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Testes microbiológicos e imunológicos na Periodontia

Marco Bianchini destaca que vários testes microbiológicos vêm sendo disponibilizados, incluindo técnicas simples e até ensaios mais sofisticados.

Ao longo das últimas décadas, a Periodontia passou a ser entendida como uma associação direta do biofilme bacteriano com a resposta do hospedeiro, que geralmente se traduz em uma inflamação gengival. Entretanto, apesar da grande quantidade de microrganismos presentes na cavidade bucal, poucos deles apresentam significância na etiologia da periodontite. Fatores como o potencial de virulência, bem como o aumento da massa crítica e a consequente resposta tecidual do hospedeiro, influenciariam no processo do estabelecimento da doença1-3.

Desta forma, o grande desafio dos clínicos tem sido identificar, por meio de testes de diagnósticos microbiológicos e imunológicos, quais os sítios que estão realmente infectados por patógenos periodontais de alta virulência, e esclarecer os mecanismos patogênicos que desequilibram a balança da agressão bacteriana e a resistência do hospedeiro. Estas definições certamente forneceriam uma terapêutica mais apropriada para cada caso, aumentando as possibilidades de sucesso do tratamento a ser proposto1-3.

Com a identificação dos microrganismos mais atuantes na periodontite, técnicas avançadas de diagnóstico podem detectar de forma precoce os sítios suscetíveis à destruição futura do arcabouço periodontal, previamente às manifestações clínicas. Assim, vários testes microbiológicos vêm sendo disponibilizados para este fim, incluindo técnicas simples, como a análise direta dos microrganismos da placa bacteriana ao microscópio e até ensaios mais sofisticados, como a análise dos ácidos nucleicos dos microrganismos4-5. A cultura bacteriana, a microscopia de contraste de fase e de campo escuro, os métodos enzimáticos, os testes imunológicos e as técnicas de biologia molecular são alguns destes testes que visam facilitar o diagnóstico precoce da periodontite4.

Os testes para diagnóstico de patógenos periodontais possuem indicações diversas que podem ser utilizadas para diagnóstico inicial e plano de tratamento, monitoramento da eficácia do tratamento e seleção de intervalos apropriados entre as consultas de manutenção. Além disso, é possível determinar sítios ativos de doença periodontal, pacientes de risco e realizar a aplicação mais frequente de métodos preventivos6. Um ensaio ideal para uso clínico deveria ser rápido o suficiente para fornecer os resultados enquanto o paciente se encontra no consultório, simples o suficiente para ser realizado pelo profissional da área odontológica com pouco treino ou experiência, e de custo relativamente baixo7.

Na verdade, devido ao seu caráter multifatorial, a doença periodontal pode, em algumas situações, requisitar exames complementares em associação ao exame clínico. Contudo, apesar do grande número destes testes, não existe ainda um que consiga, isoladamente, reunir todas as características ideais. Por isso, torna-se necessário que o profissional saiba avaliar cada característica para escolher os testes que melhor se adaptem às diversas situações enfrentadas pelos clínicos8.

Vale lembrar, também, que a maioria dos testes ainda exige um certo grau de investimento por parte do profissional, além de modificar um pouco a rotina clínica diária que grande parte dos periodontistas está acostumada. Mesmo assim, acredita-se que, com a evolução tecnológica, muito em breve haverá uma mudança de comportamento dos clínicos e os testes estarão cada vez mais presentes na rotina clínica diária dos profissionais da Odontologia.

Referências

  1. Bertoldi C, Bellei E, Pellacani C, Ferrari D, Lucchi A, Cuoghi A et al. Non-bacterial protein expression in periodontal pockets by proteome analysis. J Clin Periodontol 2013;40(6):573-82.
  2. Reyes L, Herrera D, Kozarov E, Roldá S, Progulske-Fox A. Periodontal bacterial invasion and infection: contribution to atherosclerotic pathology. J Periodontol 2013;84(4):30-50.
  3. An N, Andrukhov O, Tang Y, Falkensammer F, Bantleon HP, Ouyang X et al. Effect of nicotine and porphyromonas gingivalis lipopolysaccharide on endothelial cells in vitro. PLoS One 2014;9(5):e96942.
  4. Schmidt J, Jentsch H, Stingu CS, Sack U. General immune status and oral microbiology in patients with different forms of periodontitis and healthy control subjects. PLoS One 2014;9(10):e109187.
  5. Cortelli SC, Cortelli JR, Auad MR, Jorge AOC. Assessment of periodontal pathogens. Rev. Fac. Odontol. São José dos Campos 2000;3(1).
  6. Zambon JJ, Haraszthy VI. The laboratory diagnosis of periodontal infections. Periodontol 2000 1995;7(1):69-82.
  7. Nisengard RJ, Mikulski L, McDuffie D, Bronson P. Development of a rapid latex agglutination test for periodontal pathogens. J. Periodontol 1992;63(7):611-7.
  8. Viana AC, Calabrich CFC, Orrico SRP. Laboratorial diagnosis of the periodontal infection. Rev Odontol Unesp 2006;35(2):133-41.