Contorno alveolar: Ivete Sartori e Elisa Sartori apresentam caso clínica em que havia impossibilidade da instalação imediata do implante.
A técnica de preservação alveolar com o propósito de manter o arcabouço vestibular nos casos de exodontias e provisionalização imediata é bastante divulgada e apresenta resultados muito valiosos. No entanto, é necessário que a região tenha osso disponível que permita a instalação do implante com boa estabilidade para que a coroa possa ser instalada, uma vez que é o desenho da prótese que tem a capacidade de funcionar como suporte. Em casos de indicação de exodontia em região de molares, é necessário que haja uma boa quantidade de osso entre as raízes para que o implante possa ser instalado e estabilizado, ou boa disponibilidade óssea acima do término das raízes, o que às vezes não ocorre (Figura 1).
Neste caso, foi programada a exodontia, mas sabia-se da impossibilidade da instalação imediata do implante, uma vez que não haveria osso entre as raízes e não seria possível indicar levantamento simultâneo da membrana do seio maxilar. A paciente teria que ser encaminhada ao médico otorrinolaringologista antes do procedimento. O aspecto clínico era de contorno ainda aceitável, apesar de haver lesão de furca Classe II e bastante retração gengival da região da raiz mesiovestibular (Figuras 2 e 3).
Esses achados clínicos e radiográficos levaram ao entendimento da necessidade de indicação de técnica de preservação alveolar através de prótese adesiva. Assim, foram realizados preparos de nichos oclusais nas cristas marginais e oclusal dos dentes vizinhos. Esses nichos são muito importantes por darem estrutura à prótese adesiva e contrapor a carga que ocorre durante a mastigação no sentido oclusocervical, que tende a quebrar a união do cimento.
Após a confecção dos nichos, foi realizada uma moldagem de hemiarco com moldeira de estoque e alginato. O molde foi vazado no consultório com silicone para modelos (Modell silikon/Die silicone, VOCO GmbH – Cuxhaven, Alemanha) e a coroa do elemento 16 foi removida do modelo com broca, idealizando na área o formato de rebordo (Figura 4). Uma tira de fibra de vidro (Interlig, Angelus – Londrina/PR) foi adaptada nas faces palatinas dos dentes vizinhos, unindo um nicho ao outro. Em seguida, um dente de estoque foi desgastado e adaptado à área. Com resina acrílica de polimerização química, foi idealizado o formato da prótese adesiva (Figuras 5 e 6) antes do procedimento cirúrgico.
Após a exodontia, a área foi isolada com dique de borracha, os dentes foram condicionados com ácido, a resina foi silanizada, as duas partes receberam adesivo e a prótese foi cimentada (Figuras 7 a 9). O caso foi controlado aguardando a cicatrização da área. Enquanto isso, a paciente foi encaminhada ao médico para tratar o velamento do seio maxilar. Após um período de três meses, a prótese adesiva foi removida. Nas Figuras 10 e 11, é possível observar o efeito da técnica na preservação do contorno, e na Figura 12 o aspecto radiográfico da área nesse controle. A sequência desse tratamento será abordada na próxima coluna.
Ivete Sartori
Mestra e doutora em Reabilitação Oral – Forp/USP; Professora dos cursos de especialização em Implantodontia – Fundecto/USP, dos cursos de mestrado e doutorado da Faculdade Ilapeo, dos cursos de aperfeiçoamento em Implantodontia da APCD (Bauru) e da Clínica Mollaris, em Portugal.
Orcid: 0000-0003-3928-9430.
Autora convidada:
Elisa Mattias Sartori
Especialista em CTBMF – Universidade do Sagrado Coração; Mestra e doutora em CTBMF – Unesp Araçatuba; Doutorado sanduíche e pós-doutorado – Universidade de Michigan (EUA); Professora em cursos de especialização, mestrado e doutorado – Faculdade Ilapeo.
Orcid: 0000-0002-3423-3617.