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Reabilitação Oral e Harmonização Orofacial: uma parceria poderosa

Integração entre Reabilitação Oral e Harmonização Orofacial traz uma vantagem efetiva na busca por soluções melhores para os pacientes. 

Por Adilson Fuzo

Muito tem se falado sobre a Harmonização Orofacial, desde que suas técnicas passaram por um crescimento explosivo do número de praticantes na última década. Depois de enfrentar um exército de críticos, lidar com o preconceito de colegas e vencer uma batalha na Justiça, os adeptos da HOF finalmente puderam respirar aliviados quando o Conselho Federal de Odontologia a reconheceu como especialidade odontológica, em janeiro de 2019.

Com o ânimo renovado, a HOF passou a crescer de forma ainda mais vigorosa no interesse dos pacientes, tornando-se a grande vedete dos tratamentos estéticos que bombam em likes nas redes sociais. Entre os profissionais de saúde bucal, sua popularidade só pode ser comparada aos revolucionários gadgets da Odontologia Digital, com a imensa vantagem de demandar investimentos financeiros bem menores em termos de equipamentos.

De fato, a chegada da pandemia, a partir de março de 2020, atrapalhou o bom momento da HOF. No entanto, nem mesmo o medo de contaminação foi capaz de esfriar totalmente o interesse pela nova especialidade. Prova disso é que os cursos para profissionais de Odontologia continuam sendo ministrados, tanto de forma remota quanto presencial, ainda que de forma reduzida. Além disso, com o apoio dos protocolos de biossegurança para a Covid-19, mais e mais pacientes continuam chegando.

É importante destacar, no entanto, que o valor da HOF está muito além de sua invejável onda de popularidade, uma vez que a nova especialidade propõe uma abordagem mais ampla do que a Odontologia tradicional estava habituada, integrando os dentes, os lábios e a face entre si. Dessa forma, os profissionais da área de Reabilitação Oral e de HOF podem estabelecer uma parceria poderosa.

“A integração das áreas de Implantodontia, Periodontia e Prótese Dentária com a HOF constitui um mecanismo importante para que o cirurgião-dentista consiga resultados satisfatórios”, explicou Larissa Cavalcante, mestra e doutora em Clínica Odontológica pela FOP/ Unicamp e professora associada da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal Fluminense. “A possibilidade de utilização de todos os recursos disponíveis na obtenção de um equilíbrio facial estético interagindo com o sorriso é parte fundamental de um plano de tratamento multidisciplinar, no qual a autopercepção e bem-estar do paciente devem ser levados em consideração de forma primordial”.

Transitando entre dois universos

O grupo seleto de profissionais que atualmente já conseguem transitar entre esses dois universos, integrando as visões da HOF e Reabilitação Oral de forma simultânea, desfruta de uma vantagem efetiva na busca por soluções melhores para seus pacientes. Nesse aspecto, a principal contribuição da HOF para os profissionais que permanecem totalmente concentrados nos aspectos intraorais está em uma avaliação mais completa da face.

“Em uma reabilitação, muitas das respostas para nossas perguntas estão na face do paciente. Sem observar e diagnosticar corretamente a face, podemos começar uma reabilitação de forma errada. A HOF tem uma contribuição importante nesse sentido, pois ela dispõe de ferramentas que nos ajudam nessa avaliação e compreensão sobre a posição dos tecidos duros e moles”, disse Maristela Lobo, doutora em Clínica Odontológica (Dentística Restauradora) e mestra em Odontologia (Cariologia) pela FOP-Unicamp. Além disso, Maristela é especialista em Periodontia pela EAP – APCD Piracicaba. Atualmente, é professora nos cursos de pós-graduação em Odontologia Estética e especialização em Implantodontia no Centro Universitário Senac e coordena a especialização em Harmonização Orofacial com dupla certificação para Aperfeiçoamento em Cirurgia Plástica Periodontal e Peri-implantar pela SLMandic. Maristela também é editora científica da revista Face.

Segundo ela, a contribuição da HOF para a Reabilitação Oral e outras áreas da Odontologia vai além. “A HOF também pode ajudar muito na finalização dos casos. O exemplo mais conhecido são os sorrisos gengivais da Periodontia, que podem ser trabalhados com algumas aplicações de toxina botulínica. No entanto, existem outros recursos e procedimentos em HOF que podem ser utilizados para melhorar os meus resultados em Odontologia tradicional, atendendo à queixa principal do paciente. É por isso que eu acredito que a HOF é uma especialidade para todas as demais especialidades da Odontologia. Sem dúvida, o profissional que incluir a HOF em sua prática clínica se tornará um cirurgião-dentista muito mais completo”.

Figuras 1 a 4: imagens clínicas cedidas por Maristela Lobo.

Oportunidades na finalização de casos

Ainda que alguns procedimentos extraorais com toxina botulínica e preenchedores labiais já fossem executados por cirurgiões-dentistas antes da regulamentação da HOF, a organização de tais terapias e outros procedimentos sob um único guarda-chuva é um fato recente. Como a HOF é uma especialidade muito jovem, estima-se que ainda existam muitas oportunidades a serem descobertas para trabalhos multidisciplinares dentro da Odontologia. No caso específico da reabilitação oral, já existem situações clínicas bem descritas em que as terapias de HOF podem oferecer recursos efetivos para a finalização de casos, conforme descreve Hermes Pretel, mestre, doutor e professor no curso de pós-graduação em Ciências Odontológicas pela FOAr/Unesp. Pretel também é professor e diretor do REO Group, além de colunista da revista Face e membro da Câmara Técnica de Harmonização Orofacial do Crosp.

“Na Implantodontia, por exemplo, a HOF já pode ser utilizada para estabelecer um melhor equilíbrio de forças musculares. É possível fazer um preparativo do paciente na instalação de cargas imediatas ou overdentures, por exemplo. Trata-se de um recurso no qual o profissional proporciona maior conforto e menor risco de fratura dos implantes”, descreve Pretel.

“No campo da Prótese Dentária, o profissional pode utilizar a HOF para obter um melhor equilíbrio do sorriso na finalização dos casos”, continua Pretel. “Também é possível obter bons resultados em preenchimentos de papilas, para solucionar black spaces. Na Periodontia, temos a correção do sorriso gengival associada aos procedimentos de gengivoplastia, na obtenção de uma melhor estética para o zênite dental, que é de extrema importância para o resultado estético final”.

Assim como Periodontia, Prótese Dentária e Implantodontia estão absolutamente entrelaçadas entre si, o caminho a ser percorrido pela HOF mostra que a nova especialidade deverá ser cada vez mais incorporada no dia a dia de todos os profissionais de Odontologia. No entanto, as inúmeras oportunidades – atuais e futuras – de utilizar as técnicas de HOF em situações específicas para melhorar o resultado de tratamentos em outras especialidades representam apenas uma fatia de tudo que essa nova especialidade tem a oferecer. “Além de tantos recursos que a especialidade apresenta, não podemos esquecer que a maior contribuição da HOF é a integração definitiva entre o sorriso e a face. Graças a esse conjunto de ferramentas e à sua nova maneira de enxergar a Odontologia, podemos agora oferecer uma estética orofacial completa”, finalizou Pretel.

Figuras 5 a 9: imagens clínicas cedidas por Hermes Pretel e Matheus Guilherme Lucas, mestre e doutor em Prótese Dentária pela FOAr/Unesp e professor na UniFSP Avaré.