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A osseointegração dos implantes com superfície hidrofílica

Elcio Marcantonio Jr. e Ísis de Fátima Balderrama relatam que implantes com superfície hidrofílica favorecem o processo de osteogênese.

A topografia e as propriedades físico-químicas da superfície dos implantes dentários são aspectos importantes e fundamentais nos estágios iniciais da osseointegração1. Uma evolução constante por modificações dos implantes de titânio é uma estratégia chave utilizada a fim de aprimorar o fenômeno da Osseointegração2. Uma das modificações aplicadas determina o aumento na rugosidade da superfície dos implantes, demonstrando uma melhor biocompatibilidade através de uma significante interferência na morfologia e comportamento celular, favorecendo e acelerando o processo de osseointegração3-4.

Tais alterações nas propriedades hidrofílicas resultam de modificações quimicamente ativas4-5 a partir de uma combinação tratamentos no implante pelo jateamento de sua superfície e realização de ataque ácido. Outra iniciativa é a preservação do implante imerso em solução líquida de cloreto de sódio para a manutenção das camadas de óxido até o momento da sua instalação, evitando a exposição da superfície ao ar atmosférico, aumentando a molhabilidade da superfície quando em contato com o sangue6-7.

A propriedade hidrofílica favorece o processo de osteogênese8, assim como promove uma diferenciação e agregação celular quando em contato osso-implante, principalmente em estágios precoces da osseointegração9. Tal período ocorre entre 14 e 21 dias com uma rápida osteogênese ao redor dos implantes. As superfícies hidrofílicas apresentam resultados mais vantajosos quando comparadas com a superfície que passou por jateamento e ataque ácido9 e com a superfície lisa10.

Um estudo pré-clínico mostrou que, após a instalação de implantes com superfície hidrofílica e lisa em áreas previamente enxertadas com osso bovino mineral ou com osso sintético, foi evidenciada uma osseointegração mais rápida para a superfície hidrofílica no período de 15 a 45 dias10. Da mesma maneira, em estudos clínicos, a superfície hidrofílica demonstrou uma osseointegração mais rápida quando comparada com a jateada e o ataque ácido, sendo que o ganho de estabilidade foi 2,24 vezes maior para o implante hidrofílico após cinco semanas da instalação dos implantes em regiões de maxila edêntula11. Assim como em áreas de mandíbula posterior, também foi possível identificar uma maior estabilidade clínica durante o período de seis semanas de cicatrização para os implantes hidrofílicos12. De forma complementar, outro estudo com acompanhamento de três anos demonstrou uma integração tecidual óssea satisfatória em áreas de mandíbula posterior4.

Já para área retromolar, onde o implante foi instalado, a osseointegração após quatro semanas foi superior para a superfície hidrofílica quando comparada com a superfície jateada e ataque ácido; porém, a cicatrização demonstrou similares características histológicas aos sete e 42 dias para ambas as superfícies13.

Vale salientar que esses aspectos positivos da superfície hidrofílica são relevantes para casos clínicos com indivíduos com problemas sistêmicos, como diabetes tipo 2. Um estudo clínico evidenciou que a estabilidade do implante hidrofílico instalado em mandíbula posterior foi positiva através dos resultados satisfatórios após 16 semanas, quando comparado com o não hidrofílico14.

Referências

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2. Alfarsi MA, Hamlet SM, Ivanovski S. Titanium surface hydrophilicity enhances plate-let activation. Dent Mater J 2014;33:749-56.
3. Anselme K, Davidson P, Popa AM, Giazzon M, Liley M, Ploux L. The interaction of cells and bacteria with surfaces structured at the nanometre scale. Acta Biomater 2010;6(10):3824-46.
4. Bornstein MM, Wittneben JG, Brägger U, Buser D. Early loading at 21 days of non-submerged titanium implants with a chemically modified sandblasted and acid-etched surface: 3-year results of a prospective study in the posterior mandible. J Periodontol 2010;81(6):809-18.
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7. Sartoretto SC, Alves AT, Resende RF, Calasans-Maia J, Granjeiro JM, Calasans-Maia MD. Early osseointegration driven by the surface chemistry and wettability of dental implants. J Appl Oral Sci 2015;23(3):279-87.
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10. Pinotti FE, de Oliveira GJPL, Aroni MAT, Marcantonio RAC, Marcantonio E Jr. Analysis of osseointegration of implants with hydrophilic surfaces in grafted areas: A Preclinical study. Clin Oral Implants Res 2018;29(10):963-72.
11. Novellino MM, Sesma N, Zanardi PR, Lagana DC. Resonance frequency analysis of dental implants placed at the posterior maxilla varying the surface treatment only: a randomized clinical trial. Clin Implant Dent Relat Res 2017;19(5):770-5.
12. Velloso G, Moraschini V, Barboza ESP. Hydrophilic modification of sandblasted and acid-etched implants improves stability during early healing: a human double-blind randomized controlled trial. Int J Oral Maxillofac Surg 2019;48(5):684-90.
13. Lang NP, Salvi GE, Huynh-Ba G, Ivanovski S, Donos N, Bosshardt DD. Early osseointegration to hydrophilic and hydrophobic implant surfaces in humans. Clin Oral Impl Res 2011; 22(4):349-56.
14. Khandelwal N, Oates TW, Vargas A, Alexander PP, Schoolfield JD, Alex McMahan C. Conventional SLA and chemically modified SLA implants in patients with poorly controlled type 2 Diabetes mellitus – a randomized controlled trial. Clin Oral Implants Res 2013;24(1):13-9.