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Obstáculos no caminho digital

ImplantNews 20 anos: a tecnologia acompanha a tecnologia ao longo de toda a história, mas deu saltos impressionantes nos últimos anos. Você tem acompanhado esse desenvolvimento?

É fato que o mundo digital contemporâneo oferece centenas de maravilhas tecnológicas: câmeras de escaneamento intraoral, articuladores digitais, correção de registros interoclusais, usinagem por sistemas CAD/ CAM e até os mais recentes sistemas de impressão 3D. Mas também é fato que a distância entre a empresa e consumidor final no Brasil ainda não atingiu o nível de estreitamento que todos desejam.

Como não existem dados oficiais, quais seriam os motivos, se é que é possível listá-los? Vejamos: 1) Os equipamentos possuem um custo de aquisição médio-alto e as nossas taxas de crescimento econômico praticamente regressaram aos níveis de 20 anos atrás; 2) As empresas não possuem equipamentos suficientes ou planos acessíveis para atender à vastidão do território brasileiro; 3) Os nossos profissionais clínicos ainda acreditam que o modo convencional é mais rápido e melhor do que o mundo digital; 4) As evidências científicas mostram que a acurácia dos equipamentos atuais ainda está longe do ideal no dia a dia da clínica; 5) As telas de trabalho dos sistemas não são intuitivas (user-friendly); 6) Todas as hipóteses acima.

Em se tratando de tudo o que é “digital”, quando paramos para pensar friamente, percebemos que sempre existe uma curva de aquisição que “decola” mais rápido ou mais devagar. Muitos aqui não se lembram, alguns por não serem nem nascidos: por exemplo, a impressora que “desenhava o cachorrinho com letras” um dia foi uma ferramenta exclusiva dos grandes bancos, assim como o telefone celular foi um trambolho até se tornar o smartphone e ser o nosso “livro de bolso”. Atualmente, qualquer consultório tem uma impressora e um celular. Quanto tempo levou? Melhor, talvez a pergunta seja: quem me fez despertar para a importância de uma impressora no meu consultório? As grandes lojas do varejo que apostaram em um mercado novo? A propaganda na televisão? A professora da escola do meu filho? A vontade de encerrar o expediente mais cedo?

De fato, esse despertar está ligado a outra palavra: rotina. Quando não nos obrigamos, nunca mudamos. E a aceleração da curva não acontece. Veja, você não é obrigado a comprar todos os tipos de equipamentos que existem, mas certamente deve saber “como” e “para quem” requisitar o serviço, não é? Também não é por falta dos aplicativos. Sei, mas então nos sobra a barreira da língua estrangeira. Mas justamente no mundo da tradução auxiliada pela inteligência artificial?

O exposto acima vale também para os laboratórios, que deveriam em tese assumir para si o posto de tecnologia de produção (não escaneamento). No cenário ideal, essa rotina estaria representada por linhas de montagem, como no pátio das automotivas, passando antes pela centralização do desenho customizado das peças (parciais ou totais), com atendimento personalizado para cada consultório. Esta ainda não é a realidade em nosso país.

Por fim, será que ainda falta algum “empurrãozinho”, uma “mão amiga” vinda das empresas que possuem know-how para a criação dos grandes polos de treinamento/credenciamento? Essa rotina também está fora de moda?

Enfim, para os que desejam adentrar esse mundo, sugerimos que comecem pela tecnologia mais disruptiva e democrática que existe: a câmera de escaneamento intraoral. Realmente, são verdadeiros milagres em tempos de rendimentos apertados: menos alginato, menos gesso e menos pacientes incomodados. Precisão? Nada que uma leve falta de acurácia não seja compensada na consulta subsequente pela tradicional correção nos modelos físicos que, coincidentemente, são a rotina na maioria dos consultórios que trabalham com reabilitação oral.