Luis Calicchio mostra a importância da Odontologia na era dos dados em diversas áreas de atuação, como Ortodontia, Odontologia restauradora e radiologia.
A tecnologia está a cada dia mais presente dentro dos consultórios e laboratórios, representada não somente em forma de ferramentas, mas também em fluxos de trabalho e meios de comunicação. E tudo isso, em um primeiro momento, já parece ser a grande revolução pela qual estamos passando, mas na realidade a grande revolução ainda está por vir.
O primeiro estágio da digitalização de um mercado é a introdução das ferramentas. Logo em seguida, com a aderência de novos usuários, estas ferramentas são responsáveis pela mudança comportamental e dos hábitos dos usuários, sedimentando a mudança e colocando em xeque a antiga forma de se fazer as coisas. Pronto, o novo passa a ser a realidade.
Com o crescimento em escala no número de pessoas que aderiram à nova realidade, a tecnologia começa a fazer sua grande transformação. Entramos no terceiro estágio, em que as informações obtidas – conhecidas como dados – são minuciosamente analisadas para que possam ajudar nas tomadas de decisões. Estamos falando da inteligência artificial e do machine learning, conceitos em que máquinas passam a aprender com os dados obtidos das ferramentas digitais e passam a desenvolver atividades que antes eram executadas apenas por seres humanos. E como isso está presente na Odontologia?
Vamos para a prática: quem se lembra da introdução dos alinhadores transparentes no mercado odontológico no início dos anos 2000? Prática em que os dentes eram movimentados em um software através de coordenadas dadas pelo cirurgião-dentista e placas de acetato eram desenvolvidas para garantir que a movimentação virtual acontecesse na vida real. Lembro-me bem da frustração com os resultados obtidos nos primeiros casos clínicos, pois aquilo que planejávamos não acontecia na prática. Vinte anos depois, o que vemos são os alinhadores entregando resultados incríveis. Ainda surpreendente é que hoje o computador sugere opções de movimentações para a resolução do caso, e em inúmeras vezes eu não preciso fazer ajuste do que me foi sugerido.
Está aí a aplicação da inteligência artificial e machine learning na Odontologia. Os dados nos casos clínicos foram acumulados por 20 anos e processados pelas máquinas como aprendizado e desenvolvimento para a entrega de um planejamento assertivo. É a vida do cirurgião-dentista ficando mais fácil. É a tecnologia permitindo que profissionais sem tanta bagagem profissional possam entregar resultados melhores aos seus pacientes. É a tecnologia levando excelência aos resultados da Odontologia.
A utilização dos dados não está limitada à Ortodontia. Na Odontologia restauradora, a captura de dados em casos clínicos solucionados pelo fluxo digital já vem mostrando resultados incríveis. Softwares de desenho 3D já utilizam bibliotecas de dentes naturais (forma original do dente) e de informações da face do paciente para sugerir ao cirurgião-dentista a forma mais adequada na construção personalizada de um novo sorriso.
Os dados capturados a cada escaneamento permitem ao profissional acompanhar de maneira minuciosa qualquer mudança ocorrida, como retrações gengivais, perda de estrutura mineralizada (esmalte) e mudanças oclusais. Assim, a inteligência artificial e o machine learning permitem que mais cirurgiões-dentistas e técnicos possam confeccionar restaurações de excelência para seus pacientes.
Na radiologia, a inteligência artificial já é capaz de analisar as radiografias e elaborar diagnósticos precisos dos achados radiográficos – uma segurança incrível que diminui o risco de um profissional inexperiente deixar passar algum sinal importante para a saúde de seu paciente.
Além de tudo isso, muitas outras coisas estão acontecendo em nosso mercado quando pensamos em dados. Eu, particularmente, sou um apaixonado e um estudante assíduo desta evolução dos dados no nosso mercado. Acredito que muitos benefícios estão por vir e devemos abraçar essas mudanças para que nossa profissão possa continuar a passos largos no processo de digitalização. Não devemos ter medo da tecnologia, devemos aceitá-la, entendê-la e tirar o máximo proveito desta revolução.