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Abross23 volta a reunir a elite da Implantodontia brasileira

Em três dias dedicados ao melhor da Reabilitação Oral com Implantes, o Abross23 recebeu mais de 1.900 participantes e contou com grandes nomes da especialidade.

Após uma pausa forçada de cinco anos, por conta da pandemia de Covid-19, o mundo da Reabilitação Oral com Implantes voltou a se reunir no XIV Encontro Internacional da Academia Brasileira de Osseointegração, o Abross23. Realizado entre os dias 21 e 23 de junho, no Distrito Anhembi, em São Paulo, o maior evento da especialidade em 2023 congregou grandes nomes da Implantodontia brasileira, temas atuais e debates sobre técnicas, procedimentos e recursos digitais nos vários campos da especialidade.

Promovido pela Abross e realizado pela VMCom, o evento contou com a participação de mais de 1.900 profissionais da Implantodontia, que vieram de 25 estados brasileiros e de três países diferentes para acompanhar de perto as discussões sobre os caminhos que a especialidade deve seguir nos próximos anos.

Um dos pontos altos do Abross23 foi a grade científica, que valorizou formatos diversos, dinâmicos e interativos. Ao todo, o evento contou com mais de 70 atividades, entre módulos temáticos, corporate sessions, hands-on e conferências especiais, além de disponibilizar painéis científicos por acesso digital com mais de 100 trabalhos atuais sobre pesquisa clínica e científica.

Importantes nomes da Reabilitação Oral em todo o mundo se apresentaram no Abross23. Anton Sculean (Suíça), Joseph Kan (EUA), Fernando Guerra (Portugal), Ana Messias (Portugal), Miguel Stanley (Portugal), Francisco Marchesani (Chile) e Rodrigo Kaiser (Chile) compartilharam conhecimento no auditório Celso Furtado. Juntaram-se a eles renomados especialistas brasileiros, que têm colocado a Implantodontia nacional entre as mais relevantes do cenário internacional.

De acordo com Elcio Marcantonio Junior, presidente do Abross23, o encontro entregou aos congressistas o que há de melhor na Implantodontia atual, desde os conceitos clínicos até a utilização das mais novas ferramentais digitais. “Eu considero que o Abross23 foi um sucesso. A grade científica teve um alto nível, com grande variedade de temas, aplicação clínica e embasamento científico”, explicou.

Outro destaque do evento foi a ExpoAbross23, feira promocional do encontro, que registrou uma grande movimentação ao longo de seus três dias.

Foram 68 empresas participantes, que atraíram a atenção do público com lançamentos, palestras e demonstrações de produtos e serviços. A seguir, confira os pontos de destaque da programação científica.

Conferências especiais

Manejo tecidual para defeitos peri-implantares
Na abertura das atividades, Anton Sculean (Suíça) abordou o impacto dos defeitos peri-implantares sobre a saúde e a estética peri-implantar. Em uma aula objetiva, o professor suíço apresentou, de forma gradual, todas as técnicas para o tratamento dos defeitos de tecidos moles peri-implantares ao redor de dentes e implantes. Sculean comparou os enxertos autógenos de tecido mole e apresentou os fatores de risco para o tratamento de recessões, assim como o prognóstico provável, dependendo do planejamento tridimensional desses implantes. Ele ainda destacou a importância do planejamento cirúrgico-protético, que possibilita a previsão da necessidade de realizar o aumento de tecido mole ao redor dos implantes osseointegrados.

Substituição dentária imediata na zona estética: 25 anos de aprendizado
Joseph Kan (Estados Unidos) compartilhou sua larga experiência de mais de duas décadas com implantes imediatos, analisando os procedimentos, técnicas e abordagens mais promissoras neste período. Durante sua apresentação, o professor norte-americano destacou passagens importantes do trabalho de implantes imediatos, como a necessidade de presença de osso intermediário entre os dentes para obtenção de papila, e a atenção para o preenchimento do gap (em dupla camada, dentro do gap e na área crestal do tecido, para ter contorno gengival), além do “pescoço” de tecido conjuntivo livre. Comentou, ainda, que os defeitos ósseos mais largos são mais difíceis de controlar em implantes imediatos do que defeitos mais profundos, já que têm uma base crestal de apoio mais afastada.

