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Cinco perguntas: Maristela Lobo

Uma das mais relevantes figuras da Odontologia Estética Multidisciplinar brasileira, Maristela Lobo tem mais de 20 anos de experiência na atuação em áreas como Periodontia, Dentística e Harmonização Orofacial. Atual coordenadora da especialização e mestrado especial na faculdade São Leopoldo Mandic, Maristela Lobo construiu uma trajetória que valoriza a multidisciplinaridade e a integração de perspectivas e visões diferentes para um melhor diagnóstico e um tratamento assertivo. Além disso, Maristela é colunista da ImplantNews e será Head no Index25, um evento sobre inovação e aplicabilidade técnica. Em uma conversa com a equipe da revista, a professora explicou sua atuação no congresso, abordou o momento atual da HOF, opinou sobre guias cirúrgicos e lesões cervicais não cariosas. Confira!

1. O que o público pode esperar da Maristela Lobo no Index25?
No Index25, estou como Head na área de business, reunindo grandes nomes e discussões de alto nível envolvendo postura ética em Odontologia, visão de futuro, empreendedorismo e Odontologia sustentável. Antes de sermos bons profissionais técnicos, precisamos entender qual a nossa posição enquanto prestadores de serviço na área da Saúde, promotores de bem-estar físico e emocional e praticantes da Odontologia do cuidado. Temos a responsabilidade de exercer a promoção da saúde com ética e parcimônia, entregando o melhor diagnóstico possível para solucionar os problemas complexos que os pacientes nos trazem, bem como sugerir caminhos terapêuticos livres de mercantilismo. Nesse contexto, o Index25 é um evento disruptivo e multidisciplinar, características com as quais eu me identifico.

2. Já temos um bom tempo desde a aprovação da HOF como especialidade na Odontologia. Sob a óptica da Periodontia, quais práticas você considera consagradas nesse período?
A Harmonização Orofacial é uma especialidade nobre e muito necessária, tornando o cirurgião-dentista ainda mais completo. Por ser uma área nova, é preciso cautela na escolha dos cursos de formação – que devem ser longos, devido à longa curva de aprendizado dessa área – e também parcimônia na implementação de suas intervenções, dando preferência aos procedimentos que conectam sorriso e face, de maneira funcional e estética, e que se comportam de maneira sustentável com o passar do tempo. A interface entre a Periodontia e a HOF é notável e benéfica, pois as duas especialidades trabalham com os tecidos de suporte (duros) e com os tecidos moles. Então, a biologia tecidual aplicável à Periodontia também pode ser extrapolada ao entendimento da HOF. Podemos ver tal interface nas cirurgias intraorais e extraorais, no manejo do sorriso gengival e/ou das disfunções labiais, bem como no uso de produtos implantados que agem como bioestimuladores ou produtos injetados capazes de acelerar a cicatrização do tecido mole. Inclusive, temos estudado essas interfaces nos cursos de mestrado em HOF e especialização em Periodontia que coordeno atualmente.

3. Colocando em perspectiva os guias cirúrgicos CAD/ CAM ou por impressão 3D, o que você considera na sua rotina e em quais casos de pacientes?
Honestamente, uso os guias cirúrgicos em pouquíssimos casos dentro da Periodontia. As periodontoplastias devem ser profundamente – e biologicamente – entendidas antes de pensarmos em guias, embora saibamos que não é isso que acontece atualmente. Os guias são excelentes, no entanto, nos casos em que as referências anatômicas (como a JCE) não estão presentes. Casos sem referência devem ser planejados com guias, e digo o mesmo em relação aos implantes. Os guias podem ser necessários, mas não em todos os casos. Precisamos entender que a Odontologia Digital é uma ferramenta poderosa e será utilizada em muitos casos, mas não em todos eles.

4. Lesões cervicais não cariosas: em longo prazo, o que tem sido mais proveitoso na clínica do ponto de vista periodontal para os pacientes?
As lesões cervicais não cariosas (LCNCs) são bastante frequentes e a perda tecidual mais grave é a combinada, quando existe perda de tecido dental coronário (abfração), radicular (abrasão e biocorrosão) e periodontal (recessão). Quando os três defeitos estão juntos, faz-se necessário aliar a Dentística com a Periodontia, após a modulação/remoção de fatores etiológicos, para reconstruir os tecidos perdidos. Restaura-se a porção coronária do defeito e recobre-se a porção radicular. Quando há sucesso nesse tratamento, cessa-se a hipersensibilidade dentinária e devolvem-se a anatomia, a função e a estética da região.

5. Como você concilia sua rotina familiar com a vida profissional e quais suas recomendações para quem está adentrando o mundo da Odontologia?
Eu me realizo com meu trabalho e me dedico bastante a ele. No entanto, sou uma pessoa com vida pessoal, e a persona “Dra. Maristela Lobo” precisa ser uma parte da pessoa Maristela. Eu me dedico a essa separação de papéis de maneira focada, e tem dado certo, na medida em que não me cobro ser perfeita em tudo. Eu já passei dessa fase. Procuro levar a vida leve, mas dar atenção plena à atividade que estou executando no momento presente, seja trabalho ou lazer, com honestidade e humildade. Minha sugestão para os novos e jovens cirurgiões-dentistas é: escolha bons cursos de educação continuada, seja um profissional aplicado e ético, faça o que te faz bem e dedique-se a conhecer a si mesmo(a) nessa jornada maravilhosa que é a vida. No fim vai dar tudo certo. Só não esqueça de aproveitar a jornada.