Nova seção resgata 20 anos atrás na Implantodontia, Periodontia e Prótese Dentária, com tags coloridas para ler direto nas áreas e subáreas de interesse e mais informação por edição, mais benefício para nossos leitores!
Implantodontia | Biomecânica | Biomateriais
O torque de corte pode realmente medir a densidade óssea e prever se um implante dentário chegará ao sucesso ou fracasso? Johansson B, Back T, Hirsch JM. Clin Oral Implants Res 2004;6(1):9-15.
A ideia aqui era investigar se a colocação de implantes em maxilas aumentadas com enxertia óssea autógena necessitaria da mesma energia de torque comparada às regiões similares não enxertadas. Da mesma forma, o implante simultâneo ao enxerto (um estágio) talvez necessitasse de mais energia do que o implante e o enxerto em tempos separados (dois estágios). Implantes auto rosqueáveis de 10-15mm (MkII, Nobel Biocare) foram utilizados e um dispositivo Torque Controller DEA modificado para transformar a resistência elétrica em valores de torques, atingidos nas áreas ósseas da crista (E1), trabecular (E2) e apical (E3).
No total, 40 pacientes receberam 113 implantes (grupo com enxertia) e 109 implantes (grupo sem enxertia). As quatro situações de enxertia foram: 1-estágio inlay-bloco, 2-estágios onlay-bloco; 2-estágios inlay particulado; sem enxerto. Trinta implantes falharam (15 precoces, 15 tardios), gerando uma taxa de sobrevivência de 87% após 1 ano.
Os valores por área óssea, conforme a situação de enxertia ordenada acima, foram: E1 (18,7Ncm; 11,2Ncm; 14,7Ncm; 21,3Ncm), E2 (27,9Ncm; 17,8Ncm; 21,9Ncm; 43,1Ncm) e E3 (43,9Ncm; 34,7Ncm; 41,4Ncm; 73 Ncm). Valores mais altos de torque foram necessários nas situações de osso particulado do que em osso em bloco, sendo ainda maiores nos casos de 1-estágio inlay.
Já os valores redistribuídos pelos momentos de falha (todas, precoces, sobreviventes) geraram: E1 (18Ncm; 14,3Ncm; 17,2Ncm), E2 (25,9Ncm; 21,9Ncm; 29Ncm) e E3 (44,1Ncm; 34,8Ncm; 52,8Ncm). As diferenças entre os momentos não foram estatisticamente significativas.
Finalmente, os valores de torque redistribuídos por qualidade óssea foram: (tipo 2 – E1: 23,3Ncm; E2: 43,7Ncm; E3: 82,9Ncm; tipo 3 – E1: 17,9Ncm; 28,6Ncm; 50,4Ncm; tipo 4: 13,6Ncm; 20,2Ncm; 37,1Ncm). Aqui, o osso tipo 4 precisou de menos torque, e o osso tipo 2 de mais torque de resistência ao corte.
A possibilidade de usar o torque de corte na determinação da qualidade óssea das maxilas enxertadas ficou demonstrada, mas ele não poderia ser usado para identificar os implantes dentários em risco de falha.
Os implantes dentários colocados tardiamente em áreas enxertadas iriam atingir valores de torque menores do que os colocados ao mesmo tempo nas áreas enxertadas porque a incorporação e remodelamento desses blocos corticais enxertados realmente levaria mais de 6 meses.
Implantodontia | Biomecânica | Técnicas cirúrgicas
Como a microestrutura do implante influencia a osseointegração nos casos de colocação imediata em sítios periodontalmente infectados, do ponto de vista histológico? Novaes AB Jr, Papalexiou V, Grisi MFM, Sousa SLS, Taba M Jr., Kajiwara JK. Clin Oral Implants Res 2004;15:34-43.
No começo dos anos 2000, ainda paravam muitas dúvidas sobre a colocação de implantes dentários imediatamente em sítios previamente contaminados. E porque não abordar este problema clínico utilizando modificações nas superfícies dos implantes? Assim, seis cães adultos jovens tiveram seus quatro pré-molares (de ambos os lados) recebendo ligaduras (suturas não reabsorvíveis) para provocar defeitos periodontais (bolsas infra ósseas de 1mm de profundidade).