Módulo 1: Tratamento das complicações em Implantodontia

Na abertura do módulo, Marco Bianchini debateu as melhores opções para a realização do tratamento cirúrgico da peri-implantite, compartilhando sua experiência no tema.

O chileno Rodrigo Kaiser falou sobre a Implantodontia 3.8, ressaltando a necessidade dos cirurgiões-dentistas estarem prontos para a atualização e reduzindo, assim, as complicações cirúrgicas e protéticas.

Na sequência, Alfredo Mikail discutiu os insucessos mais frequentes na instalação de próteses em zircônia, trazendo relatos clínicos para os congressistas.

Fernando Costa Jr. apresentou as novas práticas na Implantodontia a laser, debatendo as tendências, a inovação envolvida e a realidade dos procedimentos na atualidade.

Finalizando o módulo, Luiza Marcantonio discorreu sobre as principais complicações na atuação dos profissionais de Implantodontia e suas consequências jurídicas.

Módulo 2: Desafios estéticos e biológicos após complicações peri-implantares

Sob o tema “O que devemos fazer quando condenamos os implantes com peri-implantite”, Sérgio Jayme discutiu a importância do manuseio de tecidos moles, especialmente para recobrimento de altura ou espessura ganha, e sutura para regeneração óssea guiada, com a apresentação de dois casos clínicos.

Já Elcio Marcantonio Jr. abordou a prevenção e o tratamento de problemas nos tecidos moles, com conceitos como o aumento da espessura da mucosa com tecido conjuntivo e a colocação do provisório, devolvendo o ponto de contato.

Jamil Shibli, por sua vez, falou sobre o tratamento de defeitos ósseos utilizando impressão 3D. Em sua apresentação, o professor mostrou as indicações para o uso de impressões em bloco, deu dicas sobre blocos customizados e cuidados com fresadora, sinterização, esterilização e limites anatômicos.

Módulo 3: Emergência protética biologicamente guiada:
(re)pensando as técnicas reabilitadoras

Na abertura do segundo dia do encontro, Miguel Stanley (Portugal) apresentou alguns protocolos avançados que envolvem a cicatrização óssea, enfatizando a necessidade da avaliação sistemática dos pacientes, principalmente com a verificação dos níveis de vitamina D. De acordo com o professor português, quando estes índices são baixos, podem influenciar negativamente a cicatrização dos tecidos.

Na sequência, Fausto Frizzera abordou as complicações estéticas no tecido peri-implantar, mostrando a importância de um adequado perfil de emergência para alcançar a estética e evitar complicações nos tecidos peri-implantares. Em sua apresentação, Marcelo Calamita enfatizou quais os principais parâmetros biológicos, estruturais, funcionais e estéticos que o profissional deve conhecer e respeitar quando realiza os preparos dentários.

Já Geninho Tomé trouxe as principais inovações e soluções para a reabilitação com implantes dentários, com indicações para carga imediata em arcos totais, parciais ou unitários, utilizando os implantes de titânio regulares, short, narrow, zigomáticos e também nos implantes cerâmicos Zi. O professor ainda destacou uma nova solução para captura imediata da prótese total em reabilitação de arco total para otimizar os resultados clínicos.

Sob o tema “Pilar personalizado em zircônia sobre base de titânio na zona estética”, Cícero Dinato debateu as indicações, vantagens e previsibilidade da utilização de pilares personalizados em zircônia sobre base de titânio, especialmente em casos estéticos.

Para finalizar o módulo, Maristela Lobo discutiu a importância da inter-relação entre Periodontia e Odontologia Restauradora na obtenção do sucesso clínico e longevidade dos resultados.

