Luis Calicchio descreve as etapas de reabilitação oral superior de segundo molar a segundo molar no fluxo analógico e no digital.
O desenvolvimento do scanner intraoral foi um dos principais avanços tecnológicos da Odontologia. Trata-se de uma ferramenta imprescindível que adotei em minha rotina e que oferece muito mais conveniência e conforto ao paciente durante as consultas. Para descobrir como tirar melhor proveito dessa solução em casos complexos de reabilitação oral, vamos comparar o passo a passo dos fluxos analógico e digital.
No fluxo analógico de uma reabilitação oral, o dia do preparo dental e moldagem era bem estressante, tendo em vista a complexidade envolvida, o número de etapas a serem seguidas e o desconforto ao qual o paciente era submetido.
As vantagens do fluxo digital são tão evidentes que tenho até calafrios ao relembrar que utilizei o fluxo analógico durante tantos anos. Não tenho dúvidas de que a tecnologia do escaneamento intraoral elevou a qualidade da Odontologia a um patamar de excelência, tanto pela experiência mais agradável que oferece ao paciente durante a moldagem quanto pela economia de tempo, recursos e energia que proporciona ao profissional.
Fluxo analógico
A seguir, descrevo as etapas de como seria feita uma reabilitação oral superior de segundo molar a segundo molar (dentes 17 ao 27), realizadas em sessão única.
- Moldagem em silicone de adição do provisório ou mock-up em posição. Isso serviria tanto para a confecção do provisório pós-preparo quanto para o laboratório ter uma referência para a confecção da cerâmica.
- Anestesia da bateria posterior direita. Preparo dos molares e pré-molares. Fazer o registro de oclusão parcial.
- Anestesia da bateria posterior esquerda. Preparo dos molares e pré-molares. Fazer o registro de oclusão parcial.
- Anestesia da bateria anterior. Preparo dos incisivos e caninos. Fazer o registro de oclusão parcial.
- Anestesiar toda a boca do paciente para início da colocação do primeiro fio retrator.
- Inserção do fio retrator em todos os dentes.
- Complementar a anestesia para a inserção do segundo fio retrator.
- Inserção do segundo fio retrator. Nesta fase, o paciente provavelmente já estaria cansado, estressado e sentindo muita dor ou incômodo devido aos procedimentos. O cirurgião-dentista também já mostraria sinais de cansaço e estresse.
- Realização do processo de moldagem.
- Confecção da prótese provisória.
Fluxo digital
Abaixo descrevo um caso clínico com a mesma estrutura do fluxo analógico citado anteriormente: reabilitação oral superior de segundo molar a segundo molar (dentes 17 ao 27) realizada em sessão única.
D. Esta sequência é repetida em todos os dentes da arcada superior. Destacamos como vantagens:
– Uma única anestesia para preparar e já capturar a imagem do preparo.
– Colocação do fio de afastamento dente a dente, o que penaliza menos o tecido gengival e oferece um conforto muito maior em relação ao fio de afastamento.
– Maior rapidez no atendimento e menor custo com material, além do menor uso de anestésico e fio de afastamento, pois este pode ser utilizado repetidamente.
– Possibilidade de avaliação do preparo automático, viabilizando a detecção de pontos de melhorias imediatos.
– Menos estresse para o cirurgião-dentista durante o processo.
E. Finalizadas as capturas individuais, basta fazer um escaneamento total da arcada com os dentes preparados, mas sem a preocupação com o afastamento gengival, uma vez que todos os detalhes do preparo já foram capturados nos escaneamentos individuais. A seguir, inicia-se renderização da imagem e o próprio software levará a arcada preparada para a posição maxilomandibular capturada no início da consulta. A tecnologia faz isso usando pontos do tecido gengival, palato e estruturas dentais que não foram modificadas para fazer este casamento das malhas. Uma avaliação detalhada dos preparos e espaços oclusais pode ser feita de maneira simples e rápida antes do envio do arquivo para o laboratório, garantindo maior previsibilidade no resultado final do trabalho.
F. O próprio scanner envia o arquivo (formato proprietário ou STL) diretamente para o laboratório ao final do processo.