Fábio Bezerra traz duas tecnologias como importantes opções disponíveis para o tratamento do edentulismo total usando próteses totais muco ou implantossuportadas.
O tratamento de casos de edentulismo total tem merecido especial atenção nos diferentes continentes, sendo fundamental entender a importância deste tema no Brasil. Somos o país com uma das maiores demandas mundiais para este tipo de situação clínica, além de existir grande contraste entre o número de dentistas e a persistência deste tipo de tratamento.
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicados em 2020, o Brasil possui 34 milhões de pessoas adultas (acima de 18 anos) que perderam 13 dentes ou mais, sendo que 14 milhões são totalmente edêntulas. Este dado contrasta firmemente com o fato de termos 382.932 cirurgiões-dentistas inscritos de maneira ativa no Conselho Federal de Odontologia, o que representa aproximadamente 20% do total de odontólogos do mundo, distribuídos em 67.310 consultórios e clínicas em nosso País.
Dentro deste cenário, fica clara a necessidade de buscar soluções que tornem viável o tratamento de um número maior de pacientes. As novas tecnologias têm se mostrado um caminho muito promissor por sua alta produtividade, repetibilidade e resultados previsíveis do ponto de vista clínico e científico, restando ainda conseguir minimizar custos para tornar este tipo de solução acessível a um número maior de profissionais e pacientes.
Entre as opções disponíveis para o tratamento do edentulismo total usando próteses totais muco ou implantossuportadas, duas tecnologias se destacam atualmente: a fresagem de bloco de PMMA monolítico e a impressão 3D utilizando resinas híbridas nanocerâmicas com resistência ao impacto e módulo flexural adequados. Ambas as soluções partem de um planejamento virtual realizado em CAD (computer aided design) com características específi cas para o planejamento de casos totais, como a possibilidade da inclusão da face do paciente, gerando referências anatômicas em relação ao suporte labial, linha média, linha bipupilar, plano de Camper, curva de Spee e corredor bucal, entre outros – fundamentais para que a reabilitação total possa ser fresada ou impressa de maneira tecnicamente adequada.
Uma vez definido o projeto digital da prótese total, seja convencional ou sobre implantes, este arquivo é transferido para a etapa CAM (computer aided manufacturing), para a fresagem de um disco de PMMA monolítico multicolor, com a possibilidade de seleção de cor de dente e de gengiva adequada (Figuras 1 e 2) ou para a impressão 3D utilizando resina híbrida reforçada com nanocerâmica monocolor específi ca para este tipo de solução, e que passará pelo processo de maquiagem e pós-cura após a sua polimerização inicial (Figuras 3 e 4).
Nas próximas edições, será detalhado o passo a passo para realizar este tipo de tratamento, as vantagens, as desvantagens, os benefícios e as limitações, sempre com o intuito de descomplicar as novas tecnologias para juntos buscarmos melhores opções para nossos pacientes. Fique atento!
Fábio Bezerra
Especialista em Periodontia – FOB/USP; Especialista em Implantodontia – Inepo; Mestre em Periodontia – Universidade Paulista; Doutor em Biotecnologia – Unesp.
Orcid: 0000-0003-0330-2701.