Túnel do tempo 2024 – edição 2

Afinal, é melhor usar uma moldeira plástica ou uma moldeira metálica para um silicone de adição? Cho GC, Chee WWL. J Prosthet Dent 2004;92:354-8.

Ao longo dos anos, com os materiais de moldagem tornando-se extremamente estáveis, nossas preocupações voltaram-se para as moldeiras. Quando seis tipos de moldeiras plásticas foram confrontados com uma metálica, colocando-se apenas o material de moldagem (massa pesada – putty sem o material leve) e medindo-se o grau de abertura da moldeira ao nível do primeiro molar inferior e a largura total entre molares, os resultados indicaram que as moldeiras plásticas não eram rígidas o suficiente para resistir à deformação (diferenças estatisticamente significativas p< 0,001).

 

Implicação futura: Embora esse trabalho ocorresse sobre um manequim odontológico contendo apenas dentes artificiais, esse problema também seria estudado na implantodontia com uma variável adicional: componentes para moldeira aberta e moldeira fechada, como a rigidez das moldeiras plásticas melhorando substancialmente.

 

Adesão à zircônia densamente sinterizada: a história do adesivo com MDP. Blatz MB, Sadan A, Martin J, Lang B. J Prosthet Dent 2004;91:356-62.

Com os processos CAD/CAM vindo para a Odontologia, materiais restauradores à base de zircônia foram introduzidos, com jateamento interno subsequente. O teste da interface adesiva, natural e depois de 180 dias de ciclagem térmica, mostraria que um adesivo à base de MDP seria capaz de manter os valores de resistência ao cisalhamento, mesmo se os agentes cimentantes (Panavia F e RelyX ARC) fossem diferentes. A água continuaria causando estragos na interface adesiva, com as médias de interface caminhando dos 20MPa para os 10MPa. As falhas nos conjuntos Clearfill SE-Panavia F eram predominantemente adesivas, e nos conjuntos Clearfill SE – RelyX ARC predominantemente coesivas na resina.

 

Plasma Rico em Plaquetas: evidência. Marx RE. J Oral Maxillofac Surg 2004;62:489-496.

A evidência para sustentar o uso do PRP foi apresentada no formato de duas tabelas comparados os fatores de crescimento e os concentrados plaquetários em função dos dispositivos utilizados e liberados pelo FDA, capazes de atingir os níveis mitogênicos necessários para recrutamento das células-tronco mesenquimais no local da ferida, sendo: protocolo de Anitua e protocolo de Landesberg para centrífugas de laboratório, Cliniaseal, ACE Surgical, AG Curasan, 3i PCCS, Harvest “SmartPRep”.

 

Plasma rico em plaquetas: agora vai? Freymille EG, Aghaloo TL. J Oral Maxillofac Surg 2004;68:484-488.

Numa revisão de literatura sobre as possibilidades regenerativas com PRP, a combinação de PRP com osso autógeno aumentou o osso trabecular num estudo clínico randomizado (74% com PRP comparados aos 55% sem PRP), enquanto a combinação de PRP com tricálcio fosfato gerou de 8-a 10% mais osso após 6 meses do levantamento dos seios maxilares; por fim, a combinação de PRP com matriz óssea orgânica tipo DFDBA ou FDBA não mostraria melhora significativa na densidade óssea. Quando o PRP era usado separadamente, os resultados se mostravam inconclusivos. Mais pesquisas seriam necessárias para sustentar o uso do PRP na prática clínica, quer seja pela falta de um modelo animal específico ou pelas amostras reduzidas.

 

O efeito do rhBMP-2 na regeneração óssea. Wikesjo UME et al. Clin Oral Implants Res 2004;15:194-204.

Num estudo em cães, com a extração do primeiro, segundo e terceiro pré-molar, planificação do rebordo alveolar, e colocação de implantes dentários de 10mm de comprimento (2 sem superfície tratada, 1 com superfície tratada) para criação de um defeito supra alveolar de 5mm de altura, a rh-BMP-2 (0,2 mg/mL) combinado à esponja de colágeno acelular, foi introduzida no espaço entre os implantes, sendo toda a extensão do defeito recoberta com uma membrana de e-PTFE. Os resultados mostraram ganho ósseo vertical médio de 4,7mm e 4,8mm nos implantes sem e com superfície tratada, sendo substancialmente maiores do que nos controles (1,8mm e 1,3mm). A tecnologia de superfície nos implantes não influenciou substancialmente a formação óssea.

 

Tratamentos nas superfícies dos implantes. Szmukler-Moncler S, Testori T, Bernard JP. J Biomed Mater Res Part B: Appl Biomater 2004;60B: 46-57.

