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Cinco perguntas para Ronald Jung

Ronald Jung, presidente da EAO, compartilha sua experiência e desafios na disseminação de conhecimento ao redor do mundo.

Referência mundial sobre manejo de tecidos duros e moles e importante nome nas pesquisas de novas tecnologias na Implantodontia, o professor suíço Ronald Jung é chefe do Departamento de Odontologia Reconstrutiva da Universidade de Zurique, na Suíça, além de ser o atual presidente da Associação Europeia de Osseointegração (EAO). Em conversa com a equipe da ImplantNews, o especialista explicou sua filosofia clínica diária, esclareceu sobre pesquisas e abordagens recentes e deu dicas para quem está iniciando na área de Osteologia.

1) Como é a sua filosofia clínica diária na Universidade e o que explica tanto sucesso com o Programa de Estudantes Internacionais?
Ronald Jung – Na atividade clínica na Universidade de Zurique, tenho hoje uma situação onde mais de 60% dos meus pacientes tiveram complicações. Tenho pacientes vindos da Austrália, do oeste da América do Norte e do Oriente Médio porque eles tiveram tratamentos realmente comprometidos, e quando a pessoa passa por isso uma vez, simplesmente não quer que mais nada dê errado. Eles fazem um esforço para viajar até lá para fazer isso. Eu fico muito triste ao ver o que os cirurgiões-dentistas estão fazendo com os pacientes em todo o mundo. É por isso que acho que devemos colocar o foco mais na Odontologia, não apenas no implante. Devemos focar na saúde geral.

Como líder de opinião internacional e professor, meu trabalho é fornecer tratamentos melhores a mais pacientes, tratamentos menos invasivos e mais previsíveis. Isso significa que precisamos educar os cirurgiões-dentistas não apenas sobre uma técnica sofisticada, mas para uma Odontologia que considere a saúde como um todo, de um ponto de vista abrangente, e não apenas fale sobre “agora eu tenho um implante que tem uma perfuração a mais do que o outro”. É sobre o conteúdo, as orientações para auxiliá-los na prática diária. É nessa direção que precisamos ir. Vejo o que aconteceu com tantos pacientes e esta é a minha motivação, ter mais pacientes com tratamentos bem-sucedidos.

2) Sobre a EAO e o que está acontecendo de mais importante, existe alguma pesquisa ou atividade específica que você possa apontar? Fale também sobre a relação entre a EAO e a Associação Brasileira de Osteologia.
Ronald Jung – Sou presidente da EAO para 2023 e 2024. A EAO está realmente se desenvolvendo muito bem, podemos ver isso pela quantidade de patrocínios. Temos agora, a cada ano, mais patrocinadores que querem fazer parte do congresso, o que também é um bom sinal porque a indústria não quer fazer parte de um congresso quando ele não tem sucesso. Então, do ano passado até este ano, tivemos mais de 12% de aumento de patrocínios.

A EAO tem se tornado uma organização importante, não só para a Europa, mas também para o mundo. Sempre temos muitos japoneses, eles são o segundo em maior número de cirurgiões-dentistas na EAO. Além disso, os brasileiros são uma comunidade muito ativa. A EAO está fazendo isso porque precisamos ser iguais. Todos os anos escolhemos um país parceiro que também tenha benefícios de registro. Em 2019, o Brasil foi o país parceiro e foi muito bem recebido, houve muita presença de brasileiros.

Este ano, o congresso acontece em Berlim, e a Alemanha tem uma relação estreita com a Turquia – muitos turcos trabalham no país – por isso este é o país convidado.

3) Você pode dar alguma dica para quem está iniciando na área de Osteologia?
Ronald Jung – A Osteologia está ligando a Ciência à prática. Há dois grupos: de um lado, os que estão realmente proporcionando educação aos cirurgiões-dentistas de todo o mundo, ao nível da Regeneração em Odontologia. Também acredito que a Osteologia precisa passar a incluir mais tópicos do que apenas este, é isso que fazemos com os congressos. A outra parte é que a força especial da Osteologia é promover jovens talentos e jovens pesquisadores que realmente irão mais longe e se tornarão líderes de opinião que queiram tornar-se professores universitários, proporcionando-lhes um excelente portfólio de diversas atividades, a começar por se tornarem estudantes de Osteologia.

Hoje temos vários colegas que começaram no exterior, esta é uma virada de jogo em suas vidas. Transforma significativamente a vida do profissional e o aproxima da rede comunitária de jovens que não se satisfazem apenas em atender pacientes todos os dias, eles querem fazer mais do que isso.

Penso que a Osteologia tem um papel muito importante para conectar esses jovens talentos e ter diferentes opções para torná-los melhores pesquisadores e melhores professores.

4) Quais são os resultados e sua percepção sobre os dois livros das diretrizes de Osteologia dos quais você participa?
Ronald Jung – Creio que a Osteologia seguiu um caminho diferente de outras organizações. Ela quer unir a Ciência à prática. Esse também é o slogan da especialidade. Os livros não são tradicionais, como temos na Odontologia, que descrevem como devemos fazer, como colocar um implante ou como fazer um aumento ósseo. Esses livros destinam-se principalmente a pesquisadores e cientistas para ajudá-los a fazer pesquisas corretas e lucrar com isso.

Não há nenhuma outra organização que se concentre apenas nesta atividade de investigação. É um grupo menor ao qual você pode se dirigir. Estes livros nunca estarão em todos os consultórios odontológicos, mas estarão em locais onde alguém esteja interessado na pesquisa. Cabe a um estudante de doutorado ou a um professor dar a todos, independentemente de a pessoa ter tido a chance de estar em uma universidade de ponta ou não, a chance de aprender com os melhores e de aprender o que significa fazer um projeto de pesquisa adequado.

Trata-se de realmente preencher a lacuna entre a literatura padrão, como a que temos aqui, para aprender de forma mais prática o que se faz diariamente, e a parte científica. Então, para preencher essa lacuna, temos que fornecer informações sobre como fazer ciência em Odontologia.

5) Em Osteologia, o que podemos considerar o procedimento mais recente? Há algo novo chegando ou que você considere que tenha mudado a Osteologia no mundo?
Ronald Jung – O que torna a Osteologia forte é ter uma das maiores redes de conhecimento do mundo. Não conheço nenhuma organização que tenha tantos líderes de opinião importantes como a Osteologia. Ela está fazendo um trabalho muito bom e se tornando uma organização independente, e isso é muito importante para alcançar um impacto mais global. Penso que essa é a forma correta de proceder, ligando a Ciência e a prática, proporcionando uma educação de alto nível.

A educação de nível superior não tem nada a ver com o país de origem, com a cor de pele que a pessoa tem, com a língua que você fala, se é pobre ou rico, não importa. Queremos apenas ter mais propriedade do paciente, com tratamentos melhores e mais bem-sucedidos.