Estudo recente amplia a importância da regeneração óssea e a necessidade de se exercitar o equilíbrio e controle das forças oclusais.
Quando colocamos uma força (stress) sob uma superfície, ela pode se deformar (strain) de forma elástica (reversível) ou plástica (permanente). Esta deformação é medida dividindo-se a quantidade que deformou pelo comprimento inicial. Por exemplo, se uma barra mede 100 cm e ela deforma (alonga) 1 cm, a deformação é representada por 1 cm/100 cm – ou seja 0,01 ou, em porcentagem, significa 1%.
Assim, a deformação se torna uma quantidade adimensional e facilita a comparação com materiais diversos. Sob ação da força oclusal, o dilema da deformação (strain) é vivido todos os dias, tanto pelo ligamento periodontal quanto pelo implante dentário. No tecido ósseo, em quantidades ótimas, essa deformação provoca ativação celular.
Em 2002, em um consenso realizado em Barcelona (na Espanha), as forças mastigatórias elevadas e/ou parafuncionais, o baixo volume ou densidade óssea e a falta de estabilidade inicial já eram considerados fatores de risco para falha do implante. Há 18 anos, quando a revista ImplantNews surgiu, em 2004, o tema de abertura do primeiro simpósio – com o Prof. Brånemark – foi as possibilidades da carga/carregamento imediato. Ao longo dos anos, a única definição que sofreu leve mudança foi a carga convencional (prótese em oclusão pelo menos após três meses na mandíbula e seis meses na maxila), sendo a carga imediata estendida para até 72 horas. Mesmo assim, não existe uma definição ou consenso sequer que desconsidere o estado ósseo local (e como atingir os tais “níveis de deformação” nos pacientes).
Agora, um estudo recente em camundongos mostrou que, quando o implante dentário é deixado submerso e ativado apenas depois do período de osseointegração, a quantidade de deformação peri-implantar aumenta, gerando o acúmulo de osso novo, contrabalanceando o binário remodelação fisiológica/ deformação (strain) e aproximando-se da deformação no ligamento periodontal em dentes naturais. Então, teríamos atingido o tal “nível ideal”?
Certamente, as discussões não se encerram por aqui. Mas reforçam que a opção de colocar o implante dentário em carga ou não é decisão do profissional. Também, isto amplia a importância da regeneração óssea e a necessidade de se exercitar o equilíbrio e controle das forças oclusais.
Que este seja um ano sensacional! O IN 2022 está chegando e será um prazer rever todos vocês por lá.
Paulo H. O. Rossetti
Editor científico de Implantodontia.
Orcid: 0000-0002-0868-6022
Antônio Wilson Sallum
Editor científico de Periodontia.
Orcid: 0000-0002-7158-984X
Marco Antonio Bottino
Editor científico de Prótese Dentária.
Orcid: 0000-0003-0077-3161