Após três meses, a análise radiográfica já revelada os defeitos nas furcas. Então, esses dentes foram extraídos, e três implantes (4,5 x 8mm) colocados em cada lado. As superfícies testadas foram jateada/ataque ácido (Frialit-2) e jateada com spray de plasma de titânio. Após três meses, os animais foram sacrificados e os cortes histológicos preparados.
As porcentagens médias de contato implante-osso foram, respectivamente, 52,7% e 42,7%. Ainda, a densidade óssea em áreas próximas foi de 66 e 58%, enquanto em áreas distantes foi de 58% e 55%. Nenhuma diferença estatisticamente significativa foi detectada, apesar dos dados na superfície jateada/ataque ácido demonstrarem um comportamento mais homogêneo do que na superfície com plasma de titânio, evidenciando que nem sempre superfícies mais rugosas forneceriam os melhores resultados.
Neste trabalho, destacou-se o protocolo de descontaminação nos alvéolos dos cães antes da colocação dos implantes dentários, pela remoção de todos os resquícios de tecido mole e curetagem para estimular a reabsorção do revestimento cortical e assim expor as cavidades medulares.
Implantodontia | Biomecânica | Técnicas cirúrgicas
Como a microestrutura do implante influencia a dinâmica da osseointegração nos casos de colocação imediata em sítios periodontalmente infectados? Microscopia laser confocal
Papalexiou V, Novaes AB Jr, Grisi MFM, Sousa SLS, Taba M Jr., Kajiwara JK. Clin Oral Implants Res 2004;15:44-53.
Na continuação do estudo em cães, os mesmos autores avaliaram o mecanismo e o tempo necessário para a formação óssea utilizando a técnica de imunofluorescência. Assim, imuno marcadores ósseos seriam analisados por microscopia confocal. Agora, corantes seriam injetados da seguinte forma: 3 dias após a cirurgia de colocação dos implantes imediatos (oxitetraciclina), 4 semanas (calceína verde), 8 semanas depois (oxitetraciclina), e 3 dias antes do sacrifício (vermelho alizarina S), num total de 12 semanas pós-implantação.
Os valores obtidos de formação óssea, nas superfícies ataque ácido/jateada x spray de plasma de titânio foram: (3 dias – 5,28% x 3,36%; 4 semanas – 10,30% x 9,58%; 8 semanas – 21,14% x 14,57%; 12 semanas – 6,98% x 7,08%). Após 12 semanas, houve decréscimo na incorporação dos fluoro cromos.
A formação óssea, em ambas as superfícies, aumentou até a 8ª semana. Entretanto, nos períodos 3 dias e 8 semanas pós-implantação, a incorporação dos marcadores ósseos era maior no grupo jateada/ataque ácido.
Então, a presença de alvéolos periodontal infectados não seria contra indicativa para instalação de implantes dentários imediatos.
Periodontia | Técnicas cirúrgicas | Biomateriais
Regeneração óssea no seio maxilar associada ao BMP bovino. Allegrini S Jr, Yoshimoto M, Salles MB, Konig B Jr. J Biomed Mater Res 2004;127-131.
Proteínas morfogenéticas ósseas, para quem não sabe, além de pertencerem à superfamília dos fatores de crescimento, nem sempre estiveram disponíveis no Brasil em formato sintético recombinante (final dos anos 1980 nos EUA). Entretanto, o método para sua obtenção era bem estabelecido na literatura desde os anos 1960, e uma das possíveis fontes consistia em tecido de origem animal (bovina).
Neste trabalho, mediante o levantamento do seio maxilar, metade dos coelhos receberia apenas BMPb, enquanto a outra metade teria também algumas combinações com outro biomaterial preparado (mistura de HA natural, HA sintética, osso liofilizado, colágeno). Para completar a análise, marcadores ósseos (fluorocromos como a alizarina, calceína e tetraciclina) seria acompanhados até à oitava semana antes do sacrifício.
