários arquivos digitais (DICOM e STL) e um software específico para planejamento virtual. Os arquivos DICOM são gerados no centro radiológico a partir do exame de tomografia computadorizada feito pelo paciente, possibilitando que o cirurgião tenha uma visualização tridimensional da região em questão. Já o arquivo STL é obtido a partir do escaneamento da arcada do paciente, seja por scanners intraorais ou de bancada.

Todo o planejamento para a cirurgia guiada é feito virtualmente e previamente à cirurgia. Dessa forma, o implante pode ser colocado em sua posição tridimensional ideal, levando em consideração a posição dos dentes, raízes, oclusão do paciente, anatomia óssea e as estruturas nobres, fazendo com que a instalação de implantes de maneira totalmente guiada seja mais previsível do que quando a cirurgia é realizada à mão livre². Com o implante projetado na posição desejada, este planejamento é transferido para a boca do paciente através de um guia cirúrgico fabricado pela técnica de manufatura aditiva em uma impressora 3D³.

Ademais, a técnica cirúrgica guiada pode ser realizada sem a confecção de retalho – técnica que permite a preservação do suprimento sanguíneo que advém do tecido mole suprajacente à região em que será instalado o implante, diminuindo a reabsorção óssea peri-implantar e otimizando a osseointegração⁴. Além disso, o paciente se beneficia com a diminuição dos riscos intraoperatórios, tempo de procedimento, morbidade pós-cirúrgica e, consequentemente, menor consumo de analgésicos no período pós-operatório⁵.

O procedimento guiado para instalação de implantes também pode ser realizado em alvéolos dentários, porém é uma técnica complexa que demanda experiência clínica para um prognóstico mais previsível. Os cirurgiões se beneficiam com isso, já que uma das maiores dificuldades é instalar o implante na sua posição ideal, o que se torna ainda mais difícil quando é feito puramente à mão livre⁶.

Apesar da cirurgia guiada facilitar a instalação de implante, o planejamento precisa ser realizado por um profissional que tenha experiência em Implantodontia e na visualização de imagens tridimensionais, já que qualquer erro no planejamento pode resultar em posicionamento incorreto do implante^7-8. Outros fatores também devem ser levados em consideração ao escolher essa técnica, como a necessidade de possuir um kit cirúrgico específico, o custo mais elevado, maior dificuldade de irrigação durante a osteotomia e a abertura bucal do paciente. Também deve-se levar em conta os desvios que ocorrem da posição planejada para a posição real, podendo ser significativos, principalmente em alvéolos⁹.