Elcio Marcantonio Jr. e Daniel Guião debatem os implantes imediatos, um procedimento que se mostra bastante funcional e esteticamente previsível.
A instalação de implantes em alvéolos logo após a exodontia foi inicialmente proposta por Schulte et al. em 1978¹. Desde então, estudos vêm sendo realizados no sentido de suportar esta modalidade terapêutica.
O grande sucesso dos implantes imediatos se deve à menor duração do tratamento2, por muitas vezes não haver necessidade de abertura de retalho (melhor pós-operatório), e pelo fato da perda óssea fisiológica ser diminuída com a instalação imediata do implante3. Entretanto, a instalação de implantes imediatos é tecnicamente mais difícil de ser executada quando comparada a implantes instalados em rebordos cicatrizados.
A instalação de implantes imediatos pode ser realizada com a abertura de retalho ou sem retalho (flapless). É bem estabelecido na literatura que, quando a cirurgia é realizada sem retalho, os resultados estéticos são melhores do que quando se abre retalho4-5. Isso ocorre porque, no ato da incisão, o suprimento sanguíneo é interrompido, gerando uma resposta inflamatória que servirá de gatilho para reabsorção da superfície óssea que foi exposta6. As consequências estéticas da abertura de retalho em implantes imediatos podem ser decisivas, principalmente ao se avaliar a estabilidade de tecidos moles. A cirurgia flapless é mais eficiente na preservação da papila, na redução da dor pós-operatória, além de uma menor profundidade de sondagem peri-implantar quando comparada à técnica de retalho aberto5.
Implantes de diâmetro estreito têm sido bastante utilizados na área estética. Desta forma, o gap (espaço vestibular) pode ser preenchido com um biomaterial de lenta reabsorção (xenógeno ou sintético), prevendo a perda da tábua óssea vestibular que, por ser muito fina, é facilmente perdida no processo de remodelação óssea7. Além da reconstrução da parede vestibular com biomaterial, a utilização de enxertos de tecido mole nesta região é de suma importância, ainda pensando na compensação da perda de volume vestibular devido à remodelação óssea8.
Para o sucesso estético das reabilitações com implantes imediatos, a confecção de uma restauração provisória adequada é de extrema importância. Esta restauração, quando realizada no mesmo momento da instalação do implante, tem como objetivo a manutenção da arquitetura gengival além do selamento do biomaterial no alvéolo, muitas vezes evitando a necessidade de sutura do tecido. A confecção da coroa provisória de forma imediata deve ser preferencialmente parafusada, pois desta forma o condicionamento tecidual torna mais fácil a obtenção de um perfil de emergência compatível com o dente a ser restaurado. Outra vantagem das próteses parafusadas é a ausência de cimento no sulco peri-implantar, além da diminuição da inflamação peri-implantar e carga microbiana periodontopatogênica, diminuindo assim as chances de insucesso9. Além disso, a coroa provisória deve seguir contornos côncavos (área crítica e subcrítica)10 para que haja espaço para a acomodação dos tecidos moles ao redor da coroa.
Diante do exposto, podemos concluir que, desde que sejam seguidos os princípios biológicos, a instalação de implantes imediatos é um procedimento bastante funcional e esteticamente previsível.
Referências
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Elcio Marcantonio Jr.
Professor titular das disciplinas de Periodontia e Implantodontia, e coordenador do curso de especialização em Implantodontia – FOAr/Unesp; Professor colaborador do Ilapeo.
Orcid: 0000-0002-9660-4524.
Autor convidado:
Daniel Guião Fernandes
Mestre em Clínicas Odontológicas – PUC-Minas; Especialização em Implantodontia – APCD Araraquara; Coordenador do curso de especialização em Implantodontia – Exceo.