Ivete Sartori mostra como a utilização do scanner intraoral simplifica a realização de próteses implantossuportadas.
Quando realizamos reabilitações de arco total implantossuportadas em cerâmica, o uso da prótese provisória é altamente recomendado por vários motivos. O primeiro deles é a rapidez da confecção, uma vez que normalmente colocamos em carga imediata para recompor de maneira rápida o edentulismo. Além disso, a prótese provisória tem um importante papel na confirmação da estética, da dimensão vertical de oclusão a ser estabelecida e também pela possibilidade de se realizar ajustes e avaliar a adaptação do paciente à mesma. Além disso, a prótese provisória serve como referência para a confecção da definitiva. Se considerarmos a limitação que a cerâmica apresenta em relação ao número de queimas, fica fácil entender a necessidade de estabelecimento de todos os detalhes previamente, em uma prótese provisória que tenha ficado instalada em boca, em função, por um determinado período.
A Reabilitação Oral sempre entendeu a importância de todos esses fatores. Poder passar todas as características dessa provisória ao laboratório, para orientar em todas as etapas de confecção da prótese definitiva, faz com que o procedimento se torne mais rápido e seguro. Isso sempre foi recomendado, tanto para próteses dentossuportadas como implantossuportadas.
Nas próteses implantossuportadas, a maneira utilizada para realizar o procedimento de maneira analógica consiste em obter o modelo utilizando os transferentes dos intermediários e realizar a montagem do mesmo em articulador semiajustável utilizando a própria prótese provisória. Faz-se a tomada do arco facial em posição. No laboratório, a prótese é parafusada no modelo, posicionada no garfo e realiza-se a montagem do modelo superior. Depois, o articulador é invertido, a prótese provisória é relacionada ao modelo inferior, unida ao mesmo, e procede-se à montagem do modelo antagonista. Após a presa do gesso, são realizadas marcações na parte externa do modelo e realiza-se um molde da prótese relacionada ao modelo.
Esse molde funciona como um índex, permite que se verta cera para obter o formato vestibular e incisal da prótese provisória. No entanto, ainda há dificuldade de realizar a cópia do guia anterior, do trajeto do guia. Para isso, será necessário proceder a personalização do guia anterior utilizando resina na mesa incisal do mesmo. Sendo assim, apesar de eficiente, a técnica demanda muito tempo clínico e laboratorial, e exige que o paciente permaneça no consultório enquanto sua prótese provisória é utilizada.
Com o advento do scanner intraoral, esse procedimento tornou-se mais simplificado. Podemos realizar o escaneamento da prótese provisória em boca (Figura 1). Depois, podemos escanear o formato dos tecidos moles (Figura 2) e, em seguida, instalar os transferentes de escaneamento e escanear a arcada (Figura 3). Enviamos ao laboratório fotos de rosto inteiro da paciente com a prótese provisória instalada, para que o arco facial virtual possa ser posicionado. Dessa maneira, o CAD da prótese definitiva é executado exatamente como era a prótese provisória (Figuras 4 e 5).
Com o advento das cerâmicas monolíticas, toda a superfície oclusal e palatina pode ser fresada no material. É realizada apenas uma redução da parte vestibular para aplicação da cerâmica feldspática, a porcelana (Figura 6). Dessa forma, existe uma perfeita transferência das superfícies oclusais e palatinas, transferindo o formato do guia anterior que estava ajustado (Figuras 7 e 8).
Não há como negar o benefício que as ferramentas digitais, como o scanner intraoral, têm trazido às reabilitações. Viva a tecnologia digital!
Ivete Sartori
Mestra e doutora em Reabilitação Oral – Forp/USP; Professora dos cursos de especialização em Implantodontia – Fundecto-USP/SP, dos cursos de mestrado e doutorado da Faculdade Ilapeo, dos cursos de aperfeiçoamento em Implantodontia da APCD (Bauru) e da Clínica Mollaris, em Portugal.
Orcid: 0000-0003-3928-9430.