Módulo 4: Regenerações teciduais guiadas: o que falta para avançarmos?

Ricardo Magini apresentou os grandes avanços técnicos e científicos nas terapias regenerativas, bem como as membranas inteligentes que se apresentam como novas alternativas e com possibilidades de revolucionar as reparações teciduais.

Na sequência, Renata Cimões discorreu sobre o tratamento da peri-implantite, abordando as possibilidades de regeneração tecidual e evidenciando a importância da compreensão dos processos patológicos e biológicos que envolvem esses procedimentos, estabelecendo parâmetros e modalidades terapêuticas que conduzam o restabelecimento anatômico e funcional das áreas comprometidas.

José Alfredo Mendonça presenteou os congressistas com apresentação sobre as grandes sequelas e áreas críticas que exijam regenerações ósseas guiadas, sempre com atenção especial para o desafio da manutenção e otimização da estética rosa nos procedimentos, dando mais previsibilidade e resultados favoráveis nas reabilitações.

Marcelo P. Nunes enfatizou a importância do conhecimento de princípios e protocolos cirúrgicos de regenerações ósseas guiadas em áreas estéticas, decorrentes de sequelas por procedimentos cirúrgicos anteriores. De acordo com o professor, gerenciar as variáveis e estar atento aos mínimos detalhes são fundamentais para uma reabilitação bem sucedida, com resultados impactantes e que sejam sustentáveis à longo prazo.

Marcelo De Faveri fez uma explanação sobre a nova perspectiva em regenerações ósseas apresentando a Técnica de Khoury modificada, em que lâminas xenógenas podem mimetizar as lâminas autógenas utilizadas na técnica convencional diminuindo o grau de morbidade dos pacientes.

Vanessa Frazão debateu a biologia óssea e tecidual que envolve as regenerações, tanto no leito receptor quanto em detalhes dos fenômenos clínicos e histológicos da regeneração óssea, convidando os congressistas para uma “viagem” para dentro do novo tecido formado, com a descrição de todos os eventos do metabolismo ósseo.

Por fim, Alexandra Dias abordou o preparo dos sítios a serem reparados e as possibilidades e resultados promissores com a utilização de biológicos ( EDTA 24% – Amelogeninas) nas terapias regenerativas periodontais.

Módulo 5: Aumentos ósseos verticais e horizontais: o que podemos fazer hoje?

A abertura dos trabalhos do terceiro dia ficou por conta de Sérgio Luiz Scombatti, que discorreu sobre a reconstrução horizontal por meio da utilização de biomateriais osteocondutores associados a moduladores biológicos, inclusive os agregados plaquetários e fatores de crescimento.

Com foco nas reconstruções teciduais em 4D de casos complexos, Andrés Landázuri apresentou uma extensa aplicabilidade clínica das técnicas reconstrutivas com biomateriais, sempre baseada em evidências clínico-científicas.

Abordando o questionamento sobre o osso autógeno ainda ser considerado como padrão ouro, Roberto Barbeiro debateu as diferentes aplicações do osso autógeno nas reconstruções, desde os pequenos defeitos até os aumentos verticais e horizontais de grande magnitude. De acordo com o professor, mesmo com o desenvolvimento dos biomateriais sintéticos, heterógenos e homógenos, o osso autógeno tem papel fundamental para fornecer células viáveis para a área reconstruída.

Finalizando o módulo, André Zétola também discutiu casos complexos e os detalhes a serem observados pelos cirurgiões-dentistas para a obtenção dos melhores resultados estético-funcionais nas reconstruções ósseas após 30 anos de experiência com a Implantodontia.

Módulo 6: Impactos sistêmicos e locais no planejamento com implantes osseointegrados

Iniciando o debate, Rogério Margonar abordou as alternativas reabilitadoras com a utilização da tecnologia, especialmente para as áreas atróficas.

