Suplemento Boas Escolhas Implacil conta histórias da trajetória de Nilton De Bortoli, que começa muito antes da fundação da empresa.
Em 25 de outubro comemoramos o Dia do Cirurgião-Dentista, uma celebração que se estende por todo o mês de outubro. Muito mais do que uma data para parabenizar os colegas, este é um período importante do ano em que devemos falar mais sobre a importância da saúde bucal nas redes sociais e nos meios de comunicação, além de buscar a valorização dos profissionais de Odontologia.
A escolha por essa data para homenagear os profissionais de Odontologia foi uma referência à data de publicação do decreto do Governo Imperial, assinado por D. Pedro II em 25 de outubro de 1884, no qual foi determinada a criação dos primeiros cursos de Odontologia no Brasil. A partir de 2002, passamos a comemorar também nesta mesma data o Dia Nacional da Saúde Bucal.
Além de todo o debate com a sociedade para falar sobre a importância da Odontologia para a saúde da população brasileira, esse é um momento também em que lembramos dos cirurgiões-dentistas que são motivo de orgulho para a nossa profissão. E para nós, da Implacil, essa lista está sempre encabeçada pelo nome do profissional que é um exemplo inspirador para toda a equipe: o Prof. Dr. Nilton De Bortoli.
Pensando nisso, decidimos reservar essa edição do Suplemento Boas Escolhas Implacil para contar algumas das histórias da trajetória de Nilton, que começa muito antes da fundação da própria Implacil.
Dizem que as “palavras movem, mas exemplos arrastam”. Sendo assim, neste difícil e atípico ano de 2020, nada melhor do que celebrar o mês do cirurgião-dentista encontrando inspiração no exemplo de um cirurgião-dentista que contribuiu legitimamente para a evolução da Odontologia de inúmeras formas e que sempre colocou o paciente em primeiro lugar.
Descobrindo cedo a Odontologia
Nilton De Bortoli nasceu em 28 de setembro de 1931. Seus pais, Adelino e Elvira, eram imigrantes originários das regiões de Veneto e Lombardia, no norte da Itália. Tiveram 14 filhos, mas apenas oito deles sobreviveram à infância. Depois de trabalhar durante muitos anos na farmácia da família, Nilton foi se interessando cada vez mais pela área de Saúde e acabou se formando na primeira turma do curso noturno de Odontologia da USP em 1953 (foto).
Começando a carreira no Hospital Geral do Exército
Com o diploma nas mãos, aos 22 anos Nilton logo montou seu consultório particular. Resolveu dedicar parte de seu tempo trabalhando para o Hospital Geral do Exército (na foto, o primeiro à direita). O plano inicial era ficar quatro meses por lá, mas acabou permanecendo dois anos. Aprendeu muito e desenvolveu sua habilidade natural de protesista, fazendo amigos importantes nessa fase. Em 1957, casou-se com Josefina Paolillo (conhecida como Pina entre os amigos) e logo teve sua primeira filha, Mara Cristina.
Combatendo as cáries das gerações futuras
Nilton também trabalhou na Secretaria de Educação do Estado de São Paulo e atuou como um dos líderes da equipe que implantou o projeto de fluoretação das águas na região, entre 1955 e 1959, aproveitando o entusiasmo do então governador Jânio Quadros (foto) pelo tema. O projeto foi um grande sucesso na redução de 50% na incidência de cáries entre dezenas de milhares de crianças moradoras da capital e do interior. Além da fluoretação, Nilton também participou de uma grande campanha de ensino da higiene bucal para as crianças da rede pública de ensino, conscientizando os pais sobre a importância do primeiro molar e educando os filhos com as técnicas de escovação.
Depois de concluir essa sequência de projetos, foi o dentista designado para trabalhar no Instituto Padre Chagas, uma instituição que cuidava de aproximadamente 400 deficientes visuais. Ao longo desse período, Nilton estudou muito sobre Odontopediatria, mesmo sem possuir um título de especialista. Mais de 20 anos depois, o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo reconheceria a Nilton De Bortoli a especialização em Odontopediatria, por notório saber.
De repente, um acidente muda tudo
Depois de uma pescaria com os amigos, Nilton De Bortoli sofreu um grave acidente automobilístico em 1967. O Fusca que dirigia em alta velocidade colidiu com um boi que atravessava a estrada no meio da noite. A batida provocou uma série de lesões em Nilton, que teve fratura no maxilar superior e em nove pontos no rosto, além de três dedos da mão direita e uma costela quebrados, e de outras escoriações.
A recuperação foi lenta e dolorosa. Impossibilitado de trabalhar por um ano, Nilton usou esse período para redirecionar sua carreira. Viajou para os Estados Unidos e foi buscar técnicas avançadas de prótese dentária, voltando para o Brasil com um novo sistema de attachments para próteses removíveis. Foi nessa viagem que ele teve seu primeiro contato com os implantes dentários e passou a se interessar pelo assunto.
Fazendo história na Implantodontia brasileira
Entre os anos de 1970 e 1974, frequentou todos os cursos de Implantodontia que encontrou. Começou com os implantes agulhados, criados por Jacques Scialom, depois com os justaósseos, de Gustav Dahl. Nilton enxergava vantagens e desvantagens nos dois sistemas. Depois, migrou para os laminados de Leonard Linkow e os parafusos bicorticais de Dino Garbaccio, com os quais se adaptou muito bem.
