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Franquias na Odontologia: um bom negócio para muita gente

Com mais de 156 mil unidades, franquias no Brasil faturam R$ 180 bilhões por ano. Afinal, franquias na Odontologia também valem a pena?

Franquias na Odontologia: o momento em que alguém descobre sua vocação para a Odontologia pode ser um dos mais gratificantes de toda a sua vida profissional. Afinal, a arte de criar sorrisos e fazer a vida das pessoas florescer é um combustível poderoso para manter a motivação em alta, principalmente para aqueles que querem dar uma contribuição para a sociedade e ajudar na construção de um mundo melhor.

No entanto, por mais belas e nobres que sejam as intenções de um cirurgião-dentista, ele precisa também pensar em sua carreira, nos seus ganhos financeiros e no seu futuro profissional. Até algum tempo atrás, essa discussão nem mesmo existiria, afinal a Odontologia costumava remunerar relativamente bem, dentro dos padrões brasileiros, e nunca existiu nenhum obstáculo ético que impedisse um bom profissional de conciliar sua realização vocacional com o conforto financeiro.

Atualmente, no entanto, o aumento na competitividade vem exigindo que o cirurgião-dentista profissionalize a gestão de seu consultório. Diante desse desafio, muitos proprietários de consultórios encontraram seu caminho ingressando em uma rede de franquias na Odontologia.

Franquias na Odontologia? Por que não?

O Brasil possui um consistente e bem estruturado mercado de franquias, com mais de 156 mil unidades e 2.600 marcas em operação, responsáveis por um faturamento de mais de R$ 180 bilhões por ano. O primeiro sistema a operar no País foi a escola de idiomas Yázigi Internexus, a partir de 1954, mas o verdadeiro boom aconteceu nas décadas de 1980 e 1990, com a sua profissionalização e um grande número de empresas adotando o modelo. A partir dos anos 2000, o setor amadureceu e continuou crescendo em taxas consistentes, sempre superiores ao nosso Produto Interno Bruto.

A força e a importância das franquias na economia brasileira pode ser avaliada com certa facilidade: elas estão presentes em praticamente todos os segmentos, empregando 1,38 milhão de trabalhadores diretos.

Analisando os dados do terceiro bimestre de 2021, que corresponde aos números mais recentes divulgados, o presidente da Associação Brasileira de Franchising (ABF), André Friedheim, celebrou o desempenho das franquias na recuperação da economia.

“O setor gerou mais de 120 mil postos de trabalho diretos, mostrando a importância das franquias nesta área, principalmente para jovens. Com acesso mais fácil a crédito, menos burocracia e um sistema tributário mais equilibrado, estou seguro de que o setor poderia gerar ainda mais vagas, tendo um peso ainda maior na retomada da economia”, disse o presidente da ABF.

Segundo os números mais recentes da ABF, depois do enorme tombo provocado pela Covid-19 em toda a economia global, o mercado brasileiro de franquias vem mantendo uma significativa trajetória de recuperação nos últimos trimestres, superando levemente o desempenho do mesmo período de 2019. O faturamento no terceiro trimestre de 2019 foi de R$ 47,203 bilhões, recuando para R$ 43,954 bilhões no mesmo período de 2020 e batendo R$ 47,385 bilhões em 2021. Até o fechamento desta edição, a ABF não publicou os números referentes ao ano passado completo.

As pesquisas e sondagens com redes de todo o País apontam que este movimento de recuperação da economia com forte contribuição das franquias está muito ligado à gradual retomada das atividades nas empresas e da vida social, com o consumidor retomando hábitos até mesmo em áreas como alimentação fora do lar e turismo. Os shoppings vêm registrando recuperação na movimentação de pessoas, assim como os aeroportos. Adicionalmente, os canais digitais se mantêm aquecidos, principalmente no delivery, em que existe uma convivência entre atividades e serviços on-line e presenciais, conforme o contexto de cada rede, cidade e mercado.

Existe um grande otimismo para 2022. “A digitalização e os ajustes realizados pelas redes durante a pandemia mantêm um papel muito importante, mas vemos também movimentos mais intensos na área de expansão de unidades e contratação de mão de obra, mostrando que o setor segue rumo a um cenário de maior movimentação”, disse Friedheim.

Faturamento do setor (R$)*

*Acumulado de 12 meses com base nos dados do terceiro trimestre. Fonte: ABF.


Comparação com o mercado financeiro

Sem dúvidas, ingressar em uma franquia é também uma forma de investimento. No entanto, é um equívoco frequente querer comparar os rendimentos de uma determinada aplicação financeira, como poupança, fundos ou títulos, por exemplo, com os percentuais de lucratividade previstos de uma franquia. Além dos diferentes níveis de risco que cada investimento envolve, a comparação é impossível porque a franquia só terá lucro se o dono do dinheiro trabalhar por diversas horas para que aquele resultado financeiro seja alcançado. Na aplicação financeira, por outro lado, o dinheiro “trabalha sozinho”.

Segundo o consultor de investimentos e palestrante Gustavo Cerbasi, se você considerar o custo do trabalho dedicado por esse investidor, o detentor de uma única franquia teria resultados financeiros menores do que uma aplicação financeira comum. “A menos que ele tenha diversas unidades, uma rede de franquias, aí sim existe uma chance maior de ser um negócio lucrativo”.

