A matriz colágena reticulada é uma estrutura de colágeno ossificante volumizante, indicada para procedimentos de ROG, RTG e aumento tecidual horizontal.
A instalação imediata de implantes em sítios de extração associada a técnicas de preservação óssea é capaz de manter uma maior quantidade de volume tecidual. A literatura mostra que implantes cônicos, com plataforma estreita e do tipo cone-morse, tendo uma boa localização tridimensional e com a posição vertical da plataforma em torno de 2 mm abaixo da crista óssea vestibular, permitem conduzir resultados previsíveis. Além disso, quando o diâmetro do implante se associa a um correto posicionamento, é possível obter o espaço apropriado entre a tábua óssea vestibular e a superfície do mesmo (o chamado “gap” entre implante e osso vestibular) para a regeneração com substitutos ósseos1-5.
Entretanto, mesmo com a colocação imediata do implante, o uso de substitutos ósseos de absorção lenta não consegue impedir completamente a alteração da crista óssea bucal após a extração dentária. Desse modo, técnicas de otimização do fenótipo tecidual devem ser aplicadas para minimizar essa reabsorção2-5. Tais técnicas incluem o enxerto de tecido conjuntivo (ainda o padrão-ouro desse tipo de terapia), matrizes dérmicas acelulares e matrizes colágenas reticuladas.
A matriz colágena reticulada é uma estrutura de colágeno ossificante volumizante, indicada para procedimentos de regeneração óssea guiada (ROG), regeneração tecidual guiada (RTG) e aumento tecidual horizontal. Pode ser usada em procedimentos com ou sem enxerto ósseo, para fornecer entre 2 mm e 4 mm de volume. É uma estrutura 3D fabricada a partir de fibras de colágeno tipo I reticuladas com açúcar (ribose), extraídas e purificadas de tendões suínos, e possui aproximadamente 2 mm de espessura6-9. O caso clínico apresentado a seguir demonstra o uso desta matriz.
Paciente do sexo feminino, com 67 anos de idade, apresentava coroa metalocerâmica desadaptada retida com núcleo intracanal e suspeita de fratura radicular no elemento 11, sendo encaminhada para tratamento com implante (Figura 1).
Após a avaliação tomográfica e confirmação da fratura, o planejamento digital foi realizado através do software BlueSky Bio, e um implante Ankylos foi instalado (Figuras 2 e 3). Na mesma seção, um abutment Standard A 3×6 foi instalado e a coroa temporária foi confeccionada com resina bisacrílica. Reembasamento, acabamento e polimento foram realizados com resina flow no análogo do pilar, fora da boca.
Na região da mucosa alveolar, entre os elementos 12 e 13, foi realizada uma incisão vertical, que estava conectada com a margem cervical no local do implante, criando um túnel com o uso lâminas de bisturi 15-C e tunelizadores, onde então foi inserida a matriz colágena reticulada Ossix Volumax (Figuras 4 e 5). Sutura interrompida simples foi realizada na incisão relaxante com fio 5-0 Soft Blue, da Techsuture.
É importante ressaltar a necessidade do uso de um fio expansivo, já que uma característica deste biomaterial é sofrer um aumento de volume durante o período de cicatrização (Figuras 6 e 7). O espaço entre a tábua óssea vestibular e o implante foi preenchido com osso xenógeno em esponja de colágeno. Nas Figuras 8 a 10, é possível verificar o pós-operatório de quatro meses, aspectos vestibular e incisal intrabucal, com e sem provisório, evidenciando a adequada espessura tecidual vestibular obtida.
A terapia com implante dentário é um tratamento que requer planejamento detalhado, pois é necessário considerar fatores que podem influenciar na preservação tecidual e nos resultados estéticos finais. A seleção adequada do implante, o correto posicionamento tridimensional, a aplicação de técnicas de preservação óssea e de otimização do fenótipo, entre outros, são fatores fundamentais para o sucesso desse tratamento. A utilização da matriz colágena reticulada suína, quando adequadamente indicada, pode contribuir significativamente para a manutenção dos tecidos moles peri-implantares, com algumas vantagens em relação à utilização do enxerto de tecido conjuntivo, como: 1) maior facilidade na realização do procedimento, já que não há necessidade de área doadora; 2) diminuição do tempo cirúrgico; 3) diminuição da morbidade do paciente.
Referências
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Coordenação:
Sérgio Luís Scombatti
Doutor em Periodontia – FOB/USP; Livre-docente em Periodontia e professor do Depto. de CTBMF e Periodontia Forp–USP.
Orcid: 0000-0002-6199-7348.
Autor convidado:
Ivan Borges Jr.
Especialista em Periodontia – ABO/PR; Mestre em Dietética e Metabolismo – UFSC; Doutor em Periodontia – UNG.