Julio Cesar Joly e equipe ImplantePerio destacam as vantagens da abordagem na reabilitação de casos de maxila severamente atrófica.
Em maxila severamente atrófica, a reabsorção da crista alveolar, a pneumatização dos seios maxilares e a presença das cavidades nasais limitam a colocação de implantes dentários¹. Para resolver ou contornar esta situação, inúmeras técnicas cirúrgicas têm sido propostas. Esses métodos podem ser classificados em técnicas de enxertia óssea (regeneração óssea guiada ou enxertos em bloco) ou modificações do protocolo original de inserção de implantes, que evitam o enxerto ósseo usando áreas de osso residual (implantes zigomáticos, implantes pterigoides, inserção do implante na tuberosidade maxilar, implantes inclinados e implantes palatinizados)².
O uso de enxerto ósseo para permitir a colocação de implantes em maxilas atróficas está associado a complicações mais frequentes, maior morbidade, maior custo e maior tempo de tratamento quando comparado à instalação de implantes em maxilas com rebordo ósseo sufi ciente³.
A técnica da osseodensificação foi idealizada com o objetivo de aumentar a densidade óssea por meio da compactação de autoenxerto e deformação plástica. Este protocolo de preparação biomecânico do leito preserva o osso em um processo de perfuração que utiliza brocas com geometria cônica, especialmente projetadas para expandir progressivamente a osteotomia enquanto condensa o osso em suas paredes laterais e apicais, aumentando a estabilidade primária do implante e associando a um efeito elástico de acomodação (spring-back effect). Dessa forma, o contato osso-implante é aumentado, resultando em maior torque de inserção4.
A osseodensificação proporciona taxas de sucesso semelhantes ou até superiores quando comparadas às taxas de sucesso relatadas na literatura de métodos convencionais de instrumentação óssea5. Uma das vantagens do uso dessas fresas é a redução do tamanho das osteotomias, podendo ser utilizadas para criar o efeito de expansão de crista em rebordos atróficos, aumentando o leque de indicação de seu uso. Desde que haja um entendimento dos princípios biológicos e treinamento clínico, podemos considerar essa alternativa uma opção conservadora e eficaz na reabilitação de maxila severamente atrófica.
Referências
- Cawood JI, Howell RA. A classification of the edentulous jaws. Int J Oral Maxillofac Surg 1988;17(4):232-6.
- Candel-Marti E, Peñarrocha-Oltra D, Bagán L, Peñarrocha-Diago M, Peñarrocha-Diago M. Palatal positioned implants in severely atrophic maxillae versus conventional implants to support fixed full-arch prostheses: controlled retrospective study with 5 years of follow-up. Med Oral Patol Oral Cir Bucal 2015;20(3):357-64.
- Sorní M, Guarinós J, García O, Peñarrocha M. Implant rehabilitation of the atrophic upper jaw: a review of the literature since 1999. Med Oral Patol Oral Cir Bucal 2005;10(suppl.1):45-56.
- Huwais S, Mazor Z, Ioannou AL, Gluckman H, Neiva R. A multicenter retrospective clinical study with up-to-5-year follow-up utilizing a method that enhances bone density and allows for transcrestal sinus augmentation through compaction grafting. Int J Oral Maxillofac Implants 2018;33(6):1305-11.
- Formiga MC, Grzech-Leśniak K, Moraschini V, Shibli JA, Neiva R. Effects of osseodensification on immediate implant placement: retrospective analysis of 211 implants. Materials (Basel) 2022;15(10):3539.
- Versah The Osseodensification Company. Instrução de uso das brocas e do sistema C-Guide Densah.
Julio Cesar Joly
Mestre e doutor em Periodontia – FOP-Unicamp; Coordenador dos mestrados em Implantodontia e Periodontia – SLMandic; Coordenador do Instituto ImplantePerio.
Paulo Fernando Mesquita de Carvalho
Mestre em Periodontia – SLMandic; Coordenador do Instituto ImplantePerio.
Robert Carvalho da Silva
Mestre e doutor em Periodontia – FOP/Unicamp; Coordenador do Instituto ImplantePerio.
Autor convidado:
Diogo Coelho
Especialista em Implantodontia – CFO; Mestre em Implantodontia – SLMandic.