Falando sobre a osseointegração na presença de comprometimento sistêmico, Roberta Okamoto discutiu formas para melhorar as respostas biológicas, com evidências científicas para a prática clínica.

Finalizando o módulo, Ivete Sartori explicou sobre o manejo da relação prótese/rebordo nas reabilitações implantossuportadas.

MAIS CONFERÊNCIAS ESPECIAIS

Na reta final do encontro, o chileno Francisco Marchesani fez uma apresentação com foco na melhora da previsibilidade na reconstrução do rebordo alveolar. Logo depois, os portugueses Fernando Guerra e Ana Messias abordaram as decisões em casos de desdentados totais na Implantodontia. Encerrando as atividades, Julio Joly, Paulo Mesquita e Robert Carvalho debateram os limites dos implantes imediatos em sítios com defeitos ósseos vestibulares e recessão marginal.

Novos formatos e atividades consagradas

Ao longo dos três dias de evento, o Abross23 ofereceu diversas formas de atualização profissional aos especialistas presentes. Além das já tradicionais conferências, que aconteceram no palco principal, o encontro teve muito conteúdo compartilhado em atividades paralelas espalhadas pelo Distrito Anhembi.

Hands-on

Uma das novidades foi a realização de atividades hands-on, um espaço para os congressistas conhecerem na prática os principais produtos e serviços da Implantodontia na atualidade. Ao todo, foram 22 atividades em que as empresas patrocinadoras do evento compartilharam novidades sobre temas relevantes, como fluxo digital, aumento ósseo horizontal, cirurgia guiada, preservação alveolar e planejamento reverso, além de imersões nos diferentes tipos de biomateriais e de sistemas de implantes.

Corporate Session

As palestras oferecidas pelas empresas patrocinadoras do Abross23 foram mais um destaque da grade. Foram 17 aulas ministradas por consultores científicos de companhias fabricantes de implantes, biomateriais, componentes e sistemas para consultórios. Baumer, Bone Heal, Conexão, FGM, Fotona, Implacil De Bortoli, Kopp, Nobel Biocare, Osstem, Plenum, São Leopoldo Mandic, Signo Vinces e S.I.N. tiveram a oportunidade de apresentar conteúdos especiais diretamente aos congressistas.

Painéis científicos

Com o intuito de estimular os avanços científicos na Implantodontia, o Abross23 foi palco para mais de 100 trabalhos atuais selecionados nas categorias Pesquisa e Caso Clínico. Os painéis científicos estavam disponíveis para acesso digital, e o conteúdo era dinâmico, com busca por título, palavra-chave ou autor. No final do evento, foram premiados três trabalhos de cada categoria.

No final do evento, foram premiados três trabalhos de cada categoria:

Categoria: Pesquisa

(1º lugar) 104 – Processo de reparo ao redor de implantes recobertos com hidroxiapatita e estrôncio em ratas osteoporóticas: estudo in vitro e in vivo – Rodrigo Capalbo da Silva

(2º lugar) 076 – Ação sinérgica entre risedronato sistêmico e genisteína local sobre o reparo peri-implantar em ratas com deficiência de estrógeno – Juliana de Moura

(3º lugar) 100 – Estabilidade dos implantes dentários em áreas previamente e imediatamente enxertadas com biomateriais xenógeno e sintético – Ricardo Caldeira Cardoso

Categoria: Caso clínico

(1º lugar) 024 – Reabilitação maxilar total implantossuportada com a técnica de socket shield – relato de caso e acompanhamento de três anos – Khalila Cotrim

(2º lugar) 028 – Reconstituição de rebordo alveolar inferior com a utilização de biomaterial em bloco associado ao método de transplante celular odontológico: relato de caso clínico – Leonardo Lima Locatelli

(3º lugar) 037 – Reabilitação pós-reconstrução com células-tronco – Ricardo Hochheim Neto

Agradecimento especial aos coordenadores das atividades científicas, que auxiliaram na produção deste conteúdo.