A escolha pelo sistema de implantes passa por fatores que nem sempre consideram o desempenho técnico do produto, que compete com variáveis de ordem comercial, emocional e de conveniência.
Um implantodontista atualizado está permanentemente avaliando suas opções entre os diferentes fabricantes e os inúmeros sistemas de implantes disponíveis no mercado. No entanto, essa escolha passa por inúmeros fatores que nem sempre consideram o desempenho técnico do produto, que compete com variáveis de ordem comercial, emocional e de conveniência.
Especialistas em comportamento dizem que um humano adulto toma cerca de 35 mil decisões por dia. A maioria delas, com certeza, acontece em nosso cérebro de forma inconsciente e imperceptível, automatizada pelos nossos hábitos, como o ato de estender a mão para cumprimentar alguém. No entanto, existem decisões importantes que merecem toda a nossa atenção. A escolha do sistema de implantes certamente entra nesse segundo grupo.
Diante disso, surgiu a proposta de avaliar os critérios que podem ser úteis ao cirurgião-dentista na avaliação dos diferentes sistemas disponíveis no mercado. Obviamente, a pretensão deste trabalho não foi eleger os melhores sistemas e nem mesmo afirmar que o implante A é superior ao implante B. Devemos lembrar que cada implantodontista atribui pesos diferentes às características de cada sistema, o que significa que essa sempre será uma decisão individual de cada profissional.
Além disso, os critérios que apontamos e esmiuçamos nas próximas páginas são todos de natureza técnica, mas sabemos que a maioria dos profissionais não considera essa perspectiva na adoção de seu sistema. Existem inúmeros fatores que concorrem ao lado dos critérios técnicos, tais como: preço, rapidez na entrega, perfil econômico dos pacientes, familiaridade com o sistema, admiração pelo fabricante e aversão aos concorrentes.
E tem mais uma variável importante nessa equação: o grupo. Gostamos de acreditar que nossas preferências profissionais são sempre fruto de uma análise racional, realizada de forma criteriosa, pesando os prós e os contras de cada opção. No entanto, muitos dos equipamentos e dos produtos que você usa diariamente no tratamento de seus pacientes foram escolhidos por influência de seus colegas implantodontistas. Não se preocupe, não há nada de errado nisso. Você está apenas otimizando seu tempo e a energia de seu cérebro, aproveitando a experiência de outras pessoas para facilitar a sua decisão. O mesmo raciocínio vale para a influência de seus professores e outros pesquisadores de destaque que atuam como formadores de opinião. A busca por subsídios para nossa decisão é um processo absolutamente natural para o ser humano.
Outro aspecto importante que muitos esquecem é que a escolha do sistema de implante não é, necessariamente, um casamento monogâmico. É muito comum que os profissionais adotem mais de um sistema de implante simultaneamente, mantendo uma opção premium para os clientes com maior poder aquisitivo e outra mais acessível para o dia a dia. Eventualmente, quando surge algo novo, o implantodontista também dá uma pulada de cerca para testar outras marcas.
Diante de tudo isso, um implantodontista atualizado está permanentemente avaliando suas possibilidades entre os diferentes fabricantes e os inúmeros sistemas disponíveis no mercado, mesmo que decida permanecer fiel a um conjunto pouco flexível de opções.
Para facilitar essa avaliação sob a perspectiva técnica, apresentamos no suplemento especial um conjunto de critérios que elegemos a partir dos estudos que vêm sendo observados em análises sistemáticas da literatura internacional. Esperamos que seja útil em suas próximas decisões.
Confira as matérias desta edição do suplemento:
Editorial: uma ferramenta para escolhas individuais
Desenho macrogeométrico: o ponto de partida em qualquer sistema de implantes
Modificação de superfícies: mergulhando fundo na osseointegração
Sistema de implantes: soluções para necessidades de todos os tamanhos
Versatilidade: as soluções protéticas que os sistemas oferecem