Os resultados da análise estereométrica mostraram que os enxertos criaram uma grande quantidade de tecido conjuntivo comparada ao tecido adiposo, sem diferenças entre os grupos BMPb e BMPb + HA. Entretanto, a taxa de crescimento ósseo nos grupos controle foi de 21%, menor do que os 28% no grupo com BMPb.
Ao mesmo tempo, no grupo controle, a maior taxa de deposição óssea ficou demonstrada entre os dias 21 e 28, enquanto no grupo com BMPb esta taxa se mostrou maior pelo menos uma semana antes (entre os dias 14 e 21).
Ainda, foi observado que nenhuma das combinações de biomateriais gerou inflamação ou rejeição.
Além disso, partículas de HA natural mostravam aderência nos tecidos e um crescimento ósseo praticamente nulo ao seu redor, enquanto a HA sintética se distribuía entre os espaços da HA natural. O tecido colágeno ao redor das HAs impedia a chegada de células osteoprogenitoras.
Em suma, os resultados mostraram que a BMPb, embora seja capaz de osteoindução, poderia não fornecer formação óssea suficiente. Contudo, seria considerada alternativa aos enxertos ósseos autógenos, evitando desconforto aos pacientes.
Para finalizar, esse “pool” de BMPbs tinha aumentado o conteúdo ósseo em 33% quando comparado ao grupo controle.
Urist foi o “pai” das BMPs mesmo? Descubra a “trabalheira” para chegar até aqui:
DOI: 10.1097/00003086-200202000-00002
De onde vem esse lance de “BMP sintética recombinante”?
DOI: 10.1126/science.3201241
Periodontia | Estética | Técnicas cirúrgicas
A reconstrução da papila da linha média combinando ortodontia e periodontia em adultos pós-periodontite. Cardaropoli D, Re S, Corrente G, Abundo R. J Clin Periodontol 2004;31:79-84.
Papilas dentárias: se fosse possível redefini-las no dicionário, seriam os “elementos anatômicos de tecido mole que povoam os pesadelos de todos os reabilitadores quando decidem desaparecer”. Mas seria possível regenerá-las utilizando a terapia ortodôntica combinada?
Neste trabalho, 28 pacientes adultos previamente tratados em função da periodontite e portadores de um diastema entre os incisivos centrais e perda da papila na linha média, receberam retalho de espessura total, debridamento do tecido de granulação, e colocação do aparelho ortodôntico (7-10 após a cirurgia), sendo os dentes intruídos, realinhados e os diastemas fechados por forças contínuas e leves (10-15g). O tempo médio de movimentação ortodôntica foi de 11 meses.
A verificação do tecido papilar foi classificada conforme Nordland &Tarnow (1998): 0- papila preenchendo completamente a embrasura interproximal, 1- papila entre o ponto de contato e a extensão coronal da junção cemento-esmalte, 2- papila entre as extensões coronal e vestibular da junção cemento-esmalte, 3- papila ficando apical à extensão vestibular da junção cemento-esmalte.
A média de intrusão foi de 1,95mm (1-3,5mm), e a média da distância do ponto de contato entre os incisivos centrais até à crista óssea foi de 6mm (5-9mm).
A redução media na profundidade de bolsa foi de 2,5mm, enquanto o ganho de inserção clínica chegou perto dos 6mm.
No final do tratamento, 43% dos pacientes se enquadraram na Classe 0, enquanto 54% ficaram na Classe 1 e apenas 1 paciente na Classe 2. No geral, 82% dos pacientes melhoraram seus índices papilares.
Ainda, não houve diferença estatística no índice papilar quando os biotipos periodontais foram identificados e agrupados em plano e delgado.
Assim, as papilas de tecido mole poderiam ser reconstruídas em dentes afetados pela periodontite e demonstrando migração na região estética da linha média.
Precisa da análise visual da Classificação das Papilas?
DOI: 10.1902/jop.1998.69.10.1124
Periodontia | Biomateriais
Aplicações clínicas dos selantes a base de fibrina. Fattabi T, Mohan M, Caldwell GT. J Oral Maxillofac Surg 2004;62:218-224.
