Marco Bianchini apresenta caso clínico em que o paciente realiza a terapia de suporte há quase 8 anos, mantendo os seus dentes em bom estado periodontal.
O tratamento periodontal pode ser dividido basicamente em duas áreas: controle da doença ativa e reparo do dano causado pela doença. Porém, apenas estes procedimentos são insuficientes para o sucesso do tratamento periodontal em longo prazo. Desta forma, torna-se necessário estabelecer um programa de atendimento pós-tratamento, conhecido como terapia de suporte. Esta etapa visa a manutenção dos procedimentos executados no tratamento da doença periodontal propriamente dita.
Após a conclusão da terapia periodontal ativa, os pacientes com periodontite tratados com sucesso podem ser classificados em duas categorias de diagnóstico: pacientes periodontais com periodonto reduzido e saudável ou pacientes periodontais com inflamação gengival1. Esses indivíduos permanecem em alto risco de recorrência ou progressão da periodontite e requerem cuidados periodontais de suporte. Estes cuidados consistem em uma combinação de intervenções preventivas e terapêuticas realizadas em intervalos diferentes, que devem incluir:
• Avaliação e monitoramento da saúde sistêmica e periodontal;
• Reforço das instruções de higiene oral;
• Motivação do paciente para o controle contínuo dos fatores de risco;
• Remoção mecânica profissional da placa;
• Instrumentação subgengival localizada em bolsas residuais.
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As manutenções periodontais também incluem a avaliação de comportamentos individuais, uma vez que os pacientes que se submetem à terapia de suporte devem cumprir rigorosamente os métodos de higiene oral e estilos de vida saudáveis recomendados pelo profissional, a fim de se evitar a recorrência da doença periodontal que está sendo monitorada1,5.
Sabe-se que muitos fatores e indicadores de risco (biológicos, comportamentais e sociais) podem exercer influência sobre o diagnóstico e tratamento do paciente periodontal. Desta forma, a regularidade das consultas de manutenção torna-se um fator crítico para o sucesso no controle da doença. Negligenciar esta etapa tem sido associado com maiores riscos de recorrência e progressão das doenças periodontais3-11.
A literatura demonstra que as visitas de cuidados periodontais de suporte devem ser agendadas em intervalos de três a, no máximo, 12 meses. Estas consultas devem ser adaptadas de acordo com o perfil de risco do paciente e as condições periodontais após a terapia ativa1-3,12-16.
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Assim, o sucesso do tratamento de suporte depende do esforço conjunto do paciente e do profissional. Deve-se avaliar o padrão de higiene oral do paciente e as condições clínicas presentes para se estabelecer uma frequência de consultas adequadas a cada caso8. Sem essa regularidade de consultas, os benefícios da terapia periodontal de suporte não se mantêm no longo prazo e todo o tratamento que foi realizado na fase ativa da doença, no início do tratamento, pode ser perdido1-11.
As Figuras 1 a 3 ilustram um caso em que o paciente realiza a terapia de suporte há quase 8 anos, mantendo os seus dentes em um bom estado periodontal.
Referências
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Marco Bianchini
Professor associado IV do departamento de Odontologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); autor dos livros “O Passo a Passo Cirúrgico na Implantodontia” e “Diagnóstico e Tratamento das Alterações Peri-Implantares”.