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Osseointegração em pacientes obesos

Elcio Marcantonio Jr. e Bruno Luís Graciliano Silva analisam se pacientes obesos possuem um maior risco de complicações na osseointegração.

Alcançando proporções epidêmicas na atualidade, a obesidade é descrita na literatura como uma doença complexa e multifacetada, possuindo suas próprias características incapacitantes, fisiopatologia e comorbidades1. A disfunção fisiológica do organismo humano pode ter etiologia baseada em estímulos ambientais, predisposição genética e até mesmo origem endocrinológica, causando alterações pulmonares, endócrinas e imunológicas, e interferindo até mesmo no metabolismo ósseo através de fatores mecânicos, hormonais e inflamatórios1-2.

Devido ao elevado peso corporal patognomônico da obesidade, os depósitos corporais de tecido adiposo expandem-se. Assim, este fundamental componente regulador do metabolismo energético, que sintetiza e secreta diversas adipocinas que influenciam as funções metabólicas, torna-se disfuncional. Depósitos de tecido adiposo expandidos resultam na produção de níveis irregulares de adipocinas. Ou seja, há uma exacerbação na síntese de sinalizadores pró-inflamatórios, contribuindo para o desenvolvimento de uma condição inflamatória crônica e um estado de resistência insulínica3.

Estudos pré-clínicos já têm analisado os efeitos da obesidade sobre a osseointegração, revelando que a condição afeta negativamente a formação óssea peri-implantar4. A disfunção metabólica também está presente entre os fatores sistêmicos capazes de exercer influência sobre a patogênese das doenças periodontais no atual sistema de classificação vigente5, sendo apontada, junto com a osteoporose, diabetes e uso de drogas, como uma condição que pode dificultar a regeneração óssea ao redor de implantes, causando, consequentemente, falhas no tratamento implantodôntico6.

Em uma revisão sistemática seguida de metanálise7, os autores afirmaram que não há diferença na taxa de sobrevivência de implantes entre indivíduos com sobrepeso ou obesos, em comparação a indivíduos com peso ideal. Secundariamente, o grupo também pôde identificar diferenças significativas entre os indicadores de saúde peri-implantar entre os grupos previamente mencionados. A revisão finaliza afirmando que o tratamento com implantes dentários continua sendo uma opção viável para pacientes com sobrepeso ou obesos, mas que existem evidências de que este grupo de indivíduos possui um maior risco de complicações nesta modalidade de tratamento reabilitador, sendo necessário um acompanhamento detalhado das condições peri-implantares.