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Cirurgia guiada: acurácia e precisão nos eixos X, Y e Z

Fábio Bezerra afirma que as cirurgias guiadas devem ter alto nível de acurácia, assim como alto nível de precisão.

O fluxo de trabalho digital está cada vez mais presente nos consultórios, e uma das técnicas mais utilizadas atualmente é a cirurgia guiada para casos com diferentes níveis de complexidade.

A literatura é consistente em afirmar que este é um recurso extremamente válido para aumentar a previsibilidade dos procedimentos cirúrgicos, quando comparado às cirurgias realizadas sem o recurso de guias de orientação, mas também é clara ao afirmar que existe uma margem de erro presente neste tipo de técnica.

Para entender melhor este cenário, é fundamental definir alguns conceitos básicos e que, muitas vezes, geram confusão, como a diferença entre acurácia e precisão, assim como as variações existentes nos três eixos de posicionamento final dos implantes em relação ao que foi planejado. Acurácia e precisão são termos que passamos a utilizar em Odontologia, mas que têm sua origem na agrimensura.

Por definição, acurácia – que deriva do inglês accuracy – significa exatidão ou rigor. Ou seja, quando dizemos que uma medição é acurada, estamos nos referindo à exatidão da medida obtida em relação ao que foi planejado. Em outras palavras, uma cirurgia guiada com alto nível de acurácia quer dizer que o implante instalado estará em uma posição muito próxima àquela planejada virtualmente.

Já o termo precisão indica que os valores obtidos pelo processo de repetição nas medições realizadas em diferentes situações estarão muito próximos ao original, ou seja, existe repetibilidade no método empregado e isto pode afetar diretamente o resultado dos procedimentos cirúrgicos.

Entendendo as diferenças entre os termos e suas definições, é possível afirmar que as cirurgias guiadas deveriam ter alto nível de acurácia (a posição tridimensional dos implantes deveria estar muito próxima ao que foi planejado), assim como alto nível de precisão (a repetibilidade do método empregado deve garantir que um mesmo paciente ou pacientes diferentes recebam implantes com alto nível de acurácia), Figura 1.

Acurácia e precisão podem ser medidas em relação aos três eixos de inserção dos implantes (X, Y e Z) e podem ser classificadas em desvio global ou angular, desvio em profundidade e desvio lateral (Figura 2), sendo importante saber que sempre haverá uma diferença entre o planejado e o executado, e que existem fatores, como o tipo de apoio do guia cirúrgico (dente, mucosa ou osso), qualidade da aquisição das imagens tomográficas, sobreposição das malhas da tomografia e do escaneamento, qualidade da impressão do guia e assentamento clínico passivo, que poderão impactar diretamente no resultado e na acurácia final do procedimento realizado. Se pensar na cirurgia guiada como elos de uma corrente, todas as etapas do processo devem ser parametrizadas para obter o máximo de benefícios desta técnica que, sem dúvidas, veio para ficar e estará cada vez mais presente nos cursos de graduação e pós-graduação em Odontologia, assim como nos consultórios (Figuras 3 a 8).

Fica a dica: para chegar a um alto nível de acurácia, é importante construir parcerias com centros de radiologia ou planning centers capacitados, utilizar tomografias, escaneamentos, softwares, impressoras, resinas, kits cirúrgicos e implantes com ótimo respaldo científico. E, para ter precisão, é essencial manter todo este processo parametrizado e só fazer mudanças que impactem positivamente na acurácia dos resultados clínicos.