Como os brasileiros estão assimilando e incorporando as novas tecnologias na Odontologia? José Luiz Cintra Junqueira reflete sobre a questão.
Nos últimos anos, o papel da tecnologia tem se tornado cada vez mais decisivo em nossa sociedade. Naturalmente, a Odontologia não está alheia a esse fenômeno, sendo uma das áreas que mais têm se beneficiado dessa evolução. Podemos tomar como exemplo as novas técnicas de manejo e regeneração tecidual, e a digitalização dos processos na Reabilitação Oral, que vão desde o diagnóstico, passando pelo planejamento virtual até a fresagem de elementos protéticos e impressão 3D de guias e modelos. Todas elas são temas de pesquisa aqui na SLMandic.
Diante dessas importantes mudanças, como nós, brasileiros, estamos assimilando e incorporando essas novas tecnologias na Odontologia? Na verdade, existem duas respostas possíveis para essa pergunta – e ambas são verdadeiras.
Na primeira resposta, podemos dizer que a tecnologia está totalmente presente nos consultórios odontológicos mais importantes do País. Vale lembrar que o Brasil é reconhecido internacionalmente pela qualidade técnica de sua Odontologia, sendo que alguns profissionais do País estão em pé de igualdade com os melhores do mundo, desfrutando com pleno acesso aos recursos mais avançados da indústria.
Além disso, o País conta com boas instituições de ensino e pesquisa, tanto públicas como privadas, além de uma estrutura robusta de congressos odontológicos. Não é a toa que alguns cirurgiões-dentistas brasileiros atuam como palestrantes aclamados na Europa, nos EUA, na Ásia e em toda a América Latina.
A segunda resposta é bem mais amarga. Afinal, apesar de sermos um dos países com o maior número de cirurgiões-dentistas – cerca de 300 mil profissionais registrados –, boa parte da população ainda continua sem atendimento odontológico regular ou está completamente alheia aos cuidados básicos de saúde bucal. Diante de tal precariedade, como é possível pensar em tecnologia de ponta?
Como eu disse, as duas respostas são verdadeiras, pois o desenvolvimento do Brasil ainda está preso em bolhas de excelência que, por sua vez, estão cercadas por bolhas de miséria. A tecnologia tem um impacto cada vez mais importante na área de saúde e democratizar esse acesso para toda a população, erradicando as bolhas de miséria, é a chave para que o Brasil dissemine suas práticas de excelência e permaneça competitivo no cenário internacional.
José Luiz Cintra Junqueira
Diretor geral da Faculdade São Leopoldo Mandic.