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RAPG e os detalhes que fazem a diferença: a oclusão

Guaracilei Maciel Vidigal Júnior ilustra o passo a passo do ajuste oclusal de uma prótese fixa adesiva provisória para RAPG.

A Reabilitação Oral vem envolvendo intervenções com padrões estéticos cada vez mais elevados e com mínima intervenção. Entretanto, muitas vezes o dente comprometido tem uma severa perda óssea que impede a instalação de um implante imediato e que, após uma exodontia convencional, poderia criar um grave problema estético se nenhum procedimento de preservação do rebordo alveolar for feito. No entanto, a tomada de decisão é influenciada levando em consideração diversos fatores, como a preservação da estrutura dentária hígida dos dentes vizinhos, o custo financeiro e a experiência prévia do profissional.

Dessa forma, as próteses fixas adesivas provisórias para RAPG (PFAP-RAPG) surgiram como uma abordagem de tratamento, colocando em primeiro plano a intervenção mínima e a preservação da estética e da função, utilizando uma variação da prótese fixa adesiva convencional, também conhecida como ponte de Maryland, para conseguir regenerar o osso, preservar a estética rosa e viabilizar a instalação futura do implante. No entanto, algumas características diferenciam a ponte de Maryland da PFAP-RAPG. Para a instalação da ponte de Maryland, áreas de pequeno desgaste para preparo dos nichos oclusais e de canaletas nas extensões distais dos dentes pilares eram feitas em nível do esmalte dentário para aumentar a longevidade da prótese, considerada uma prótese definitiva. Já nas PFAP-RAPG, estes desgastes são evitados, uma vez que a PFAP-RAPG ficará em boca por pouco tempo. A PFAP-RAPG fica em boca por 6-12 meses, sendo seis meses para a regeneração óssea do defeito alveolar e, em alguns casos, mais seis meses para a osseointegração do implante.

Outra diferença entre as pontes de Maryland e as PFAP-RAPG é a confecção dos orifícios nos retentores da prótese fixa adesiva, que não eram indicados para a ponte de Maryland porque diminuíam a área de contato entre o dente e a prótese, favorecendo consequentemente a descimentação destas próteses. Entretanto, por se tratar de uma prótese fixa adesiva provisória, que irá necessitar de remoção para posterior instalação do implante, o desgaste do cimento adesivo nas áreas dos orifícios facilita a sua remoção.

A permanência da PFAP-RAPG em boca e sem nenhuma mobilidade é fundamental para o sucesso da regeneração óssea. Por isto, todo esforço deverá ser feito para evitar o descolamento da prótese. A taxa de descolamento que observo em minha clínica é de 34,4%. A permanência em boca das PFAP-RAPG está diretamente ligada ao correto planejamento da prótese, ao ajuste oclusal e à cimentação correta. Nesta coluna, abordaremos o ajuste oclusal.

Na região anteroinferior, as próteses fixas adesivas não têm apoios oclusais. Consequentemente, no movimento de desoclusão do guia anterior, elas receberão uma força no sentido da menor resistência ao descolamento da prótese. Nestes casos, os contatos oclusais deverão ser removidos do pôntico, tanto nos movimentos excursivos da mandíbula quanto em máxima intercuspidação habitual (MIH), e a confecção de uma contenção no dente antagonista deverá ser considerada. Na região anterossuperior, deve-se considerar um leve contato em MIH e ausência de contatos nos movimentos excursivos.

Somando as duas arcadas, as regiões com maior acometimento de descolamento das PFAP-RAPG foram as posteriores. Portanto, é necessário avaliar criteriosamente a possibilidade de realizar apoios oclusais nos elementos posteriores, uma vez que, mesmo fora de oclusão, os pônticos localizados nessas regiões sofrerão uma força no sentido oclusogengival, podendo causar o descolamento da prótese. No caso em que durante a checagem com papel de articulação houver marcação, o apoio oclusal deverá ser desgastado se a falta de espaço não for detectada antes, até que não haja mais contato prematuro ou até ele ser completamente removido.

No pôntico das regiões posteriores, um contato prematuro ou uma interferência podem causar o descolamento da prótese. Por isto, é importante deixar contatos oclusais mais leves do que os observados nos dentes vizinhos, em MIH, em pacientes com uma oclusão equilibrada, e deixar o pôntico da RAPG em infraoclusão nos pacientes com parafunção ou quando não for possível preparar nichos oclusais nos dentes vizinhos. Nestes casos, deve-se avaliar a necessidade de contenção do antagonista. As interferências oclusais nos movimentos protusivo e de lateralidade também devem ser removidas sempre. Além disto, deve ser avaliado qual o tipo de oclusão dentária do paciente. Se a oclusão for do tipo dente contra dente, a contenção do antagonista deve ser considerada, mas se a oclusão for do tipo um dente contra dois dentes, a contenção do dente antagonista pode não ser necessária.

As Figuras 1 a 10 ilustram o passo a passo do ajuste oclusal de uma PFAP-RAPG, começando sempre no modelo articulado (etapa fundamental) e, quando necessário, finalizando o ajuste após a instalação da prótese em boca. No IN 2024, durante a apresentação, discutiremos as melhores estratégias para garantir a longevidade das PFAP-RAPG.