Um adesivo tecidual, por definição, é “qualquer substância que polimeriza, mantendo os tecidos em posição e funcionando com barreira contra infiltração. Assim, essa “cola” ou “gel” de fibrina também poderia agir como elemento hemostático, selador e adesivo. Esses adesivos, se não interferem na cicatrização, podem até acelerar o processo.
Das classificações dos selantes a base de fibrina (autólogos, homólogos ou sintéticos) foram os últimos que ganharam popularidade. Nos EUA, as marcas comerciais eram Tisseel (Baxter) e Hemaseel (Hemacure Corp). Basicamente, seus componentes, quando misturados, simulariam a fase final da cascata de coagulação.
Na área maxilofacial, os selantes de fibrina eram utilizados em cirurgias dentoalveolares, enxertia, e implantes dentários, levantamento do seio maxilar, selamento de fístulas, patologias de cabeça e pescoço, microcirurgias, endoscopias, e cirurgia estética facial.
Ou seja, porque não reduzir a quantidade de sangue na área operada, ao mesmo tempo em que se melhora a visibilidade do procedimento e a cicatrização? Principalmente na cirurgia de facelift, onde o selante de fibrina é capaz de reduzir o hematoma sob a pele.
Ainda, outra capacidade importante dos selantes de fibrina, sendo biodegradáveis, mais ainda pouco documentada em 2004, seria a liberação controlada de medicamentos e tipos celulares específicos no local de aplicação.
Mas os selantes a base de fibrina poderiam substituir ou até serem mais efetivos que as suturas periodontais? É nítido que a placa e a inflamação se acumulam ao redor das suturas. Esse processo é muito crítico nas áreas estéticas quando os pacientes não estão conscientes da higienização ou até mesmo porque as áreas operadas se encontram sensíveis ao toque.
Você já ouvir falar do TissueCol?
https://doi.org/10.1902/jop.1987.58.6.426
Será que podemos responder à pergunta acima pela leitura da revisão sistemática mais recente?
https://doi.org/10.1016/j.amsu.2022.103539
E a fotobiomodulação? Será que ela melhora o comportamento do selante de fibrina?
DOI: 10.3390/polym14194170
Implantodontia | Biomecânica
Sucesso e falha em implantes de 9mm ou menos na substituição de molares unitários superiores: 84 meses de acompanhamento. Fugazzotto PA, Beagle JA, Ganeles J, Jaffin R, Vlassis J, Kumar A. J Periodontol 2004;75:327-332.
A classificação da densidade/tipo ósseo é algo que todo bom implantodontista precisa saber, especialmente porque é na região posterior da arcada superior que alguns eventos acontecem: o assoalho do seio maxilar, sua pneumatização, e a necessidade de reposição das unidades mastigatórias com implantes unitários, muitas vezes curtos.
A amostra aqui é considerável: 979 implantes em posições de primeiro molar ou segundo molar superior.
Mas que “cuidados especiais” esses autores utilizaram?
Primeiro, os implantes sempre foram colocados em alvéolos já cicatrizados. Segundo, nenhum implante foi colocado em alvéolo de extração ou com material de enxertia (no mesmo tempo cirúrgico). Terceiro, usando três comprimentos (7, 8, 9mm), o diâmetro mínimo do corpo dos implantes ficou entre 4,1 e 4,8mm; em alguns casos, o diâmetro ao redor da região coronal chegou aos 6,5mm. Importante: o processo de countersink não foi utilizado. Finalmente, uma prótese removível foi permitida, mas somente por motivos estéticos, e não funcionais pelo menos por seis semanas depois das cirurgias. Todos os implantes possuíam algum tipo de antagonista (sem detalhes sobre o tipo de guia/oclusão fornecida).
Assim, a taxa de sobrevivência ficou em 95,1%, com seis implantes (4 no primeiro molar, 2 no segundo molar) entrando em mobilidade antes da conexão dos pilares protéticos.
Continuando: os implantes sobreviventes foram capazes de atingir os 35Ncm de torque de inserção.
Outro destaque neste artigo para explicar as falhas é que a grande maioria dos implantes foi colocada na região do primeiro (n=721) e não no segundo molar (n= 258).
