You are currently viewing Reabilitação implantossuportada em áreas de agenesia de incisivos laterais superiores

Reabilitação implantossuportada em áreas de agenesia de incisivos laterais superiores

Julio Cesar Joly e equipe analisam a complexidade do tratamento multidisciplinar de casos de agenesia dos incisivos laterais superiores.

A agenesia de um ou mais dentes em áreas anteriores pode representar um grande problema funcional e estético que requer abordagens terapêuticas multidisciplinares1-2. Dentre todos os casos bilaterais de agenesia, os associados a áreas de incisivos laterais superiores são os mais prevalentes (57% dos casos) e merecem especial atenção3, visto que quase sempre envolvem o manejo de pacientes jovens e exigentes.

A integração das ferramentas da Ortodontia, Odontologia restauradora, Implantodontia e Periodontia é fundamental para o planejamento e tratamento desses casos. Dentre os caminhos disponíveis, o fechamento ortodôntico dos espaços para a subsequente reanatomização dos caninos pode limitar os resultados estéticos, especialmente pela discrepância do volume radicular na área cervical4. O tratamento ortodôntico prévio para a subsequente reabilitação implantossuportada representa a melhor alternativa para a maioria dos casos de agenesia. Nesse contexto, devemos compreender que o desafio vai além da simples instalação dos implantes, devendo envolver o equilíbrio das próteses com os tecidos moles circunjacentes, sempre primando por resultados estéticos e acima de tudo estáveis ao longo dos anos5.

O correto posicionamento tridimensional dos implantes nessas situações de limitado espaço protético é especialmente importante. Não há margem para erros, portanto um planejamento reverso é fundamental. O exame tomográfico é imprescindível para avaliação da altura e espessura óssea, bem como para determinação da distância mesiodistal entre as raízes, visto que o paralelismo radicular nem sempre é alcançado com a Ortodontia. A partir do exame tomográfico e do escaneamento intraoral, podemos planejar virtualmente o posicionamento do implante e imprimir um guia cirúrgico capaz de orientar com precisão na instalação dos implantes. O planejamento reverso digital também permite que os profissionais simplifiquem a sequência do tratamento protético6.

Implantes de diâmetro estreito favorecem a restauração com sucesso de espaços protéticos reduzidos, representando uma ótima alternativa para áreas de incisivos laterais7. Além disso, facilitam a instalação em áreas com limitada disponibilidade óssea horizontal, reduzindo os riscos de exposição de espiras e, consequentemente, de necessidades regenerativas adicionais.

A instalação de implantes em áreas de rebordo sem elevação de retalho representa uma alternativa viável, desde que se tenha experiência clínica suficiente para controlar os riscos. Essas situações de agenesias de laterais requerem atenção em relação ao posicionamento ápico-coronal dos implantes, para que os mesmos não fiquem coronais, dificultando a reabilitação.

Muitos dos casos de agenesia são acompanhados da presença de deficiências teciduais volumétricas. Se não houver osso para ancoragem do implante, devemos pensar em aumentos ósseos prévios. No entanto, se houver osso suficiente, as deficiências podem ser compensadas simultaneamente à instalação dos implantes, somente com o manejo minimamente invasivo de tecidos moles. Nas abordagens sem retalho, a técnica do envelope modificado mostra-se muito eficiente para permitir a criação do espaço necessário para a adaptação do enxerto de conjuntivo, possibilitando o aumento do volume tecidual com o mínimo trauma cirúrgico, especialmente nas áreas interproximais8.

A temporização imediata dos implantes instalados em áreas de agenesia também representa uma alternativa vantajosa. Os cuidados no manejo protético devem contemplar a importância do suporte tecidual, tanto nas faces livres quanto proximais. O correto contorno dos provisórios, tanto nas áreas crítica quanto subcrítica, interfere diretamente na acomodação tecidual e, consequentemente, na estabilidade dos resultados restauradores9.

Devemos entender a complexidade do tratamento multidisciplinar de casos de agenesia dos incisivos laterais superiores. Situações de insucesso quase sempre são decorrentes da precipitação na tomada de decisão pela falta de um planejamento adequado. Certamente, o planejamento reverso digital associado a um rígido protocolo de manejo cirúrgico e restaurador pode contribuir para a obtenção de resultados satisfatórios e estáveis.

Referências

1. Symons AL, Stritzel F, Stamation J. Anomalies associated with hypodontia of the permanent lateral incisor and second premolar. J Clin Pediatr Dent 1993;17(2):109-11.

2. Figliuzzi MM, Giudice A, Pileggi S, Pacifico D, Marrelli M, Tatullo M et al. Implant-prosthetic rehabilitation in bilateral agenesis of maxillary lateral incisors with a mini split crest. Case Rep Dent 2016;2016:3591321.
https://doi.org/10.1155/2016/3591321

3. Polder BJ, Van’t Hof MA, Van der Linden FP, Kuijpers-Jagtman AM. A meta-analysis of the prevalence of dental agenesis of permanent teeth. Community Dent Oral Epidemiol 2004;32(3):217-26.
https://doi.org/10.1111/j.1600-0528.2004.00158.x

4. Silveira GS, de Almeida NV, Pereira DM, Mattos CT, Mucha JN. Prosthetic replacement vs space closure for maxillary lateral incisor agenesis: a systematic review. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2016;150(2):228-37.
https://doi.org/10.1016/j.ajodo.2016.01.018

5. Konstantinidis IK, Siormpas KD, Kontsiotou-Siormpa E, Mitsias ME, Kotsakis GA. Long-term esthetic evaluation of the roll flap technique in the implant rehabilitation of patients with agenesis of maxillary lateral incisors: 10-year follow-up. Int J Oral Maxillofac Implants 2016;31(4):820-6.
https://doi.org/10.11607/jomi.4494

6. Raico Gallardo YN, da Silva-Olivio IRT, Mukai E, Morimoto S, Sesma N, Cordaro L. Accuracy comparison of guided surgery for dental implants according to the tissue of support: a systematic review and meta-analysis. Clin Oral Implants Res 2017;28(5):602-12.
https://doi.org/10.1111/clr.12841

7. King P, Maiorana C, Luthardt RG, Sondell K, Øland J, Galindo-Moreno P et al. Clinical and radiographic evaluation of a small-diameter dental implant used for the restoration of patients with permanent tooth agenesis (hypodontia) in the maxillary lateral incisor and mandibular incisor regions: a 36-month follow-up. Int J Prosthodont 2016;29(2):147-53.
https://doi.org/10.11607/ijp.4444

8. Irinakis T, Aldahlawi S. The dome technique: a new surgical technique to enhance soft-tissue margins and emergence profiles around implants placed in the esthetic zone. Clin Cosmet Investig Dent 2018;10:1-7.
https://doi.org/10.2147/ccide.s154152

9. Clavijo V, Blase A. Decision-making process for restoring single implants. QDT 2017.