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Implantes extracurtos em reabilitação de rebordos atróficos: realidade com previsibilidade

Guaracilei Vidigal Jr. e Eduardo Dias apresentam dois casos clínicos com uso de implantes extracurtos, reabilitando casos complexos de forma simples e previsível.

No dia a dia do consultório odontológico, frequentemente recebemos pacientes com rebordos atróficos, com menos de 8 mm de altura, principalmente na região posterior da mandíbula. No passado, as opções de tratamento que tínhamos para oferecer eram as cirurgias de aumento vertical de rebordo com regeneração óssea guiada (ROG) ou as cirurgias de deslocamento do nervo alveolar inferior para instalação de implante. Entretanto, ambas as técnicas apresentavam altas taxas de complicações1. Atualmente, podemos oferecer aos pacientes como alternativa para estes casos os implantes curtos (< 8 mm), que apresentam taxas de sucesso semelhantes aos implantes convencionais ou até superiores aos implantes longos instalados em sítios aumentados2-3.

A evolução dos projetos dos implantes e dos tratamentos de superfície vem possibilitando o desenvolvimento de implantes com menor comprimento sem que isso prejudique sua performance clínica. Isto nos permitiu ter atualmente implantes com comprimento de 4 mm. Assim, uma nova classificação em relação ao comprimento dos implantes foi sugerida, considerando implantes curtos aqueles com comprimento ≤ 8 mm e implantes extracurtos aqueles com comprimento menor do que 6 mm4.

Inicialmente, houve uma preocupação com a relação coroa/implante no uso dos implantes curtos e extracurtos. Porém, essa relação não se mostrou um fator de risco biomecânico importante. Uma revisão sistemática mostrou que uma maior relação coroa-implante não influenciou a perda óssea marginal peri-implantar, a ocorrência de complicações biológicas ou técnicas, e nem afetou o sucesso dos implantes5. Estudos clínicos e biomecânicos têm demonstrado a capacidade dos implantes extracurtos em resistir às cargas mastigatórias, permitindo um tratamento reabilitador previsível em longo prazo5-8.

Todavia, a instalação dos implantes curtos e extracurtos não pode ser considerada uma técnica simples e fácil. Ao contrário, ela exige treinamento e cuidados do profissional na precisão para a sua execução6. Devido ao seu tamanho reduzido, erros no preparo do leito receptor ou na instalação do implante podem comprometer a estabilidade primária e o tratamento protético, influenciando negativamente na sobrevivência e sucesso do implante.

Atualmente, os implantes extracurtos estão ganhando popularidade e aceitação na comunidade odontológica devido aos avanços em seus designs, tratamentos de superfície e técnica cirúrgica. Estes implantes têm sido empregados com sucesso em uma variedade de situações clínicas em que a quantidade de osso disponível é limitada e a reconstrução óssea não é uma opção viável ou desejável. Além disso, a utilização de implantes extracurtos tem se mostrado uma opção mais conservadora e menos invasiva em comparação às técnicas tradicionais de aumento ósseo, reduzindo o tempo de tratamento e proporcionando maior conforto aos pacientes. Assim, os implantes curtos e extracurtos devem ser preferidos quando o remanescente ósseo residual é suficiente para sua instalação3.

Apesar dos avanços e das crescentes evidências científicas que apoiam a eficácia dos implantes extracurtos, é importante ressaltar que a sua utilização ainda exige uma abordagem cuidadosa por parte do profissional. A seleção apropriada dos casos, a avaliação cuidadosa das condições ósseas e o planejamento do tratamento são fundamentais para garantir o sucesso a longo prazo desses implantes.

Além disso, a formação e atualização contínua do profissional no manejo dos implantes extracurtos são essenciais para evitar complicações e garantir resultados previsíveis e satisfatórios para os pacientes.

Dentro do exposto acima, apresentamos dois casos clínicos em que os implantes extracurtos foram utilizados, permitindo a reabilitação de casos complexos de forma simples e previsível.

CASO CLÍNICO 1

CASO CLÍNICO 2

Referências

  1. Calvo-Guirado JL, Torres JAL, Dard M, Fared F, Martínez CPA, Val JEMS. Evaluation of extrashort 4-mm implants in mandibular edentulous patients with reduced bone height in comparison with standard implants: a 12-month results. Clin Oral Implants Res 2016;27(7):867-74.
  2. Mendes PA, Silva VEA, Costa DV, Pinho MM, Chambrone L, Zenóbio EG. Effectiveness of extra-short (<6mm) implants compared to standard-length implants associated with bone graft: systematic review. Int J Oral Maxillofac Implants 2023;38(1):29-36.
  3. Radi IAE, Hythan A. Extra-short implants may be a viable alternative to longer implants with bone augmentation in atrophic maxillary and mandibular ridges. J Evid Based Dental Pract 2023;23(1):101800.
  4. Nizam N, Gurlek O, Kaval ME. Extra-short Implants with osteotome sinus floor elevation: a prospective clinical study. Int J Maxillofac Implants 2020;35(2):415-22.
  5. Ravidà A, Barootchi S, Askar H, Suárez-López Del Amo F, Tavelli L, Wang HL. Long-term effectiveness of extra-short (≤ 6 mm) dental implants: a systematic review. Int J Oral Maxillofac Implants 2019;34(1):68-84.
  6. Falisi G, Di Paolo C, Rastelli C, Franceschini C, Rastelli S, Gatto R et al. Ultrashort implants, alternative prosthetic rehabilitation in mandibular atrophies in fragile subjects: a restrospective study. Healthcare (Basel) 2021;9(2):175.
  7. Bordin D, Bergamo ETP, Bonfante EA, Fardin VP, Coelho PG. Influence of platform diameter in the reliability and failure mode of extra-short dental implants. J Mech Behav Biomed Mater 2018;77:470-4.
  8. Geramy A, Rokn A, Keshtkar A, Monzavi A, Hashemi HM, Bitaraf T. Comparison of short and standard implants in the posterior mandible: a 3D analysis using finite element method. J Dent 2018;15(2):130-6.