Além disso, é necessário ressaltar que o implante escolhido nesta série retrospectiva (Straumann) era de natureza tissue level, onde a linha de transição entre seu pescoço 2,8mm e corpo (SLA Border) ficou exatamente ao nível ósseo.
Uma reflexão: os implantes longos realmente seriam necessários na maxila? A especulação é válida, embora não seja diretamente comprovada neste trabalho por não haver um grupo com implantes longos.
Para finalizar: em função, três implantes falharam, sendo dois por hábitos parafuncionais descobertos no decorrer do acompanhamento e o outro implante pelo rebordo atrófico que gerou uma relação coroa-implante desfavorável.
E como diria o poeta neste momento: “ora direis, nunca perder implantes na maxila…”
Prótese | Implantodontia | Biomecânica
O pino fundido “cimentado” e funcionando como pilar no implante dentário? Como assim? Pipko D, Kukunas S, Ismail YH. J Prosthodont 2004;13:52-54.
Antes de tudo, a Odontologia é uma profissão “criativa”, capaz de contrariar o ditado popular que diz “de onde menos se espera, é que não vem nada mesmo.” O projeto do implante dentário de duas peças prevê o uso de um parafuso como “elo fraco”. Isto significa algo tipo “soltou, pode trocar”. Entretanto, a fratura pode vir antes da soltura, trazendo uma dor de cabeça como brinde. É nesses momentos que a Implantodontia pede socorro para a Prótese Dentária, que fornece a solução mais genial do mundo.
Pode parecer vulgar, mas essa saída vai salvar o seu implante dentário de um grande desastre. É uma receita de bolo singela. Confie nos autores e seja feliz:
- Remova o fragmento do parafuso de dentro do seu implante usando broca carbide tronco-cônica n.2 ou n.4;
- Arredonde a parte interna do implante com uma ponta diamantada esférica e cônica de extremidade redonda; lembre-se, você estará criando o espaço do futuro pino.
- Selecione um pino calcinável e o adapte no interior do implante. Selecione um componente metálico pré-fabricado e faça a união. Coloque resina de precisão, dê acabamento, polimento, faça a inclusão e fundição.
- Com o pino/núcleo fundido, faça retenções nas suas paredes laterais, aplique jateamento, e use um cimento resinoso para fixa-lo ao implante dentário.
- Siga para os procedimentos protéticos convencionais: fio de afastamento, moldagem, confecção da restauração definitiva.
Para quem não leu esse artigo em 2004, agora tem a chance.
É claro, é possível fazer toda a porção do núcleo em resina de precisão.
Melhor do que remover o implante dentário, não?
O mais interessante é pensar que muitas vezes essa possibilidade passou pela cabeça de muitos colegas, mas ela realmente só foi publicada em 2004.
Prótese | Implantodontia | Técnicas cirúrgicas | Tecnologia digital
Próteses fixas sobre implantes nas maxilas aumentadas com a mistura 80:20 HA bovina/osso autógeno: cinco anos de acompanhamento. Hallman M, Zetterqvist L. Clin Implant Dent Relat Res 2004;6(2):82-89.
Voltamos à enxertia na maxila totalmente edêntula, agora previamente à colocação de implantes dentários. Em função do procedimento invasivo e do grau de atrofia (geralmente dentro das Classificações III a IV de Cawood e Howell), diversas combinações entre substitutos ósseos e materiais autógenos eram testadas, com a HA bovina (partículas de Bio-Oss®) sendo bem utilizada. Já os materiais autógenos eram coletados na lateral do ramo mandibular ou na área entre os forames mentuais. Esta última tinha maior chance de desconforto/parestesia (como foi relatado neste trabalho).
Entretanto, a dúvida central estava relacionada à sobrevivência dos enxertos e dos implantes, porque a HA bovina, apesar de osseocondutora, não era reabsorvida ao longo do tempo, fundamental para manutenção do volume nessas maxilas totalmente edêntulas.