Quatro marcas comerciais de implantes dentários com texturização por ataque ácido (Frialit 2 – Friadent; Osseotite – 3i; SLA – ITI; HaTi – HaTi Dental AG) com diâmetros e comprimentos similares, mas com os números dos lotes diferentes dentro de cada marca, foram comparadas ao microscópio eletrônico de varredura e do ponto de vista de rugosidade. Os resultados mostraram que cada implante tem uma característica topográfica única que não pode ser confundida. Entretanto, a rugosidade e a quantidade partículas variou entre os lotes, mostrando que o processo industrial não estava completamente desenvolvido. Sugeriu-se que o travamento ósseo na interface seja mantido pelas propriedades biológicas dessas superfícies e não pela fixação do implante dentário em si.

 

A posição inicial do implante e a perda na crista óssea. Hartman GA, Cochran DL. J Periodontol 2004;75:572-577.

Quando 27 pacientes receberam implantes na maxila e 15 na mandíbula, o posicionamento apico-coronal da fixação (limite entre a parte lisa e a parte rugosa do implante peça única) foi testado de duas formas: ao nível da crista óssea ou levemente abaixo dela. Com os resultados acompanhados radiograficamente por 5 anos, o nível de remodelamento ósseo foi de 1,1mm após 6 meses e de 0,1mm no restante do período. Entretanto, os implantes colocados abaixo da crista óssea tiveram uma taxa de remodelação maior (média de 1,72mm) do que os implantes colocados com o limite ao nível da crista óssea (média de 0,68mm) logo nos primeiros seis meses.

 

Complicações com enxertos no seio maxilar e a sobrevivência dos implantes dentários. Schwartz-Arad D, Herzberg R, Dolev E. J Periodontol 2004;75:511-516.

Num estudo com 70 pacientes recebendo 81 enxertos no seio maxilar através da abordagem lateral (osso autógeno + Bio-Oss = 54 seios, 133 implantes), 212 implantes dentários em formato de parafuso foram colocados e acompanhados em média por 43,6 meses. A perfuração da membrana de Schneider foi a complicação com maior prevalência (36 dos 81 seios maxilares, 44%). Dos 70 pacientes, 7 sofreram algum tipo de complicação pós-operatória. As complicações cirúrgicas não influenciaram a taxa de sobrevivência dos implantes.

 

O aspecto histopatológico das lesões peri-implantares. Berglundh et al. J Clin Periodontol 2004;31:341-347.

Biopsias de tecido mole foram obtidas de seis pacientes, totalizando 12 implantes, todos com perda óssea radiográfica severa. Sinais clínicos de inflamação severa, supuração, edema ou formação de fístula foram vistos em 7 dos 12 implantes. Na análise histológica e morfométrica, os infiltrados inflamatórios se estendiam apicais ao epitélio da bolsa e 60% das lesões tinham células inflamatórias (maioria de células do plasma).

 

Manual para fotos e radiografias padronizadas. Meijndert et al. J Periodontol 2004;75:646-651.

Pela necessidade de padronização das fotografias dos tecidos moles e duros, bem como das imagens radiográficas, uma placa acrílica foi desenvolvida, capaz de receber um filme periapical e ser conectada lateralmente à lente da câmera fotográfica. A confiabilidade do método para as fotos dos níveis da mucosa gengival foi de 0,14 ± 0,02mm e para os níveis ósseos nas radiografias periapicais de 0,13 ± 0,01mm. 

 

HA microgranular seria um carreador ideal para BMP bovina? Ferreira GR, Cestari TM, Granjeiro JM, Taga R. Braz Dent J 2004;15(3):175-180.

Quando 25 ratos foram operados, criando-se um defeito crítico (8mm de diâmetro) na região da calvária, sendo 15 com BMP bovina-HA (grupo experimental) e 10 apenas com o coágulo (grupo controle), e os cortes histológicos analisados 1, 3, e 6 meses após as cirurgias, houve ausência de formação óssea, encontrando-se tecido conjuntivo fibroso e diversos focos de reação granulomatosa de corpo estranho, sugerindo que a HA sintética microgranular não representa um bom carreador na indução de formação óssea pela BMP.

 

Bisfosfonatos – a revisão dos primeiros 63 casos. Ruggiero SL et al. J Oral Maxillofac Surg 2004;62:527-534.

Lesões incomuns semelhantes à osteoradionecrose foram encontradas após a revisão de 63 casos clínicos, onde o único fator comum era o uso de bifosfonatos intravenosos (56 casos) e um bifosfonato oral (7 casos) no tratamento oncológico. As lesões bucais típicas eram alvéolos de extração que não cicatrizavam ou os ossos maxilares expostos, com todas as lesões sendo refratárias ao desbridamento mecânico e terapia antibiótica. As biopsias não mostravam evidência de doença metastática. As manobras cirúrgicas usadas para remover as lesões foram desde a sequestrectomia até à maxilectomia/mandibulectomia.