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Substitutos ósseos aloplásticos na preservação e reconstrução horizontal do rebordo

Sérgio Luís Scombatti apresenta dois casos clínicos com uso de substitutos ósseos aloplásticos na reconstrução e na preservação do rebordo alveolar.

Historicamente, os substitutos aloplásticos têm sido associados ao menor grau de absorção pelo organismo, quando comparados a enxertos xenógenos e autógenos. Se esta associação era válida para os primeiros biomateriais, notadamente hidroxiapatitas, a evolução de manufatura e o surgimento de novos compostos e combinações de materiais (por exemplo, os produtos à base de hidroxiapatita + beta fosfato tricálcico) expandiram a gama de utilizações e trouxeram os resultados clínicos para patamares semelhantes aos de outros substitutos ósseos.

É importante lembrar que nem sempre altas taxas de substituição estão relacionadas ao sucesso clínico, e as baixas taxas ao insucesso. É preciso raciocinar em função da indicação do biomaterial. Por exemplo, para defeitos periodontais intraósseos ou lesões de bifurcação, com o substituto ósseo utilizado em conjunto com a membrana para a regeneração tecidual guiada, a rápida substituição por novo osso é altamente desejável no processo de neoformação coordenado dos tecidos periodontais (osso, ligamento periodontal e cemento). Entretanto, em cirurgias para reconstrução do rebordo, visando à instalação futura de implantes, se a absorção do biomaterial for muito rápida, pode haver uma importante perda de volume, prejudicando o resultado estético e funcional. Se for muito lenta, pode haver ainda muito biomaterial remanescente no momento da instalação do implante, gerando prejuízo às taxas de contato osso/implante e, em última análise, gerando insucesso clínico a longo prazo.

Uma recente revisão sistemática da literatura¹ analisou o uso de diferentes biomateriais na preservação do rebordo alveolar, examinando as mudanças dimensionais quantitativas pós-exodontia. Foram avaliados 40 estudos clínicos controlados e aleatorizados, e os resultados mostraram que a quantidade média de reabsorção horizontal do rebordo foi de 1,52 mm ± 1,29 mm para enxertos alógenos, 1,47 mm ± 0,92 mm para enxertos xenógenos, 2,31 mm ± 1,19 mm para enxertos aloplásticos e 3,10 mm ± 1,07 mm para reparo sem biomaterial, apenas com coágulo sanguíneo. Os autores concluíram que a utilização de um material de enxerto na preservação do rebordo reduz o processo de reabsorção óssea que ocorre após a extração dental, e foram observadas mínimas diferenças entre os biomateriais utilizados (alógenos, xenógenos e aloplásticos).

Outra revisão sistemática recente² avaliou diferentes substitutos ósseos usados para os aumentos horizontal e vertical do rebordo alveolar. Ao final da busca, iniciada com 219 artigos, os autores selecionaram nove publicações para análise, que totalizavam 181 pacientes nos quais foram instalados 304 implantes após as reconstruções de rebordo. Os autores concluíram que a análise não mostrou diferenças clínicas, em termos de sobrevivência e sucesso de implantes e próteses, entre os diferentes tipos de biomateriais avaliados, bem como entre o uso deles e de osso autógeno.

É fundamental notar que as duas revisões apresentadas destacam que ainda há pouca literatura de qualidade comparando os diferentes substitutos ósseos. Além disso, a influência de importantes fatores modificadores de resultados, como o uso de agregados plaquetários associados aos biomateriais, ainda carece de mais estudos em humanos. Desse modo, a escolha do substituto ósseo deve ser individualizada em função da situação clínica encontrada, avaliando a literatura e levando em consideração a familiaridade do profissional com as técnicas e os biomateriais a serem empregados. 

Caso clinico 1

As Figuras 1 a 6 mostram um exemplo clínico do uso do substituto ósseo particulado aloplástico (associação de hidroxiapatita + beta fosfato tricálcico) na reconstrução do rebordo alveolar.

Caso clínico 2

As Figuras 7 a 12 mostram exemplos clínicos do uso de substituto ósseo particulado aloplástico (associação de hidroxiapatita + beta fosfato tricálcico) na preservação do rebordo alveolar.

Referências

1. Majzoub J, Ravida A, Starch-Jensen T, Tattan M, Suárez-López del Amo F. The influence of different grafting materials on alveolar ridge preservation: a systematic review. J Oral Maxillofac Res 2019;10(3)e6:1-13.
2. Chavda S, Levin L. Human studies of vertical and horizontal alveolar ridge augmentation comparing different types of bone graft materials: a systematic review. J Oral Implantol 2018;44(1):74-84.

Leia também “Uso de parafusos tipo tenda em procedimentos regenerativos ósseos”, coluna de Sérgio Luís Scombatti na revista ImplantNewsPerio.