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Egbert Toledo recebeu uma última homenagem em nome da equipe de Periodontia da ImplantNews. (Imagem: arquivo/VMCom)

A Odontologia se despede de Egbert Toledo, pioneiro da Periodontia

Responsável pela formação de milhares de cirurgiões-dentistas brasileiros, o professor Egbert Toledo faleceu aos 89 anos.

A Periodontia brasileira se despediu em 31 de junho de um de seus mais importantes expoentes, Benedicto Egbert Correa de Toledo. O professor tinha 89 anos e foi um dos pioneiros da especialidade, responsável pela formação de milhares de cirurgiões-dentistas a partir de sua atuação na FOAr/Unesp e, mais tarde, na Unifeb.

Para registrar uma última homenagem em nome da equipe de Periodontia da ImplantNews ao proeminente professor, o editor-científico Antonio Wilson Sallum pediu ao Prof. Dr. Elcio Marcantonio Jr. que escrevesse um texto em sua memória. Veja a seguir.

Diálogo, generosidade, humildade e conhecimento. Estas são algumas palavras para definir o Prof. Dr. Benedicto Egbert Correa de Toledo. Vindo de uma família humilde, mas que prezava pela educação, o Prof. Egbert, como era conhecido, formou-se em 1953 pela Faculdade de Odontologia de Araraquara (FOAr/Unesp). Entre os anos de 1959 a 1994, atuou como professor nesta mesma faculdade, onde criou a disciplina de Periodontia de forma absolutamente pioneira. Na FOAr, galgou todos os postos da carreira, chegando a professor titular, destacando-se como professor, gestor e pesquisador em uma época em que poucos faziam pesquisa de forma sistemática. A partir de 1997, ele encarou um novo desafio criando a disciplina de Periodontia no Centro Universitário da Fundação Educacional de Barretos (Unifeb), embora permanecesse como professor voluntário na FOAr.

Conheci o Prof. Egbert quando eu ainda era criança, através de meu saudoso pai, o Prof. Elcio Marcantonio. No entanto, só consegui dimensionar a sua importância acadêmica e a pessoa fantástica que ele era quando comecei a trabalhar ao seu lado, como docente na FOAr. Acompanhei de perto o seu trabalho na montagem do programa de pós-graduação em Periodontia e fui espectador privilegiado dos tórridos embates científicos que havia na Periodontia dos anos 1980 e 1990 (bem mais radicalizados do que os atuais). O Prof. Egbert demonstrava uma capacidade ímpar, com opiniões fortes, mas sem radicalismo e com elegância e respeito com os demais.

Ele tinha um profundo conhecimento da literatura, sendo um dos pioneiros em estudos científicos periodontais, notadamente epidemiologia e prevenção, mostrando-se sempre muito organizado e inteligente. De alma generosa, amava ajudar as pessoas e tinha como característica o diálogo.

Suas conversas e conselhos atraíam pessoas de todos os tipos. Sua sala era ao lado da minha, o que me permitiu diversas vezes testemunhar a “romaria” de alunos e professores que frequentavam sua sala. Na faculdade, ele era o “bombeiro”, sendo chamado para apaziguar os ânimos e costurar acordos que eram bons para todos.

Montou as disciplinas de Periodontia em Araraquara e em Barretos, cursos de especialização, mestrado e doutorado. Formou direta ou indiretamente muitos dos atuais professores de Periodontia do Brasil. Grande parte dos principais docentes do País o teve como membro de sua banca de avaliação nos concursos para as vagas de professor titular.

Em minha trajetória pessoal, agradeço ao Prof. Egbert por ter sido um grande mentor e amigo, a quem devo muito da minha formação não só pelos ensinamentos compartilhados, mas também pelo seu exemplo. Todos que tiveram a oportunidade de estar ao seu lado sabem da grande pessoa que foi o Prof. Egbert, assim como seu amor e carinho pela profissão.

A Periodontia brasileira perde um dos seus membros mais destacados. Vai deixar muita saudade.

Elcio Marcantonio Jr.