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Interface alvéolo-restauração (IAR)

De acordo com Marco Bianchini, uma das indicações mais comuns da modificação da interface alvéolo-restauração é corrigir áreas de proximidades radiculares exageradas. 

Durante o procedimento cirúrgico de aumento de coroa clínica, uma das manobras mais importantes frequentemente realizadas é a modificação da superfície radicular exposta cirurgicamente, que está localizada entre o término cervical e a crista alveolar do dente. Esta área está diretamente em contato com o osso e é chamada de interface alvéolo-restauração (IAR). A modificação desta superfície radicular exposta visa eliminar uma série de irregularidades e defeitos provocados pela doença periodontal. Ela é realizada por instrumentos rotatórios durante a cirurgia periodontal para promover um contorno ideal na confecção da futura restauração ou coroa protética.

Infelizmente, a área da interface alvéolo-restauração totalmente exposta pela cirurgia é rotineiramente tratada pelo clínico apenas com raspagem e alisamento radicular, o que tende a não resolver o problema das distorções desta região, pois a morfologia do preparo deve concordar com o contorno do tecido ósseo. Idealmente, a restauração ou coroa protética que será confeccionada deve possuir um contorno compatível com o ambiente criado entre a raiz, a gengiva e o tecido ósseo. Desta forma, para transformarmos a região do IAR de maneira que ela fique favorável a receber a futura restauração, respeitando as distâncias biológicas, teremos que modificar esta superfície radicular com instrumentos rotatórios e não apenas com a raspagem.

Uma das indicações mais comuns da modificação da interface alvéolo-restauração (IAR) é corrigir áreas de proximidades radiculares exageradas. A proximidade entre as raízes favorece o acúmulo de placa e impede a higienização, causando a inflamação gengival papilar.

Na proximidade radicular, o septo ósseo subjacente é estreito e composto, quase que totalmente, de osso compacto, ao contrário do septo encontrado em áreas onde não há proximidade radicular e que apresentam áreas medulares recobertas por cortical óssea. O osso delgado é compacto e facilmente reabsorvido, não apresentando potencial algum de regeneração devido à ausência de áreas medulares.

Quando a proximidade de raízes está associada ao preparo do dente que invade o espaço biológico, o resultado será a formação de crateras interproximais com dois picos acentuados na vestibular e na lingual ou palatal. Esta situação modifica a anatomia da papila gengival, que passa da forma de pico à forma de cratera, com picos vestibular e lingual (imitando o osso) conectados na base por tecido conjuntivo inflamado e exposto, devido à degradação do epitélio. Assim, mesmo que se faça a remoção óssea, recuperando o espaço biológico que foi invadido, torna-se necessário também eliminar esta proximidade radicular que irá impedir a confecção de uma coroa ou restauração que preserve as estruturas periodontais, pois será impossível manter um perfil de emergência adequado.

A redução da proximidade entre as raízes vai se dar também através da modificação da IAR com instrumentos rotatórios. Ela é importante, pois aumenta o espaço interproximal, melhorando a anatomia da papila, deixando a área mais fácil para higienização e, portanto, impedindo a formação do processo inflamatório que iria reabsorver o septo ósseo. Além disso, permite a confecção adequada da restauração ou coroa protética definitiva.

Referências

  1. Ross SE, Gargiulo A. The surgical management of the restorative alveolar interface. Int J Periodontics Rest Dent 1982;2(3):9-31.
  2. Marzadori M, Stefanini M, Sangiorgi M, Mounssif I, Monaco C, Zucchelli. Crown lengthening and restorative procedures in the esthetic zone. Periodontol 2000 2018;77(1):84-92.
  3. Pilalas I, Tsalikis L, Tatakis DN. Pre-restorative crown lengthening surgery outcomes: a systematic review. J Clin Periodontol 2016;43(12):1094-108.