Sérgio Scombatti mostra caso clínico de reconstrução do rebordo e instalação de implantes, com um acompanhamento clínico de cinco anos.
O processo de reabsorção óssea alveolar é um evento contínuo e cumulativo, que pode resultar da perda dentária por exodontias, processos infecciosos, doença periodontal, trauma, entre outros fatores, que vão gerar defeitos verticais e horizontais no rebordo1. Esta reabsorção pode, muitas vezes, dificultar ou até mesmo impossibilitar a instalação de implantes. Em 2009, uma revisão sistemática2 apresentou valores médios de 3,87 mm de perda óssea horizontal e 1,67 mm de perda óssea vertical após os eventos de remodelação óssea pós-extração. Outra revisão3 mostrou valores semelhantes (3,79 mm de perda óssea horizontal, variando de 29% a 63% da dimensão do rebordo original, e 1,24 mm de perda óssea vertical, variando de 11% a 22%).
Desse modo, procedimentos para a reconstrução do rebordo reabsorvido são frequentemente necessários para permitir a adequada instalação de implantes osseointegrados.
A reconstrução do rebordo pode ser alcançada com o uso de diferentes técnicas, incluindo enxertos ósseos em bloco e/ou particulados de origem autógena, homógena e heterógena, associados ou não a diversos tipos de membranas e fatores de crescimento4. O objetivo destas terapias é a formação de volume ósseo suficiente para a instalação de implantes em um perfeito posicionamento tridimensional, possibilitando um maior número de implantes com diâmetro e comprimento adequados, e em melhor distribuição nas arcadas, permitindo o carregamento protético após o período da osseointegração e também uma estabilidade tecidual a longo prazo, garantindo suporte de tecido mole5.
Em relação ao uso de biomateriais para a reconstrução do rebordo alveolar, focando especificamente nos substitutos ósseos, os artigos publicados têm mostrado que há uma boa previsibilidade neste tipo de tratamento6-7. Mas, e quanto à estabilidade a longo prazo dos resultados?
A literatura disponível até o momento não é muito extensa, mas já mostra indicativos da estabilidade após procedimentos reconstrutivos. Uma revisão sistemática8 avaliando os resultados de longo prazo da estabilidade dimensional de tecidos duros e moles após reconstruções ósseas do rebordo alveolar analisou 37 artigos publicados na forma de estudos clínicos em humanos. A taxa de sobrevivência de implantes nestes estudos variou de 92% a 100%, com os tratamentos abrangendo regeneração óssea guiada (ROG) associada à instalação posterior do implante, ROG com instalação simultânea do implante ou preservação alveolar pós-exodontia com instalação simultânea de implante e enxerto ósseo. Os autores fizeram a ressalva de que apenas dois estudos avaliaram um período maior do que um ano, com dois e cinco anos de avaliação.
Uma série prospectiva de casos clínicos em humanos9 mostrou que reconstruções de rebordos com biomateriais avaliadas após cinco a sete anos se mantinham estáveis, com uma melhora significativa dos tecidos moles em níveis mais cervicais. A taxa de sobrevivência de implantes instalados nesses rebordos foi de 100%, com bons níveis ósseos peri-implantares e saúde dos tecidos moles.
Assim, embora novos estudos controlados a longo prazo sejam necessários, há indícios de que este tipo de procedimento pode trazer benefícios duradouros aos pacientes, garantindo altas taxas de sobrevivência dos implantes instalados. As Figuras 1 a 12 mostram um caso clínico de reconstrução do rebordo e instalação de implantes, com um acompanhamento clínico de cinco anos.
Referências
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Sérgio Luís Scombatti de Souza
Doutor em Periodontia – FOB/USP; Livre-docente em Periodontia e professor do Depto. de CTBMF e Periodontia Forp–USP.
Orcid: 0000-0002-6199-7348.