Fábio Bezerra destaca a importância do cirurgião-dentista buscar a atualização constante de conhecimentos, entender responsabilidades e limites.

Cada vez mais as conexões entre profissionais e pacientes se dão por diversos canais digitais, extrapolando, muitas vezes, o ambiente do consultório odontológico e sendo comum a troca de mensagens por redes sociais, aplicativos como o WhatsApp e e-mails. Esta omnicanalidade, ou estratégia integrando diferentes canais de comunicação e divulgação, tem o objetivo de conseguir a melhor qualidade no atendimento e a prestação de serviço odontológico humanizado e de excelência. No entanto, esta prática deve ser utilizada com cautela, pois é regulamentada por órgãos competentes e gera uma linha tênue entre a prestação de serviços e ações de marketing com finalidade comercial, com potencial para infringir as regras da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei no 13.709/2018 – e o Código de Processo Ético Odontológico (Resolução CFO-201, de 10 de abril de 2019).

Um dos bons exemplos para aproximar profissionais e pacientes é a Resolução CFO 226/2020, que regulamenta os limites para a prestação da Odontologia à distância mediada por tecnologias – ou Teleodontologia –, vedando sua utilização para fins de consulta, diagnóstico, prescrição e elaboração de plano de tratamento odontológico, e que libera esta tecnologia para o atendimento de pacientes que já estão em tratamento e estão impossibilitados de voltar ao consultório, por algum motivo, sendo que este atendimento deverá ser registrado em prontuário e remunerado (Lei 5.081/1966).

Não há dúvidas de que a prestação de serviços odontológicos à distância, realizada através de videochamadas, é extremamente útil em viagens do profissional ou do paciente, orientações iniciais em quadros de urgências odontológicas ou até para orientações aos familiares em relação a cuidados pós-operatórios ou medicações prescritas. Trata-se de uma ferramenta poderosa que aproxima profissionais e pacientes, com o objetivo principal de prestação de serviço qualificado e humanizado. Devemos estar aptos a prestar este tipo de atendimento através de agendamento de horário prévio com o paciente, informação do valor da consulta e solicitar autorização para que seja feita a consulta com a habilitação do vídeo, pois permite avaliar melhor as expressões do paciente e uma inspeção visual local superficial, sobretudo em casos de traumas, edemas externos e trismos, entre outros.

Dentro do cenário tecnológico atual, em que o cirurgião-dentista e sua equipe estão cada vez mais conectados aos pacientes através de mensagens de texto, imagens e vídeos usando aplicativos em diversas plataformas, é importante buscar a atualização constante de conhecimentos, entender responsabilidades e limites, e, sobretudo, usar estas novas tecnologias para encurtar distâncias e sincronizar agendas visando à melhora da saúde bucal e qualidade de vida dos nossos clientes.