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Diagnóstico labial: foco nas disfunções periorais, assimetrias e lábio duplo

Maristela Lobo ressalta que os cirurgiões-dentistas precisam estar treinados a identificar e a diagnosticar corretamente problemas como assimetrias. 

Podemos considerar os lábios como a moldura de uma obra de arte: o sorriso. Tais como as telas pintadas, que podem ser valorizadas com uma bela moldura, assim é o lábio que, ao “descortinar-se” de maneira ordenada, revela a beleza dos dentes e do periodonto. Em outras palavras, a percepção da estética intraoral (microestética) depende diretamente da composição perioral (miniestética), ou seja, dos lábios.

Situações como assimetrias estáticas e/ou dinâmicas, pregas subnasais, lábios duplos, disfunções dos músculos periorais (tanto hipermobilidades quanto hipotonias) e cicatrizes podem comprometer sobremaneira a percepção de um sorriso esteticamente agradável, uma vez que impactam diretamente a sua moldura (Figuras 1 a 4). Nós, clínicos, precisamos estar treinados a identificar e a diagnosticar corretamente tais problemas. Vou tentar ajudá-los nesta questão.

Figuras 1 – Aqui estão três exemplos de pacientes cujas queixas em relação ao sorriso se relacionam a questões labiais que nem sempre são diagnosticadas de maneira fácil. O ponto em comum é o desejo de melhora da estética do sorriso. Farei a descrição de cada problema nas figuras a seguir.

Figuras 2 – Neste sorriso, três questões comprometem a estética. A primeira é a perda de estrutura dental por desgaste; a segunda é a exposição excessiva de gengiva na região posterior da arcada superior, bilateralmente; e a terceira se relaciona com os lábios – presença de lábio duplo superior e hipermobilidade do músculo depressor do lábio inferior direito, resultando em maior exposição de dentes inferiores deste mesmo lado ao sorrir. O desenho da moldura labial fica comprometido por essas duas situações.

Figuras 3 – Essa paciente também apresenta hipermobilidade do músculo depressor do lábio inferior direito, resultando em dissonância da curva do lábio inferior em relação à curva do lábio superior. A exposição assimétrica dos dentes inferiores do lado direito, ao sorrir, gera insatisfação.

Figuras 4 – Nesse sorriso, o paciente apresenta, além da desarmonia dentária por desgaste, uma queda dos tecidos periorais do lado esquerdo, com maior volume de eversão labial superior e inferior desse mesmo lado associada à hipermobilidade do músculo depressor do lábio inferior esquerdo, o que resulta em maior exposição de dentes inferiores deste lado.

É importante diagnosticar, uma vez que a grande maioria das questões labiais tem solução clínica, qual delas contribui para a entrega de um sorriso bem mais harmonioso. As abordagens podem envolver queiloplastias, periodontoplastias, neuromodulação com toxina botulínica, preenchimentos e reposicionamentos teciduais em harmonização orofacial.

Na maioria dos casos de assimetria labial, existe uma disfunção da musculatura perioral, e o entendimento da fisiologia muscular correta dessa região, bem como das alternativas de regularizar o funcionamento muscular através de neuromodulação (toxina botulínica) ou miomodulação (uso de preenchedores), se faz necessário. Um exemplo simples de solução de um dos casos apresentados previamente está descrito nas Figuras 5 e 6.

Nas próximas colunas, discutirei outros casos de resolução multidisciplinar de pacientes cuja queixa estética envolve questões relacionadas aos lábios.