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Tecnologia UVC ao alcance do cirurgião-dentista

Os equipamentos com a tecnologia UVC são novidades no Brasil, porém são usados em ambiente de saúde há mais de quatro décadas em diversos países.

A luz ultravioleta-C (UV-C) – 200-280 nm – é uma radiação eletromagnética com atuação germicida, que realiza a desinfecção do ar e de superfícies inativando o patógeno-alvo por efeito de uma reação fotoquímica provocada pela própria radiação eletromagnética. Dessa forma, o principal mecanismo de destruição são os danos aos materiais genéticos de vírus, bactérias e fungos, e são provenientes da absorção da radiação ultravioleta.

Os equipamentos de desinfecção ambiental com a tecnologia UVC são novidades no Brasil, porém são usados em ambiente de saúde há mais de quatro décadas nos Estados Unidos, Dinamarca, Canadá, Alemanha e China, por proporcionar resultados positivos na desinfecção e consequente diminuição do risco de contaminação cruzada. Outros benefícios incluem o fato de trazer economia na rotina do serviço de saúde, pela redução de pessoal e, ainda, por não gerar resíduos químicos, não agredindo o meio ambiente, tornando-se um processo ecologicamente correto.

Nossa equipe de pesquisa vem trabalhando junto com a empresa UVCtec no intuito de desenvolver novas soluções para os novos tempos. A pandemia da Covid-19 escancarou a necessidade de repensarmos a forma que fazemos a desinfecção do ambiente odontológico. Além disso, temos visto que, a cada dia, novas doenças estão surgindo e a nossa profissão não pode ser inviabilizada.

Devido à solicitação de alguns cirurgiões-dentistas, a empresa, que desenvolve soluções para os mercados de saúde, farmacêuticas e alimentos com a tecnologia UVC, desenvolveu o sistema UMDUV 1.0 (que mede 1,05 m de altura, Figura 1A) e o dispositivo UMDUV Air 1.0 (Figura 1B). Realizamos os testes e a validação deste sistema no consultório de pesquisa da Faculdade São Leopoldo Mandic (Figura 2A), e apresentamos aqui um breve resumo. Estas pesquisas contaram com a colaboração de dois mestrandos orientados por mim, sendo temas de suas dissertações que serão defendidas em 2022.

No trabalho do Pedro Paulo Leite Vieira, validamos em consultório odontológico a Unidade Móvel de Desinfecção por Ultravioleta (UMDUV 1.0). O sistema é controlado pelo aplicativo instalado em smartphone ou tablet, que comanda o equipamento à distância por bluetooth. Além disso, possui sensores de presença que cobrem 360º no seu entorno, fazendo com que seja imediatamente desligado na presença de qualquer movimento em um raio de até 9 m da fonte emissora. A torre do sistema UMDUV 1.0 é constituída de quatro lâmpadas de mercúrio de baixa pressão do tipo germicida (UV-C), de 95 W e de 304 μW/cm² de irradiância UVC, instaladas no corpo principal e suportadas por um octógono central em alumínio de alta refletância, o que aumenta sua eficiência (Figura 2B).

No trabalho da Jheniffer Almeida, também testamos em consultório odontológico o UMDUV Air 1.0, um dispositivo que é colocado sobre o guarda-corpo do UMDUV 1.0. É uma capa de cobertura composta por um ventilador axial instalado na parte superior do dispositivo, que suga o ar do ambiente pela parte superior e o devolve já desinfetado pela parte inferior. Como as lâmpadas são cobertas até a base, forma-se uma câmara por onde circula o ar após passar pelo sistema de lâmpadas UVC (Figura 2C).

Esta inovação, desenvolvida no Brasil, faz deste sistema o único no mercado a realizar duas funções distintas com o mesmo equipamento: 1) com o UMDUV 1.0 (sem o dispositivo UMDUV AIR), a irradiação emitida pelo equipamento realiza a desinfecção do ar e das superfícies, devendo ser utilizado sem a presença de pessoas no ambiente, e o ciclo leva em torno de oito minutos; e 2) com o uso associado do dispositivo UMDUV Air 1.0, é possível realizar a descontaminação do ar com capacidade de renovar 323 m³ de ar por hora, o que corresponde à descontaminação total do ar seis vezes a cada uma hora em um consultório padrão de 16 m2, que é o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para ambientes de saúde – e isso com a presença de pessoas no mesmo ambiente.

Resumidamente, em ambos os estudos foram utilizados dois tipos de microrganismos: suspensão bacteriana de Lactobacillus casei Shirota e suspensão de fungo espécie Candida albicans (ATCC 10231). Estas cepas foram escolhidas por se tratarem de: a) uma espécie bacteriana que não oferece risco de contaminar as pessoas e por não ser encontrada no ambiente clínico; b) uma espécie fúngica sabidamente resistente à desinfecção por radiação ultravioleta faixa-C. No local do reservatório do equipamento do equipo odontológico, foi adicionada a solução bacteriana e fúngica (em momentos distintos), e a turbina de uma caneta de alta rotação foi ativada por um minuto em anteparo (dente de estoque), simulando um preparo cavitário. Foi escolhido um modelo de estudo seguro e confiável, já validado para o modelo de dispersão em ambiente clínico odontológico (Montalli et al., 2020). Foram distribuídas placas de Petri em todo o consultório, que se mantiveram abertas por 15 minutos após a ativação da alta rotação (Figura 3A). Em seguida, as placas foram armazenadas em estufa microbiológica e as UFC foram contadas após 48 horas.

No heat map é possível observar uma importante redução na contagem de UFC de cepas bacterianas e fúngicas. Na avaliação do UMDUV 1.0, a redução para Lactobacillus casei foi, em média, 95,6%; e 97,5% para Candida albicans. Na avaliação do dispositivo UMDUV Air 1.0, a redução da contagem de UFC foi, em média, de 71,8% para Lactobacillus casei e 90,2% para Candida albicans.

Diante do exposto, o sistema UMDUV 1.0 e o dispositivo UMDUV Air são recomendados em qualquer ambiente interno onde existe a necessidade de diminuir a quantidade de microrganismos no ar e nas superfícies. Na Odontologia, pelo fato de ser um ambiente onde é gerada uma alta quantidade de gotículas e aerossóis durante o atendimento de pacientes, a necessidade de cuidado é ainda maior. Para saber mais, acesse: www.uvctec.com.br.

Referências

1.  Montalli VAM, Garcez AS, Montalli GAM, França FMG, Suzuki SS, Mian LMT, et al. Individual biosafety barrier in dentistry: an alternative in times of Covid-19: preliminary study. RGO, Rev Gaúch Odontol 2020;68:e20200018.
2.  Montalli VAM, Freitas PR, Torres MF, Torres Junior OF, Vilhena DHM, Junqueira JLC, Napimoga MH. Biosafety devices to control the spread of potentially contaminated dispersion particles. New associated strategies for health environments. PLoS One 2021 Aug 26;16(8):e0255533.