Cerbasi explica que o custo da gestão de uma empresa, seja negócio próprio ou franquia, deve constar como pró-labore na folha de pagamentos. Algumas franquias não consideram essa necessidade, o que significa que a lucratividade calculada no fim do exercício acaba se misturando com a remuneração do gestor, ou seja, não retrata exatamente a realidade.

Por outro lado, ainda na análise de Cerbasi, quando o proprietário já conseguiu montar várias unidades de uma determinada franquia, o tempo dedicado do gestor é dividido para cada ponto de venda, diluindo os custos, tornando a lucratividade do conjunto mais interessante. “Algumas marcas mais tradicionais do mundo das franquias exigem que, para se tornar um franqueado, o interessado seja obrigado a comprar cinco ou seis unidades, pelo menos, para que seja rentável e ele veja o resultado”, revela o consultor.

ABC das franquias

Um breve descritivo dos termos utilizados para você compreender melhor o funcionamento das franquias.

Franqueador – Pessoa jurídica que é dona de determinada marca ou propriedade intelectual e que vai comercializar sua utilização a partir da criação de uma rede de franquias.

Franqueado – Pessoa física ou jurídica que adere à rede de franquias idealizada pelo franqueador.

Taxa de franquia (franchise fee ou taxa inicial) – É um valor pago no início do contrato ao franqueador para aderir ao sistema. Esta taxa também remunera o franqueador pelos serviços inicialmente oferecidos ao franqueado. Alguns franqueadores cobram um percentual da taxa de franquia no momento da renovação do contrato.

Taxa de royalties – Remuneração periódica paga pelo franqueado pelo uso da marca e serviços prestados pelo franqueador. Geralmente é cobrado um percentual sobre o faturamento bruto.

Taxa de publicidade – Taxa mensal que custeia despesas da rede com publicidade e propaganda. Normalmente é cobrada como um percentual calculado sobre o faturamento, mas também pode ter valor fixo.

Fundo de propaganda (ou fundo de promoção) – Montante referente à soma das taxas de publicidade coletadas na rede. O fundo deve ser utilizado para ações de marketing que beneficiem toda a rede. Em geral, o franqueador é o administrador do fundo, mas ele deve prestar contas aos franqueados de como a verba é utilizada.

Prazo de retorno – É o período médio estimado pelos franqueadores para que o franqueado possa recuperar o dinheiro inicial investido.

Capital de giro – Assim como no caso da gestão de qualquer empresa, trata-se do valor disponibilizado para as operações rotineiras do negócio, tais como a manutenção do estoque e o pagamento de salários. A diferença é que, no sistema de franquias, esse valor é determinado de forma obrigatória pelo franqueador.

Conselho de franqueados – Tem caráter consultivo e é constituído pela franqueadora e por um grupo de franqueados, principalmente para a administração do fundo de propaganda.

Circular de Oferta de Franquia (COF) – Documento que resume todas as informações sobre a franquia que são divulgadas obrigatoriamente ao franqueado. Os itens divulgados são determinados pela lei das franquias. O COF deve ser entregue ao franqueado, no mínimo, dez dias antes da assinatura do contrato, como prevê a legislação.

AS 20 MAIORES FRANQUIAS DO BRASIL EM NÚMERO DE UNIDADES*

*Dados referentes a 2020. Fonte: ABF.

 

Tipos de franquias

O mercado de franquias amadureceu muito nos últimos anos. Atualmente, existem diferentes modelos de negócio que um franqueado pode assumir.

Franquia unitária – Trata-se do modelo mais tradicional, em que existe a cessão de direito para abertura de uma unidade, com exclusividade de atuação em local determinado pelo franqueador. Exemplo: loja ou quiosque em um shopping center. Evidentemente, o franqueado ainda pode adquirir outras unidades desta mesma franquia em pontos comerciais diferentes, conforme sua capacidade financeira e seu apetite por expandir os negócios.

Franquia master – Modelo de negócio em que um investidor adquire o direito de subfranquear uma determinada marca para outros empreendedores. É utilizado comumente para expandir uma determinada franquia em uma determinada região. Exemplo: uma rede de lanchonetes norte-americana que vende os direitos de explorar sua marca para uma grande empresa brasileira, que se encarregará de implantar uma rede de lojas no Brasil, com subfranquias vendidas a outros empreendedores menores.

Franquia de desenvolvimento de área – Cessão de direito para exploração de uma determinada região. Além das lojas próprias, o desenvolvedor de área também pode vender unidades em sua região, recebendo parte do valor da taxa de franquia e dos royalties. A principal diferença deste modelo com o de franquia master é que os contratos para cada unidade aberta são sempre assinados diretamente com o franqueador principal.

Microfranquias – Modelo com baixo custo operacional e operação simplificada, cujo investimento inicial é de R$ 90 mil. O faturamento esperado também é bem menor. As atividades podem ser realizadas pelo próprio franqueado e, muitas vezes, sem exigência de um ponto comercial. Existem casos em que o franqueado pode operá-la de sua própria residência ou se deslocar até o endereço do cliente para atendê-lo, sendo, nestes casos, chamadas de “home based”.