Diogo Viegas e Joana Noites apresentam um caso clínico para ilustrar o conceito da interface digital orto-restauradora.
A saúde oral não é apenas um reflexo da saúde geral do ser humano, mas também um indicativo da estética facial e da autoestima1. Dentro do escopo da saúde bucal, o posicionamento adequado dos dentes desempenha um papel fundamental. Dentes mal posicionados são capazes não apenas de afetar a função mastigatória e a fonética, mas também são problemas estéticos e podem até mesmo comprometer futuras intervenções protéticas2-3.
Hoje, em nossa prática clínica, cada vez mais vivenciamos a busca dos pacientes por este tipo de Odontologia integrada orto-restauradora. Os casos de microdontia dos incisivos laterais superiores são os mais frequentes. O primeiro objetivo é criar uma visão do resultado final por intermédio de um enceramento convencional ou de uma simulação digital. A grande dúvida surge em como fazer a gestão de espaço para obter o melhor resultado protético e evitar um sobrecontorno. Para tal, devemos seguir alguns guidelines propostos na literatura por Vincent Kokich, Galip Gurel e Stephen Chu, entre outros.
A Ortodontia, especialidade tradicionalmente encarregada da correção de más-oclusões e alinhamento dentário, tem presenciado inovações revolucionárias nos últimos anos por intermédio da tecnologia. Uma grande inovação foi, sem dúvida, a utilização de alinhadores transparentes. Estes dispositivos oferecem uma alternativa esteticamente agradável e eficiente aos tradicionais aparelhos metálicos4.
Muito além de sua aparência discreta, os alinhadores permitem a utilização de um planejamento digital. A integração entre as diferentes plataformas existentes no mercado (Invisalign Smile Architect, Align – EUA; Maestro 3D, AGE Solutions – EUA) tornou possível, através de simulações, prever o movimento dos dentes e estabelecer um plano de tratamento que considere não apenas o reposicionamento dos dentes, mas também, simultaneamente, uma intervenção protética. Esta sinergia é particularmente benéfica na gestão de espaços protéticos e expectativas do paciente5.
A tecnologia tem permitido a obtenção de um resultado mais previsível, democrático e menos invasivo, comparativamente com a Odontologia analógica. No entanto, o seu turnover é muito rápido, o que a torna facilmente desatualizada e cria uma dependência saudável. Abaixo, apresento um caso clínico para ilustrar o conceito abordado.
Referências
- Militi A, Sicari F, Portelli M, Merlo EM, Terranova A, Frisone F et al. Psychological and social effects of oral health and dental aesthetic in adolescence and early adulthood: an observational study. Int J Environ Res Public Health 2021;18(17):9022.
- Cunningham S, Horrocks E, Hunt N, Jones S, Moseley H, Noar J et al. ABC or oral health. Improving occlusion and orofacial aesthetics: orthodontics. BMJ 2000;321(7256):288-90.
- Kim J, Chu S, Gürel G, Cisneros G. Restorative space management: treatment planning and clinical considerations for insufficient space. Pract Proced Aesthet Dent 2005;17(1):19-25.
- Ke Y, Zhu Y, Zhu M. A comparison of treatment effectiveness between clear aligner and fixed appliance therapies. BMC Oral Health 2019;19(1):24.
- Cunha TMAD, Barbosa IDS, Palma KK. Orthodontic digital workflow: devices and clinical applications. Dental Press J Orthod 2021;26(6):e21spe6.
Coordenação:
Diogo Viegas
Pós-graduado e técnico em Prótese Dentária, doutor em Ciências da Reabilitação Oral e professor assistente convidado de Prótese Fixa e Reabilitação Oral – FMDUL, em Portugal.
Autora convidada:
Joana Noites
Cirurgiã-dentista pós-graduada em Ortodontia.