Fábio Bezerra e Nelson Silva destacam a utilização de componentes de retenção ou SmileLoc em determinadas situações clínicas.
Historicamente, as próteses fixas sobre implantes têm dois sistemas de retenção amplamente conhecidos e discutidos na literatura: parafusos ou agentes de cimentação. Ambos possuem vantagens e desvantagens clínicas, com uma forte tendência para o uso de próteses parafusadas quando são realizados tratamentos com próteses múltiplas ou totais, enquanto as próteses cimentadas são mais utilizadas para reabilitações unitárias.
É importante salientar que existem critérios clínicos e científicos específicos para a opção do sistema de retenção ideal, assim como existem tendências culturais e preferências pessoais para a tomada de decisão clínica. Mas, quando o assunto é prótese fixa do tipo protocolo, há uma concordância mundial sobre a vantagem de remover periodicamente as reabilitações para higienizar e realizar eventuais reparos, fazendo com que as próteses parafusadas sejam a primeira opção para reabilitadores nos cinco continentes.
Tendo em vista que a reversibilidade de próteses fixas tem muita importância para o sucesso clínico de longo prazo das reabilitações totais fixas sobre implantes, uma nova tecnologia de retenção por indução térmica de liga superelástica tem sido utilizada para simplificar o processo clínico e laboratorial. Isso porque ela elimina a necessidade de parafusos e canais de acesso das próteses do tipo protocolo, além de apresentar retenção superior quando comparada aos agentes cimentantes disponíveis atualmente. O sistema conta com três componentes principais: abutment, retentor termoativável e cápsula de retenção, além de um dispositivo portátil de indução térmica que gera impulso de energia e temperatura de 55ºC para desativação do retentor, que é composto por uma liga de níquel e titânio, também conhecida como nitinol (Figuras 1 e 2).
Desenvolvida nos anos 1960, a liga de nitinol possui propriedades singulares, como o efeito memória de forma (EMF), superelasticidade e biocompatibilidade, que fizeram com que seu uso se expandisse para as áreas da Medicina (principalmente para Ortopedia e Cardiologia) e Odontologia, com destaque para a Ortodontia corretiva fixa e os retentores de próteses fixas em Implantodontia, que podem ser ativados ou desativados clinicamente pelas características singulares do nitinol.
Clinicamente, são selecionados abutments específicos para o sistema, que possuem alturas variadas de perfis transmucosos e são instalados com o auxílio da chave de inserção com torque recomendado pelo fabricante (Figuras 3). A partir deste ponto, pode ser feita a moldagem de transferência dos abutments para a solução laboratorial ou a captura dos dispositivos de retenção diretamente na boca. Os componentes de retenção ou SmileLocs (Rodomedical, EUA) são posicionados sobre os abutments com as aletas ativadas, sendo o azul de uso laboratorial e o prata de uso clínico (Figuras 4). Uma vez posicionados sobre os abutments, os retentores são capturados com as cápsulas de retenção ativadas (aletas abertas), que estarão presentes na base da prótese total que, a partir deste momento, passará a estar fixa sobre os abutments e só poderá ser removida com o auxílio do dispositivo de indução térmica – que fará com que as aletas se fechem e a prótese possa ser removida com facilidade (Figuras 4 a 8).
Fábio Bezerra
Especialista em Periodontia – FOB/USP; Especialista em Implantodontia – Inepo; Mestre em Periodontia – Universidade Paulista; Doutor em Biotecnologia – Unesp.
Orcid: 0000-0003-0330-2701.
Autor convidado:
Nelson Silva
Mestre, doutor e pós-doutor – FOB-USP e Universidade de Nova York; Professor associado – Universidade Federal de Minas Gerais.