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O que o digital pode nos ensinar no período pós-pandemia?

Luis Calicchio discute como será a Odontologia depois do isolamento social devido à pandemia da Covid-19. 

Estamos vivenciando algo inimaginável para os tempos atuais: o isolamento social devido à pandemia da Covid-19. Por isso, é oportuno discutir como será a Odontologia depois deste acontecimento.

O que vemos no mercado como um todo são empresas acelerando o processo de digitalização, readequando planos de execução que demorariam cinco anos para que sejam implementados em seis meses e, assim, estejam digitalizadas e relevantes em seus setores. O consumidor mudou a forma como consome e como se comunica com as empresas. Descobrimos que a tecnologia pode realmente abrir novas formas de construir e operacionalizar os negócios. Exemplo disso são as plataformas de reuniões on-line, que apresentaram um crescimento exponencial de usuários, visto que todas as empresas tiveram que introduzir o home office em suas rotinas. Mais um exemplo interessante foram as lives realizadas por cantores, que atingiram milhões de visualizações e criaram um novo mercado para shows. Na Odontologia, o que teremos de aprendizado com esta pandemia?

Assim como em outros mercados, vivenciaremos uma aceleração na digitalização. Isso porque o fluxo digital de trabalho trará ao cirurgião-dentista uma vantagem competitiva nunca vivenciada na Odontologia. Não só garantindo velocidade e previsibilidade nos tratamentos, mas também agregando valor na biossegurança e diminuindo o risco de contaminação cruzada, muito comum nas moldagens tradicionais. Outro fator importante é a forma e regularidade que adotaremos com os pacientes dentro de nossas clínicas, pois a Teleodontologia ganhará força, já que, além de oferecer conveniência ao paciente, promove inúmeros ganhos operacionais para os dentistas. Os custos de montagem de sala e os gastos com aparatos de biossegurança serão necessários somente no momento da execução dos procedimentos clínicos. Essa é uma excelente oportunidade de nos reinventarmos e voltarmos a valorizar a saúde oral dos pacientes.

Aproveito para detalhar pontos importantes e ajustes necessários nos preparos dentais para que o laboratório consiga realizar as melhores restaurações no fluxo digital. No conceito atual de preparo, seja para o fluxo analógico ou digital, o objetivo é oferecer ao técnico de prótese dentária espaço suficiente para a construção das restaurações, respeitando características de forma e cor, e ainda garantindo a integridade do dente e do periodonto (Figura 1).

Uma pergunta frequente é: “Quais mudanças devo fazer no meu preparo para alcançar excelentes resultados?”. Basicamente, é preciso se atentar a dois pontos:

  • Delimitação/definição do preparo: preparos para o fluxo digital devem apresentar uma delimitação evidente e muito bem definida, que facilita a leitura do scanner Ter um preparo bem demarcado/delimitado não significa realizar maior desgaste de estrutura dental (Figuras 2 e 3).
  • Corte em 90º da borda incisal: aprendemos a fazer o corte da borda incisal em 45º. Mas, no fluxo digital, isso causa um problema para a máquina de fresagem, uma vez que suas fresas possuem um formato que impede que a região incisal seja usinada adequadamente (Figuras 4 a 7).

Como o software é inteligente e para que a restauração não saia perfurada, é feita uma compensação. Nas Figuras 8 a 10, observa-se uma compensação na forma da restauração, mas como o objetivo não é alterar a forma já aprovada na fase de mock-up, uma nova solução deve ser encontrada. Assim, o técnico manipula o software para que a fresa não chegue até o fim e gere uma compensação interna da peça.

As Figura 11 a 15 mostram um caso real em que a máquina gerou compensações internas devido aos preparos inadequados. É importante notar as linhas de cimentação extremamente grandes, o que, em longo prazo, pode causar fraturas ou alteração de cor das restaurações. Para evitar que isso aconteça, deve-se fazer um corte em 90º e criar uma área incisal que apresente todos os ângulos arredondados. Com este approach, a fresadora terá condição de realizar a melhor fresagem para a restauração, garantindo a melhor adaptação e o melhor design interno da peça.

Leia também “Os primeiros passos para investir na Odontologia Digital”, coluna de Luis Calicchio na revista PróteseNews.