O cirurgião-dentista foi acostumado a acreditar que bastava ser um bom profissional para ter o consultório odontológico cheio e uma vida financeira confortável. Há algumas décadas, isso realmente acontecia, embora hoje exista uma consciência mais clara de que oferecer um bom tratamento não é diferencial. É obrigação.

Com o aumento da competitividade entre os profissionais, houve uma corrida aos cursos de especialização e compra de equipamentos. Embora tais medidas sejam, evidentemente, importantes para a carreira de um profissional, não existe uma correlação direta entre esses esforços e a satisfação daquele desejo por “um consultório cheio e uma vida financeira confortável”.

A questão-chave está na profissionalização da gestão do consultório ou clínica, que deve ser conduzida sob a perspectiva de um negócio como outro qualquer. Evidentemente, é preciso respeitar o Código de Ética Odontológico, principalmente no que diz respeito às restrições às diferentes formas de propaganda, mas o administrador não pode negligenciar a necessidade de divulgação para atrair pacientes.

Assim, a solução para a questão financeira pode ser encontrada em um consultório bem administrado, seja ele próprio ou não. No entanto, mediante a dificuldade de alguns profissionais da Odontologia em conciliar seu perfil técnico com as decisões necessárias para tocar um negócio, a escolha de uma boa franquia pode ser o caminho mais indicado para o sucesso.

O peso das decisões

Em um negócio próprio, o empreendedor tem liberdade e a responsabilidade integral pela decisão sobre o que, onde, por quanto, para quem e como vender. No caso de uma clínica odontológica, a venda deve ser entendida como o atendimento que será prestado ao paciente (cliente). Ou seja, a proposta da clínica é fazer de tudo? Reabilitação com implantes? Só prótese? Só Ortodontia? Terá Harmonização Orofacial? Vai contratar uma equipe ou dividir o espaço com cirurgiões-dentistas parceiros?

Caberá ao cirurgião-dentista empreendedor estabelecer exatamente como a clínica vai funcionar, desde o foco de atuação até o apelo para atrair os pacientes. É preciso criar uma marca, pensar nas ações de divulgação, estabelecer uma estratégia permanente para atrair novos pacientes todos os meses etc.

É preciso definir um perfil de paciente que se deseja atender e estudar as maneiras de melhor se comunicar com ele. Escolher o ponto, cuidar do layout do espaço e de seus aspectos visuais. É necessário contar com uma estrutura mínima de gestão financeira, com software apropriado, e estar permanentemente vigilante para cumprir a legislação fiscal. O seu sucesso será o resultado de sua capacidade de acertar em cada uma dessas decisões (e muitas outras, na verdade), aliado à sua competência para gerenciar sua equipe.

Muitas atividades ficaram de fora deste sobrevoo, mas já é possível perceber que a gestão do consultório odontológico não pode ser encarada de forma despretensiosa. Por isso, optar por uma franquia pode ser um atalho interessante para obter essa profissionalização, embora seja importante compreender que essa opção tem vantagens e desvantagens.

Perfil

Em tese, um investidor de fora da Odontologia também poderia montar uma clínica dentro de uma rede, mas essa é uma exceção. “É mais fácil ensinar gestão para um cirurgião-dentista do que Odontologia para um administrador”, compara Felipe Sapata, Diretor Oral Sin Franchising. “Sabemos que as faculdades não ensinam gestão, portanto é natural que o cirurgião-dentista tenha dificuldade em um ou outro aspecto. Mas se a pessoa tem disposição, ela vai acompanhando nossas orientações, conversando, se desenvolvendo e corrigindo os erros naturalmente”. Diante desse desafio, é possível apontar o perfil do franqueado perfeito? “Já tentamos traçar um perfil que nos ajudasse a entender quem é esse cirurgião-dentista que estaria mais apto a integrar uma rede de franquias, mas acabamos nos deparando com um grupo de pessoas tão diversas que ficou claro que esse perfil do franqueado típico não existe”, revela Sapata. “Nossa conclusão é que não existe um franqueado ideal, e sim uma postura ideal para ser franqueado”.