Ivete Sartori e Cristiane Monteiro apresentam um diagnóstico de problema e uma possível resolução que, talvez, dependendo das características individuais, não possa ser sempre aplicada.
Os materiais odontológicos possuem características que precisam ser respeitadas para que possam desempenhar suas funções da maneira esperada. Quando falamos em próteses híbridas, conhecidas no Brasil como próteses tipo protocolo, é de conhecimento geral a necessidade de haver 14 mm a 16 mm de espaço vertical para que se possa desenhar uma barra bem relacionada aos dentes, com boas características de resistência. Para executar esse mesmo tipo de trabalho em metalocerâmica, o espaço pode ser de 8 mm a 12 mm. Os valores laboratoriais desses dois tipos de prótese são muito diferentes.
Por esse motivo, é exaustivamente considerada em publicações – e ensinada em cursos de formação – a necessidade de planejamento protético prévio à instalação de implantes, que permita a visualização do espaço e a consideração financeira com o paciente. O tipo de prótese que será indicado deve estar completamente entendido antes da instalação dos implantes, uma vez que a idealização do espaço tem que ser realizada antes da instalação dos implantes. Quando o espaço que existe para a confecção de um determinado tipo de trabalho não está ideal, é compreensível que exista um “risco estrutural”.
Uma paciente compareceu solicitando a resolução para um problema: fraturas recorrentes em uma prótese inferior implantossuportada (Figura 1). Havia, inclusive, histórico de repetição de prótese com subsequentes fraturas. Na análise clínica, foi identificado o “risco estrutural” comentado acima, já que não havia o espaço recomendado para o tipo de prótese (Figura 2). A paciente não possuía recursos financeiros para realizar a troca por uma prótese metalocerâmica.
A dimensão vertical de oclusão estabelecida na prótese estava correta, não havendo possibilidade de aumento para ganho de espaço. Após a remoção da prótese (Figura 3), foi possível observar minipilares com cintas supragengivais e o implante 3 com exposição das roscas na face vestibular (Figura 3).
Na análise radiográfica (Figura 4), foi observada a possibilidade de regularização óssea nos setores posteriores, troca dos intermediários para transmucosos mais baixos nos implantes 1, 2, 4 e 5, e remoção do implante 3.
O plano de tratamento com a confecção de uma nova prótese foi proposto e aceito pela paciente. A prótese foi removida e realizada a cirurgia de regularização (Figuras 5 e 6). A prótese da paciente foi instalada para aguardar a cicatrização da área. Após um mês, os minipilares foram substituídos por componentes de cintas mais baixas, e o implante 3 foi removido (Figuras 7 e 8). Foram realizados os passos clínicos para a confecção de uma nova prótese em uma programação rápida para que a paciente ficasse pouco tempo sem prótese, uma vez que, com a troca dos minipilares, a prótese antiga já não podia ser utilizada – motivo pelo qual as cirurgias foram realizadas em duas etapas. Como o espaço vertical foi melhorado, foi possível confeccionar uma barra com mais altura, como recomendado para esse tipo de prótese (Figuras 8 e 9).
A análise do caso permite o raciocínio a respeito da importância do planejamento protético dos casos que receberão implantes. É altamente indicado que os diagnósticos sejam corretamente realizados e que o paciente receba as informações a respeito do tipo de prótese que receberá. Apresentamos aqui um diagnóstico de problema e uma possível resolução que, talvez, dependendo das características individuais, não possa ser sempre aplicada. Evitar os problemas é sempre o melhor caminho.
Ivete Sartori
Mestra e doutora em Reabilitação Oral – Forp/USP; Professora dos cursos de mestrado e doutorado – Faculdade Ilapeo e Clínica Mollaris, em Portugal.
Orcid: 0000-0003-3928-9430.
Autora convidada:
Cristiane Paal Monteiro
Especialista em Implantodontia – Faipe; Habilitação em Laserterapia – Fundecto; Mestranda em Odontologia – Faculdade Ilapeo.