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Carga imediata: por que e como chegamos até aqui?

A ImplantNews completa 20 anos e viaja na evolução de alguns tópicos da Reabilitação Oral neste período.

Há 20 anos, a ImplantNews informa, passo a passo, o desenvolvimento da Reabilitação Oral. A carga imediata faz parte desta história e nasce por um grande desejo de encurtar a ansiedade dos pacientes frente aos seus dentes novos. Essa “chama” se arrastou por toda a década de 1990 nos campos científico e clínico, e também veio embalada pela revolução tecnológica global em todos os campos econômicos. Contrário às catástrofes, o único “apagão” que se viu na virada dos anos 2000 foi a aposentadoria do conceito de que não se podia mais fazer o carregamento imediato dos implantes dentários quando o ambiente era propício. Afinal, ideias se tornam obsoletas, mas pessoas não, já que as mais visionárias refutam conceitos ultrapassados.

Tudo isso foi baseado apenas na faixa de micromovimentação (os famosos 50-150 micrometros)? Não. Os números, e até os cortes histológicos de pacientes pós-mortem, deram a partida com a experimentação clínica subsequente trazendo os planos A e B. A “carga imediata” já delineava um plano de voo seguro: implantes “secundários” (parte A) seriam ativados no mesmo dia, enquanto implantes “primários” (parte B) ficariam em cicatrização submersa pelo tempo já preconizado.

Ao medir o efeito da carga imediata e da carga convencional no mesmo paciente, constatou-se que o Periotest dava resultados semelhantes. Nas radiografias, as interfaces transpareciam normalidade. Quando essa metodologia foi repetida em outros centros, as taxas de sobrevivência ficaram perto dos 85-95%. A carga imediata seria uma opção viável. Nessa época, é interessante observar que muitos pacientes também tinham dentes comprometidos e passaram pelas próteses de transição (já implantossuportadas): os próprios dentes preparados como pilares estratégicos caso houvesse falha nos implantes dentários em carga imediata, considerando todas as restrições nos tamanhos dos cantiléveres.

Alguns desenhos de próteses lembravam o design fixo com dentes individualizados. A carga imediata se espelhava na mecânica da prótese periodontal, buscando uma distribuição ampla e simétrica de forças, com redução nas inclinações das cúspides e no tamanho das mesas oclusais. Esse era o modo mais simples de fazer a prótese em carga imediata nos implantes dentários.

No final dos anos 1990, houve uma tentativa de padronizar o processo, em função da preocupação com a micromovimentação: apenas três implantes seriam utilizados na arcada mandibular. As barras das próteses eram pré-fabricadas. Para que o gabarito cirúrgico se ajustasse, era necessário reduzir o osso basal em altura e acomodar implantes de 5 mm de diâmetro. Com os implantes todos paralelos, a proposta seria, ao apertar os parafusos finais, que a barra inferior se deformasse sobre a região coronal dos implantes, compensando a possível falta de assentamento passivo. A prótese final estaria conectada à barra superior e não parafusada diretamente nas fixações.

Em meados dos anos 2000, o sistema acima ainda se limitava ao posicionamento dos implantes entre os forâmenes mentuais. Então, que tal “incomodarmos” um pouco a biomecânica? Vamos angular o ápice dos implantes mais distais para mesial e reduzir o tamanho do cantiléver protético? Na maxila, inclusive. Havia componentes e tecnologia. Que tal fazermos a carga imediata simultaneamente nas arcadas maxilar e mandibular? Havia mais tecnologia de imagem.

A carga imediata estava definida como a prótese conectada aos implantes dentro de uma semana após a sua colocação. Enquanto o número mínimo de implantes na mandíbula se revelava (pareciam quatro), a maxila receberia a maior quantidade possível (seis seriam ideais). Em 2014, o valor sugestivo mínimo de torque caiu dos 35 Ncm para 30 Ncm, com o ISQ chegando aos 60. Milhares de pacientes foram beneficiados.

Esse desejo, de restaurar o paciente do ponto de vista funcional e estético só tem aumentado: há novos protocolos de colocação imediata/carga imediata combinados, inclusive nas próteses parciais e unitárias, alguns com validação suficiente. Se por um lado é benéfico colocar o implante mais cedo, evitando-se a reabsorção óssea, fatores como a falta de experiência cirúrgica e de osso para estabilizar o implante podem adiar ou até mesmo impedir esse cenário. Fica o alerta.