Ivete Sartori e convidados apresentam parafuso idealizado com adaptação direta aos minipilares cônicos, permitindo mais espaço para que a cerâmica na região tenha mais corpo e ganhe em resistência.
Os materiais cerâmicos têm passado por muito desenvolvimento e permitido a instalação de próteses fixas implantossuportadas com ganhos estéticos. Distintos materiais exigem o uso de ajustes específicos nos protocolos de fresagem. É possível fresar a peça com anatomia completa quando se usa zircônia monolítica (Figuras 1), ou ainda realizar o cutback vestibular para aplicação da cerâmica vítrea apenas na face estética, preservando as faces funcionais em monobloco.
Nos casos em que está indicado o uso da zircônia tetragonal cúbica estabilizada por ítria como infraestrutura, a fresagem deve prever a redução completa do contorno anatômico para providenciar o espaço para a aplicação da cerâmica vítrea. Desta maneira, toda a infraestrutura será recoberta, tanto as faces estéticas como as funcionais (Figura 2).
Em qualquer uma das técnicas relatadas há uma dificuldade para realizar a fresagem da área de interface de assentamento da prótese quando se pretende adaptar a cerâmica diretamente aos minipilares. Isso porque a distância prevista do stop do parafuso até o topo do minipilar acaba deixando a cerâmica muito fina, colocando a região em risco estrutural. Por esse motivo, até este momento, a utilização de links metálicos para o assentamento protético é uma rotina. Estes links são idealizados e pré-fabricados pelas empresas para que possam ser cimentados à prótese finalizada pela técnica do assentamento passivo (Figura 3). Assim, como o stop está idealizado em metal, não há risco de fratura na região. Porém, alguns problemas são relatados devido ao uso dos links metálicos, como a ocorrência de soltura da cimentação (Figura 4) e, às vezes, prejuízos estéticos decorrentes do acinzentamento da área cervical quando são utilizados materiais cerâmicos mais translúcidos e com menor espessura (Figura 5).
Para solucionar estas questões, foi idealizado um parafuso que se adapta diretamente no minipilar cônico (Neodent – Curitiba, Brasil), Figura 6, e criado o projeto virtual da área de interface protética de assentamento (Figuras 7). Esse parafuso tem maior comprimento quando comparado aos parafusos protéticos regulares dos minipilares cônicos (Figura 8). Dessa maneira, permite mais espaço para que a cerâmica na região tenha mais corpo e ganhe em resistência. A biblioteca virtual da interface protética de assentamento é disponibilizada ao técnico e deve ser usada no momento de desenho do projeto da prótese. Com isso, será possível aumentar a resistência do material na área do stop do parafuso protético, em casos de usinagem do assentamento em cerâmica direta (Figura 9), reduzindo o risco de fraturas da prótese.
Para que as técnicas possam evoluir, é necessário que haja o desenvolvimento de produtos, além da divulgação do correto uso das técnicas e acompanhamento dos resultados ao longo do tempo. No caso do uso específico da interface protética de assentamento cerâmico em conjunto com o novo parafuso direto ao MPC, é importante que o clínico e o técnico conheçam e estejam em sintonia para que as bibliotecas virtuais originais sejam utilizadas e o parafuso seja corretamente indicado.
Ivete Sartori
Mestra e doutora em Reabilitação Oral – Forp/USP; Professora dos cursos de mestrado e doutorado – Faculdade Ilapeo e Clínica Mollaris, em Portugal.
Orcid: 0000-0003-3928-9430.
Autores convidados:
Adriana Traczinski
Especialista em Prótese Dentária – Soepar; Mestra e doutoranda em Implantodontia, e professora dos cursos intensivos internacionais e de especialização em Implantodontia e Prótese – Faculdade Ilapeo.
Sérgio Rocha Bernardes
Mestre e PhD em Reabilitação Oral; Professor – Faculdade Ilapeo; Diretor de novos produtos e prática clínica – Neodent.