Assim, 20 pacientes (30 seios maxilares) com menos de 5mm de altura no assoalho do seio maxilar receberam uma mistura de HA bovina com osso do mento. Um detalhe interessante: o Bio-Oss® (partículas de 0,25-1mm) foi aglutinado com selante de fibrina (Tisseel, já descrito nesta seção do Túnel do Tempo) para melhorar sua manipulação. Após seis meses, os implantes dentários foram colocados. E seis meses depois, os implantes foram expostos e conectados às próteses totais ou parciais fixas com barras em titânio ou ouro, revestidas por acrílico ou cerâmica. Sim, barras fundidas em liga de ouro, você leu corretamente!
Após 5 anos, a taxa de falha cumulativa foi de 86% (sendo 89% para os implantes colocados nas áreas de enxertias). A perda óssea periimplantar em áreas que receberam aumento ósseo foi de 1,3mm, enquanto nas áreas de osso residual revelou 0,8mm, sem diferenças estatisticamente significativas. Dos 108 implantes iniciais, 15 foram perdidos.
Todas as maxilas atróficas relatadas realmente são “atróficas”?
Conheça a classificação de Cawood e Howell:
DOI: 10.1016/s0901-5027(88)80047-x
Prótese | Implantodontia | Técnicas cirúrgicas | Tecnologia digital
O guia para colocação de implantes dentários e a cirurgia sem retalho (flapless) programados pelo computador. Fortin T, Isidori MM, Blanchet EE, Perriat MM, Bouchet HH, Coudert JLJL. Clin Implant Dent Relat Res 2004;6(2):111-119.
O começo dos anos 2000 foi marcado pela disseminação dos protocolos de cirurgia guiada, saindo rapidamente dos dispositivos ósseo suportados para os dispositivos muco suportados, trilhando o caminho da simplificação, sem perder a precisão na instalação dos implantes e das próteses totais. Os programas para instalação dos implantes geravam cilindros virtuais (o conceito de biblioteca de formatos era incipiente). Por outro lado, nos consultórios, o procedimento de duplicação da prótese do paciente para construção do guia radiográfico com guta-percha se tornava popular.
Aqui, o processo consistia em obter os modelos de gesso e as próteses totais duplicadas como guia radiográfico. Depois, para diminuir as diferenças entre os implantes projetados e os efetivamente colocados, esse guia receberia um cubo que se manteria fora e à frente da boca, carregando dois cilindros metálicos de orientação, capazes de fornecer sinal na tomografia computadorizada.
Após o planejamento, o guia retornaria ao modelo de gesso e as posições dos implantes seriam perfuradas em ambos. O cubo seria a ligação matemática entre o posicionamento virtual e os modelos reais. Assim, antes da cirurgia em si, o profissional já poderia visualizar as posições de emergência dos implantes no modelo de gesso e no guia cirúrgico, o laboratório definir pela cimentação ou aparafusamento da prótese provisória mediante os pilares protéticos escolhidos, fazendo as correções necessárias.
Posteriormente, o cubo seria separado do guia, as anilhas metálicas entrariam em posição, e o guia seria fixado na arcada maxilar.
O procedimento continha um detalhe importante: na primeira osteotomia, uma broca piloto 2mm seria usada, passando pela mucosa (cirurgia flapless). Depois, o pino-guia seria colocado na furação, e sua porção interna conduziria a passagem de uma broca trefina de 3,5mm de diâmetro externo. Esta etapa era usada para evitar o desalinhamento subsequente das brocas, facilitando a passagem da broca twist final.
Dez pacientes foram operados desta forma, recebendo próteses provisórias. Após 1 ano, nenhuma complicação foi relatada.
Prótese | Implantodontia | Tecidos moles | Estética
Análise da linha e do suporte labial na seleção do desenho da prótese sobre implantes. Neves FD, Mendonça G, Fernandes AJ Neto. J Prosthet Dent 2004;91:286-8.
Quando ouvimos os termos “sorriso estético”, imediatamente pensamos em papilas, espaços negros, linha média, corredor bucal, e na curvatura do sorriso e, nos pacientes dentados, esses conceitos podem ser razoavelmente corrigidos. Entretanto, nos pacientes totalmente desdentados, quais seriam as referências? O grau de reabsorção óssea fatalmente implicará no uso da flange artificial acrílica/cerâmica? Se confirmada, ela será capaz de recuperar o suporte labial perdido?
