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Cirurgia reconstrutiva com enxerto autógeno e implantes extracurtos após remoção de ameloblastoma

Caso clínico mostra paciente com ameloblastoma na mandíbula e foi tratado através de mandibulectomia segmentar.

Os tratamentos de pacientes severamente debilitados são frequentemente considerados casos “avançados” em cursos de pós-graduação e em congressos de Odontologia. Entretanto, se usarmos os conceitos básicos que são ensinados desde a graduação, é possível perceber que são casos que podem ser tratados de forma previsível com implantes pelos alunos da graduação.

O caso apresentado nesta coluna mostra um tratamento realizado na graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, com orientação minha na instalação dos implantes e com o professor João Luiz Portella Duarte na etapa protética, além de condução dos alunos Lucas de Souza dos Santos, na etapa cirúrgica, e Dário dos Santos Ignácio de Araújo, na etapa protética, todos coautores desta coluna.

Um paciente com 62 anos de idade apresentava um ameloblastoma na mandíbula e foi tratado através de mandibulectomia segmentar, na região do dente 36 até o 43 (Figura 1). Ele recebeu enxerto autógeno removido de uma costela, fixado com placa e parafusos. Este tratamento foi realizado pela equipe de Cirurgia Bucomaxilofacial da Uerj, no Hospital Universitário Pedro Ernesto. A literatura mostra que, após a consolidação do enxerto, estes pacientes podem receber reabilitações implantossuportadas1. Após o período de cicatrização, o paciente foi encaminhado para a reabilitação na disciplina de Clínica Integrada, no sétimo período da faculdade de Odontologia da Uerj.

Na Clínica Integrada, atualmente denominada Núcleo de Procedimentos Clínicos Integrados, o paciente foi moldado para obtenção do modelo de trabalho. Sobre o modelo, foi realizada a montagem diagnóstica dos dentes (Figura 2) para confecção do guia tomográfico (Figura 3), conforme descrito na coluna publicada no último número desta revista2. O guia tomográfico foi feito e o paciente foi encaminhado para realização da tomografia de feixe cônico.

No exame tomográfico (Figura 4), através das medições feitas nos cortes transaxiais, baseados nas posições dentárias do guia tomográfico, foram selecionados os implantes. A altura óssea média da área do enxerto foi de 6,5 mm, por isto foram selecionados três implantes extracurtos de 5 mm e 5,5 mm do sistema de implantes Kort (Dérig Implantes do Brasil – Barueri/SP, Brasil). A preocupação em respeito à razão prótese-implante atualmente não é mais um problema. Uma revisão sistemática mostrou que uma maior razão coroaimplante não influenciou na perda óssea marginal peri-implantar ou na ocorrência de complicações biológicas ou técnicas, além de não afetar no sucesso dos implantes3.

O posicionamento dos implantes no sentido mesiodistal foi determinado pela transferência da posição dos sítios escolhidos na tomografia para o modelo de trabalho. Em seguida, o guia cirúrgico foi feito neste modelo e as posições previamente demarcadas no modelo foram transferidas para o guia cirúrgico (Figura 5). Com o auxílio do guia, os implantes foram instalados nas posições planejadas (Figura 6) e os minipilares cônicos foram instalados com seus protetores (Figuras 7), para funcionarem como cicatrizadores convencionais.

Após o período de osseointegração de três meses, a prótese provisória foi capturada em boca (Figura 8A) e realizada uma radiografia panorâmica para controle (Figura 8B). Depois de um período de adaptação e ajustes na prótese provisória, foi feita a moldagem dos minipilares cônicos para obtenção do modelo de trabalho. Após a confecção, a infraestrutura metálica foi provada em boca e, em seguida, a prótese fixa definitiva foi confeccionada e instalada (Figura 9). Ao final, é possível observar a foto do paciente com sorriso máximo (Figuras 10).

Referências

  1. Pereira RS et al. Five-year follow-up of modified implant-supported overdenture in an iliac crest autograft failure: clinical report. J Craniofac Surg 2013;24(5):e523-6.
  2. Medeiros DZ et al. Guias tomográficas de fácil execução e alta precisão. ImplantNews 2023;8(3):360-1.
  3. Ravidà A et al. Long-term effectiveness of extra-short (≤ 6 mm) dental implants: a systematic review. Int J Oral Maxillofac Implants 2019;34(1):68-84.