Nilton De Bortoli desenvolveu uma grande habilidade cirúrgica e aprendeu muito sobre cada uma das técnicas com sucessos e insucessos (radiografia abaixo). Passou a fazer parte do grupo que foi pioneiro na Implantodontia brasileira na era pré-osseointegração, que contava com nomes como Adolfo Embacher, Amadeo Bobio, Angelo Luciano Rocella, Aziz Constantino, Constantino Jacob Constantino, David Serson, Eloi Borgo, Glauco Longo Guerrieri, Jorge Abdala, Jorge Munakami, José Jurado Martins, José Rubens Ceschin, Laerte Kradish, Luciana Zaida Russo, Luis Carlos Zanatta, Nelson Calagins, Nicanor Ubirajara Furquim de Campos, Orlando Meira Cardoso, Rodolfo Candia Alba, Sergio de Oliveira e Vassinon Barbosa.
Sucesso e preconceito
Durante 17 anos, manteve uma clínica em sociedade com José Jurado Martins, instalando milhares de implantes, com foco principalmente nos implantes laminados, justaósseos e parafusos “Garbaccio”. A década de 1980 foi muito próspera, mas também foi marcada pelos conflitos entre periodontistas e implantodontistas. Assim como aconteceu com outros pioneiros, Nilton e seus filhos Nilton Jr. e Mario Sergio foram vítimas de grande preconceito por parte de outros cirurgiões-dentistas, que consideravam os implantes dentários inseguros.
A vez do professor
Nilton sempre teve a atividade clínica como a sua preferida. Sentia-se bem ao lado dos pacientes, sobretudo quando estava operando. Até hoje, mesmo depois da aposentadoria, ele é lembrado e procurado por antigos pacientes.
Por insistência dos filhos, Nilton passou a ministrar cursos de Implantodontia para outros cirurgiões-dentistas em 1986. Nos anos de 1987 e 1988, o curso foi levado para a APCD São Bernardo do Campo com grande sucesso. Mas o passo mais importante para o ingresso de toda a família no universo da educação superior aconteceu a partir de 1990, quando eles passaram a ministrar o curso de aperfeiçoamento em Implantodontia da Fundecto (Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Odontologia), da USP, onde permanecem até hoje.
O pioneirismo da Implacil
Com a chegada da Osseointegração no Brasil, a partir de 1988, Nilton e seus filhos (foto) migraram rapidamente para o protocolo proposto por Per-Ingvar Brånemark. Com a grande experiência acumulada a partir dos implantes tradicionais, a família De Bortoli saiu na frente e tornou-se uma referência também na Implantodontia osseointegrada.
Nessa mesma época, Nilton criou uma pequena fábrica de implantes de forma despretensiosa, cujo objetivo era apenas utilizar os implantes em seus próprios pacientes, sem precisar recorrer aos caríssimos implantes importados. Sem saber, ele estava fazendo história ao fundar a primeira fabricante de implantes osseointegráveis do Brasil, a De Bortoli (mais tarde rebatizada como Implacil De Bortoli), e seu primeiro implante, o Universal I.
Com o passar dos anos, a Implacil foi crescendo e exigindo cada vez mais a atenção da família. Estava difícil conciliar as atividades clínicas, de ensino e de gestão da fábrica. Assim, em 2012, a família decidiu profissionalizar a administração da empresa com a contratação de um CEO. No mesmo período, a empresa passou a investir em produção científica e tecnologia. Foi o passo que faltava para que a Implacil deslanchasse e se tornasse uma das mais importantes empresas da Implantodontia mundial.
O Instituto Nilton De Bortoli
Pensando em promover o desenvolvimento da Odontologia brasileira e disseminar o exemplo inspirador do patriarca da família, a Implacil criou o Instituto Nilton De Bortoli (INB) em 2017 com cursos de imersão de diversas técnicas da Reabilitação Oral. Mais do que uma homenagem, o instituto dá continuidade ao trabalho iniciado por Nilton pela evolução constante da Implantodontia brasileira.
A visão do biógrafo
Em abril de 2019 aconteceu o lançamento do livro “Meu nome é implante: A Biografia do Dr. Nilton De Bortoli”, escrita pelo Prof. Dr. Marco Bianchini. Segundo ele, é natural que a vida do patriarca da Implacil sirva como inspiração para outros cirurgiões-dentistas, já que toda a sua trajetória tem a Odontologia como alicerce.
“A carreira do Nilton é realmente muito bonita. Ele fez da Odontologia a vida dele, seja na Odontopediatria, na Prótese, na Implantodontia, na vida de clínico, de professor e de empreendedor”, enumera Bianchini. “Toda essa trajetória teve a marca da coragem, de investir, acreditar no novo – como no projeto de fluoretação das águas no Estado de São Paulo – e dar a cara a tapa, mesmo quando a Implantodontia ainda era tratada como charlatanismo por outros cirurgiões-dentistas. Ele também teve muita coragem para se desapegar da prática empírica da Implantodontia, que ele conhecia tão bem, e render-se rapidamente à Osseointegração, que era baseada em evidências”.
“Sem dúvida, Nilton é um exemplo para as gerações atuais e futuras. Ele provou inúmeras vezes que a Odontologia pode proporcionar uma carreira de sucesso. Provou também que é possível empreender no Brasil, apesar de todos os desafios impostos pela nossa política e economia”, conclui Bianchini.