Mesmo na ausência do desenho digital do sorriso (DSD) e das simulações por computador, das filmagens da dinâmica do sorriso, ainda seria possível prever os desejos dos pacientes?
- Faça ajustes nas dimensões da prótese total do seu paciente, se necessário;
- Selecione uma mufla correspondente, coloque alginato numa das metades, mergulhe a prótese com os dentes anteriores voltados para baixo. Na parte superior da mufla e na parte interna da prótese total, coloque alginato. Feche a mufla e aguarde.
- Abra a mufla, removendo a prótese total.
- Para facilitar a compreensão do paciente, coloque resina acrílica estética na área dos dentes e resina incolor no restante da área copiada;
- Remova a prótese duplicada, prepare as perfurações para receber a guta-percha.
- Use um marcador permanente cor preta para delimitar os triângulos papilares na prótese duplicada. Isto serve para similar a ausência de tecido mole interproximal e o quanto ele fica visível nos diversos momentos do sorriso.
- Leve a prótese à boca e faça o diagnóstico;
- Agora, remova a flange da região anterior, levando à boca novamente para determinar sua influência no suporte labial;
Antes da era dos implantes dentários: flange ou enxertia na região anterior da maxila?
Seibert JS. Reconstruction of deformed, partially edentulous ridges, using full thickness onlay grafts. Part I. Technique and wound healing. Compend Contin Educ Dent 1983;4(5):437-53. PMID: 6578906 No abstract available.
Seibert JS. Reconstruction of deformed, partially edentulous ridges, using full thickness onlay grafts. Part II. Prosthetic/periodontal interrelationships. Compend Contin Educ Dent 1983;4(6):549-62.
Prótese | Implantodontia | Técnicas cirúrgicas | Biomateriais
Enxertos onlays e implantes na maxila severamente reabsorvida: 10 anos depois. Nystrom E, Ahlqvist J, Gunne J, Kahnberg KE. Int J Oral Maxillofac Surg 2004;33:258-262.
O que significa um ano de acompanhamento clínico? E os próximos cinco anos? Quem sabe, com muita sorte, você seja capaz de monitorar seus pacientes por dez anos? Agora, imagine tudo isso envolvendo cirurgias de enxertia onlay coletadas da crista do ilíaco (osso autógeno) para colocação de implantes osseointegrados em maxilas extremamente atróficas?
Foram 30 pacientes, Classes V e VI de Cawood e Howell, recebendo 177 implantes. Destaca-se no trabalho que os primeiros 10 pacientes pertenceram ao grupo de desenvolvimento do processo. Os enxertos e os implantes foram colocados no mesmo tempo cirúrgico.
Nas próteses totais, os cantiléveres não excederam os 10mm de comprimento, sendo as infraestruturas feitas em liga de ouro e os parafusos protéticos do mesmo material (o projeto havia começado em 1986).
Após 10 anos, 48 implantes estavam perdidos, sendo 43 nos primeiros três anos, dois até o quinto ano, e mais três implantes logo em seguida.
A taxa geral de sobrevivência dos implantes era de 72,8%, sendo 50,9% no grupo de desenvolvimento e 83,1% no grupo de rotina. A taxa menor no grupo de desenvolvimento se deve a três pacientes que perdem seus implantes e próteses. Essa observação levou os autores ao uso de placas acrílicas protetoras no grupo de rotina para evitar o trauma na área operada/enxertada durante a função.
Com relação às perdas ósseas, elas foram contínuas até o terceiro ano de acompanhamento, sendo 4,59mm no grupo de rotina, e terminando em 4,74mm após 10 anos.
Vale ressaltar: o desenho da porção coronal dos implantes era cônico com 3,6mm de extensão e sem roscas. A maioria dos implantes auto rosqueáveis possuía entre 13 e 15mm.
Ainda, a perda óssea periimplantar foi menor nas áreas dos pré-molares, comparadas às de osso frontal e caninos, fato evidenciado a partir do segundo ano de acompanhamento.