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Deve-se aumentar a espessura das bordas das peças antes da injeção?

Espessura das bordas: David Morita faz uma reflexão mais detalhada a fim de entender os princípios da hidrodinâmica.

A pergunta que dá o título a esse texto aborda um tema sobre o qual muitos gostam de opinar e fazer adaptações conforme lhes convém. Para tratar do assunto da maneira mais adequada, no entanto, vale a pena fazer uma reflexão mais detalhada e entender os princípios da hidrodinâmica. De qualquer forma, já posso adiantar que a resposta para a pergunta acima é um rigoroso “não”!

Antes de entrar no mérito da questão, é preciso avaliar em primeiro lugar: você possui um equipamento adequado para injeção de cerâmica? Tem seu equipamento de aquecimento de anéis de revestimento muito bem aferido e devidamente calibrado? Seus parâmetros de temperatura para cada tipo de pastilha (variações de opacidade), patamar e período de injeção estão de acordo com os valores recomendados? Todos os demais procedimentos técnicos estão respeitando as orientações dos fabricantes?

Em caso afirmativo, você pode utilizar a dica que compartilho a seguir em seu dia a dia e ter resultados muito melhores, mais previsíveis e mais rápidos. Gosto de lembrar sempre que o tempo é o recurso mais importante para o técnico em prótese dentária. Dessa forma, entendo que investir o tempo nos contornos adequados das peças durante a execução que antecede a injeção é sempre a opção mais inteligente. Isso se aplica tanto no procedimento analógico quanto no procedimento digital. Faça tudo antes de transformar seu projeto em material sólido.

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Enfim, voltando à questão principal, quando trabalhamos com injeções de cerâmica, devemos sempre estar atentos aos conceitos de hidrodinâmica. Eles indicam que materiais processados em estado líquido tendem a ocupar os espaços vazios em um determinado molde. No entanto, quando esculpimos uma peça extremamente fina, sabemos que o molde correspondente para futura reprodução daquela peça terá paredes muito próximas, o que dificultará a passagem do material derretido e poderá resultar em falha ao final do processo.

Uma alternativa adotada pela maioria dos técnicos para contornar esse problema é aumentar as espessuras da peça, pensando em desgastá-la posteriormente. No entanto, essa conduta implica em um investimento grande de tempo no processo, além do risco de provocar fraturas na cerâmica durante o desgaste.

Com a hidrodinâmica em mente, podemos mudar todo este cenário. Basta pensar na possibilidade de aumentar a passagem do material derretido para que o mesmo consiga alcançar regiões de difícil preenchimento. O molde se cria a partir do padrão esculpido, logo devemos direcionar e promover o deslocamento do material a ser injetado a partir do desenho do padrão criado. Ou seja, tudo que deixarmos positivo no padrão será a origem do negativo no molde. Conexões, linhas, ângulos e arestas podem mudar o direcionamento do material a ser injetado.

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Um grande exemplo que utilizo em minhas aulas quando quero expressar este assunto é o da montagem ideal de uma simples barraca de acampamento. Após a montagem da sua barraca, deve-se fazer canaletas ao seu redor para evitar que, em casos de chuva, o fluxo de água entre na barraca, molhando tudo e reduzindo a temperatura.

Trazendo o exemplo das canaletas para o laboratório, o técnico deverá criar linhas positivas com acréscimo de cera, partindo do sprue em direção às regiões que desejamos receber o fluxo de material aumentado durante a injeção. Dessa forma, o molde estará apto para reproduzir peças mais finas, e o tempo para eventuais desgastes e acabamentos também será muito menor. Confira o procedimento completo em detalhes nas imagens a seguir. Espero que a dica seja tão útil para você como é para mim.