Barbell Technique: professores da SL Mandic desenvolveram um novo conceito em reconstrução óssea que permite o aumento ósseo horizontal de forma bidirecional.

A demanda pela reabilitação com o uso de implantes osseointegráveis tem aumentado de forma significativa. Com isso, surge a necessidade de sítios com quantidade e qualidade óssea adequadas para a instalação das fixações em sua posição tridimensional proteticamente determinada. É sabido que, após a perda do elemento dentário, a falta de estímulo proveniente do ligamento periodontal cessa. Assim, existe um processo de reabsorção fisiológica, levando à perda de até 35% de volume nos primeiros seis meses, conforme demonstrado em um artigo publicado pelo grupo de pesquisadores da Faculdade São Leopoldo Mandic, em 2010, no periódico internacional Clinical Oral Implants Research – Pelegrine et al. 2010;21(5):535-42.

Baseadas neste fato, várias técnicas cirúrgicas de enxertia são descritas na literatura para aumento ósseo horizontal. Entretanto, tais técnicas se baseiam na reconstrução tecidual de forma unidirecional, ou seja, apenas pelo aspecto vestibular. Contudo, é necessário atentar para o fato de que, apesar das paredes ósseas vestibulares serem mais delgadas e sofrerem maior trauma durante os procedimentos de exodontia, a perda óssea na região palatina/ lingual não pode ser negligenciada.

Cerca de um terço de toda a perda óssea horizontal, relatada no estudo acima, corresponde à porção palatina. Do ponto de vista clínico, torna-se patente o fato da reconstrução de somente uma das paredes ósseas possibilitar que os implantes fiquem posicionados de forma vestibularizada, levando à necessidade de correção protética com o uso de componentes angulados. Com isso, muitas vezes o desenho final da reabilitação pode comprometer tanto a estética quanto a biomecânica.

Diante desse quadro, professores da Faculdade São Leopoldo Mandic de Campinas desenvolveram um novo conceito em reconstrução óssea chamado Barbell Technique, que tem o objetivo de permitir o aumento ósseo horizontal de forma bidirecional. A nota técnica a respeito do conceito e dispositivo foi publicada pelo grupo em 2020 no periódico internacional Journal of Oral Implantology (Pelegrine et al. 2020) e, recentemente, em 2023, o mesmo grupo acaba de publicar um estudo clínico prospectivo com análises tomográficas a respeito do conceito e técnica (Macedo et al. 2023). Este estudo foi realizado com dez pacientes de ambos os sexos que demandavam aumentos ósseos horizontais bidirecionais previamente à instalação de implantes osseointegráveis. Todos os pacientes foram submetidos ao exame de tomografia computadorizada cone-beam para análise e categorização dos defeitos ósseos. Desta forma, os pacientes foram separados em dois grupos de cinco: grupo HAC-3 e grupo HAC-4, baseados na classificação publicada pelos pesquisadores em 2018 (Pelegrine et al. Braz Oral Res 2018).

A classificação está baseada na presença ou não de tecido medular na região do defeito ósseo, e é preditora quanto à seleção do material de enxertia. Os procedimentos cirúrgicos foram realizados com o uso de biomaterial xenógeno particulado (Bio-Oss, Geistlich Pharma AG – Wolhusen, Suíça) no grupo HAC-3. No caso dos pacientes do grupo HAC-4, o biomaterial foi misturado com osso autógeno proveniente de raspador ósseo.

Ambos os grupos receberam o dispositivo Barbell para permitir o suporte adequado e manter o espaço necessário à nova formação óssea. Todos os pacientes receberam uma membrana de colágeno natural (Bio-Gide, Geistlich Pharma AG – Wolhusen, Suíça) recobrindo o enxerto. Os resultados mostraram que a técnica é eficaz para casos de aumentos ósseos bidirecionais, tanto HAC-3 quanto HAC-4, sem a necessidade de telas de titânio, blocos ósseos ou membranas de PTFE (politetrafluoretileno) com reforço de titânio que, apesar de serem eficazes, apresentam riscos de exposição. As imagens tomográficas, clínicas e as tabelas demonstrando os resultados são retratadas abaixo.