A percepção estética em Odontologia vai além da proficiência técnica. Ela abrange uma compreensão de simetria, proporção, cor e harmonia. Os cirurgiões-dentistas devem considerar não apenas as características individuais dos dentes de um paciente, mas também suas características faciais, dinâmica labial e até mesmo a personalidade. Esta abordagem holística garante que o resultado final complemente os atributos únicos do paciente, criando um sorriso que parece natural e harmonioso.
A Odontologia Estética apresenta seu próprio conjunto de desafios, exigindo que os cirurgiões-dentistas enfrentem complexidades que vão além da experiência clínica. As preferências culturais, as normas sociais e as percepções individuais de beleza variam amplamente, tornando essencial que os dentistas se comuniquem eficazmente com os pacientes para compreenderem plenamente os seus desejos e expectativas.
Dentro desse contexto, uma das linhas de pesquisa do curso de mestrado em Prótese Dentária da Faculdade São Leopoldo Mandic, orientado pelo Prof. Dr. Marcelo Lucchesi Teixeira, envolve a percepção da estética dentofacial. Essa é uma linha de pesquisa que trouxe alguns resultados interessantes e algumas reflexões necessárias para quem trabalha com estética. De um modo geral, as pesquisas que envolvem percepção de estética utilizam: 1) Fotografias, que podem ser de pessoas reais ou modificadas digitalmente para testar situações específicas; e 2) Avaliadores, os quais podem ser classificados de acordo com o grupo a ser estudado. Dentro dessa metodologia, pode-se escolher avaliar parâmetros específicos, como o impacto da proporção altura x largura dos incisivos centrais ou mesmo a cor dos dentes, por exemplo, ou parâmetros culturais.
Nessa linha de pesquisa, foram analisadas situações fabricadas digitalmente, como o trabalho do aluno Jainilton Pinheiro, que avaliou a preferência dos cirurgiões-dentistas em relação às diferentes proporções entre os dentes anteriores descritas na literatura como agradáveis. Outros trabalhos avaliaram a percepção de estética em faces e sorrisos por diferentes grupos de avaliadores (cirurgiões-dentistas clínicos em diferentes faixas etárias, maquiadores e cabeleireiros, leigos e especialistas em Harmonização Orofacial). Nesse conjunto de trabalhos, os alunos Thiago Kreft, Denis Reis Alonso, Lucio Monteiro e Paula Regina Benites verificaram que algumas características são mais impactantes na percepção de estética, independentemente do grupo avaliador: cor dos dentes, altura do sorriso, proporção (largura x altura) dos incisivos centrais superiores e arquitetura gengival.
Outro fator bastante impactante foi o fato de que a avaliação do sorriso promoveu resultados diferentes dos obtidos pela avaliação da face, demonstrando ser fundamental a análise dentofacial na rotina dos dentistas que trabalham com estética. Um fator preocupante, contudo, foi o fato de que os maquiadores e cabeleireiros tiveram uma percepção de estética mais homogênea quando comparados aos cirurgiõesdentistas, o que gera a necessidade de se pensar em uma formação mais sólida para os quesitos estéticos nas faculdades de Odontologia.
Com base nisso, é possível concluir que a percepção estética desempenha um papel fundamental na Odontologia moderna, moldando a forma como os cirurgiõesdentistas abordam o design e a restauração do sorriso. Ao aliar o conhecimento científico à sensibilidade artística, os profissionais podem transformar sorrisos e, por extensão, melhorar a qualidade de vida dos seus pacientes. À medida que o campo continua a evoluir, abraçar os princípios da percepção estética continuará a ser essencial para a prestação de cuidados dentários verdadeiramente excepcionais.
Conteúdo disponibilizado pelo corpo docente da Faculdade São Leopoldo Mandic: André Pelegrine, Antonio Carlos Aloise, José Luiz Cintra Junqueira, Luís Guilherme Macedo, Marcelo Napimoga, Marcelo Lucchesi Teixeira e Vagner Ortega.