David Morita debate a melhor forma de realizar o polimento de restaurações estratificadas de cerâmica, detalhando as três maneiras de alcançar o brilho final.
Qual a melhor maneira de polir uma cerâmica estratificada? Muitas vezes nos fazemos esta pergunta porque, em geral, muitos técnicos variam esta etapa do trabalho em restaurações cerâmicas quando estratificadas. Isso acontece porque existem três maneiras de alcançar o brilho final de uma restauração: calor, pasta de glaze e polimento mecânico. Posso afirmar que todas as três maneiras estão corretas, desde que tomemos os devidos cuidados e, acima de tudo, compreendamos as diferenças entre elas.
Para a obter o brilho a partir do calor, após o acabamento da peça, o técnico realiza uma última queima no forno de cerâmica. A restauração é aquecida a uma temperatura final muito próxima da primeira ou segunda queima, de acordo com os parâmetros indicados pelo fabricante. Essa queima é capaz de realçar o brilho da restauração, pois as partículas da cerâmica se fundem e nivelam as rugosidades superficiais da restauração.
Devido à presença de leucita na composição dos materiais cerâmicos de cobertura, a peça mantém sua forma durante o processo e a restauração alcança o brilho final desejado. Mas é preciso cuidado, pois se a quantidade de leucita for insuficiente, pode haver deformação da peça e sua textura e ângulos podem ser comprometidos.
Vale lembrar que esta técnica é eficiente e não compromete as cores da peça quando não se utiliza nenhum tipo de pintura externa na restauração, pois não haverá a camada de glaze para proteger a pintura caso esta venha a ser feita na restauração.
A aplicação de pasta de glaze também é uma maneira de promover o brilho nas restaurações cerâmicos, como dito anteriormente. Trata-se de uma das técnicas mais utilizadas, porém muitos profissionais comentem erros em sua execução.
Em geral, as temperaturas de queima da pasta de glaze são bem mais baixas do que da cerâmica aplicada sobre a estrutura. Isso porque entende-se que a pasta de glaze será responsável para que brilho seja alcançado e, ao diminuir a temperatura, não haverá comprometimento da peça que já está quase finalizada em sua forma e textura. Mas, como as pastas de glaze são diluídas com líquidos específicos e, na maioria das vezes, a diluição é demasiada, o material acaba ficando com poucas partículas de pó de glaze nesta mistura. Assim, ao ser utilizada e queimada na temperatura recomendada pelo fabricante, pouco resultado de brilho é alcançado.
Daí decorre um dos equívocos mais frequentes, no qual muitos técnicos interpretam erroneamente que o fabricante está lhe oferecendo uma temperatura final desta queima, que seria baixa. Então, eles elevam a temperatura até que o brilho desejado seja alcançado. Isso está totalmente errado, uma vez que o fabricante lhe oferece a queima mais baixa para que as cores, forma e textura sejam preservadas. Neste caso, a peça não obteve o brilho pela aplicação da pasta de glaze, e sim pela fusão das partículas de cerâmica da restauração, conforme a primeira técnica citada. Ou seja, a etapa de aplicação de pasta de glaze foi totalmente desnecessária nesse caso.
Então, o que fazer? Basta quantificar melhor a quantidade de líquido durante a diluição, até que, após esta queima na temperatura “baixa” indicada pelo fabricante, a peça saia com o brilho ideal. Quando se trabalha com a pasta de glaze menos diluída, as principais queixas é que podem ocorrer mudanças na textura e nos contatos oclusais e proximais. É por isso que devemos entender que, para cada técnica, temos de adotar os devidos cuidados.
Outra técnica que utilizo quando chego ao final do trabalho é o polimento mecânico. Trata-se de um procedimento muito eficiente que utilizo quando consigo as cores desejadas na restauração e nenhum tipo de complemento de cores com pintura externa é necessário para o resultado final desejado.
O polimento mecânico me permite o controle da forma e textura durante a obtenção do brilho e, quando utilizado o material correto, o resultado é rápido e super eficaz. Um grande diferencial é que não precisamos levar a peça ao forno de queima e isso evita que a restauração sofra algum tipo de deformação por calor ou por aumento de superfície que a pasta de glaze possa oferecer.
É importante lembrar que não devemos optar pelo polimento mecânico quando queremos realçar cores através de pintura externa, pois o atrito da escova e a pasta de polimento levarão à descoloração da superfície da peça. Também não devemos optar pelo polimento em peças monolíticas em que a coloração será realizada com pintura externa. As peças monolíticas devem ser glazeadas até que se obtenha o brilho final desejado, mesmo que tenhamos de realizar o processo mais de uma vez, lembrando do que foi dito anteriormente sobre a diluição da pasta ou do pó de glaze. Confira a seguir exemplos de peças cerâmicas polidas mecanicamente. Veja também o vídeo que preparamos.
David Morita
Técnico em prótese dentária – Senac; Proprietário do Laboratório e Instituto de Treinamento David Morita; Segundo secretário da Assembleia Administrativa da SBO Digital.