Reflexões ImplantNews 20 anos: o ato de ir ao consultório odontológico tende a tornar-se uma experiência melhor.
Ao finalizarmos nossa rodada de reflexões nesta comemoração pelos 20 anos da revista ImplantNews, nada mais justo do que lançarmos um desafio: afinal, quais seriam as habilidades essenciais nos próximos 20 anos que irão tornar a prática da Reabilitação Oral mais rápida e melhor?
De modo geral, a primeira resposta estaria na rapidez com que se compartilha a informação. Atualmente, qualquer fragmento (de texto ou imagem) pode ser pesquisado, recortado e enviado manualmente ou por fala em poucos minutos através de um dispositivo móvel. O segundo ponto seria sua qualidade. Caberá ao profissional “ligar” seus filtros e escolher o fragmento mais representativo a ser transmitido. Da mesma forma, caberá ao receptor (secretária, laboratório ou paciente) ser capaz de abrir, interpretar e responder à mensagem (quase em tempo real). São operações básicas, mas que ainda trazem muita dor de cabeça, especialmente em um mundo em evolução tecnológica exponencial.
Superados os problemas acima, o terceiro ponto estaria na capacidade de adaptação aos “dispositivos vestíveis”. Por exemplo, a empresa Meta acabou de anunciar seu desenvolvimento mais recente: Orion. É um par de óculos mais anatômico que, dentre suas funções principais, projeta em suas lentes a realidade aumentada à frente do seu portador, sem perder contato visual com o mundo real. No dia a dia do consultório, seria possível usar funções pré-carregadas, como agenda, abrir as fichas dos pacientes para atualizar tratamentos, identificar/selecionar componentes de prótese ou gerenciar os estoques sem a necessidade de percorrê-las manualmente. Mediante a inteligência artificial, é certo que seu custo de aquisição caia significativamente nos próximos cinco anos.
O quarto ponto encerra um ciclo: seria proporcionar aos nossos pacientes uma “imersão total” para compreenderem o antes, o durante e o depois dos tratamentos. Cada procedimento como uma espécie de viagem sensorial e táctil bem controlada, com simulações em tempo real graças à evolução dos microprocessadores neurais que adentram o mercado nesse momento. As expectativas/demandas dos pacientes são cada vez mais altas, e em um mercado cada vez mais competitivo. Por outro lado, o outro desafio ainda maior seria prever as próximas tecnologias que nos trarão maior rendimento em tempo, dinheiro e conforto.
Já é fato que um robô consegue preparar um dente humano em menos de 20 minutos com extrema segurança. Também, que novos biomateriais podem ser desenvolvidos/testados por combinações de algoritmos computacionais e aprendizado de máquina, mesmo antes de serem fabricados em laboratório (por impressão 3D). Ainda, um estudo clínico controlado recente lançou a possibilidade de inibirmos uma proteína que reprime a formação dentária, para fazermos com que um dente “nasça” no local onde outrora existiu, eliminando a necessidade de cirurgia e implante dentário. Nessa trilha, os futuros kits para diagnóstico e biopsia terão biointérpretes mais potentes capazes de fornecer não só o diagnóstico in loco das lesões, mas também gerar receitas para medicamentos personalizados e com maior previsibilidade de cura.
E, enfim, para os pacientes, o ato de ir ao consultório odontológico tende a tornar-se uma experiência melhor. Para nós, profissionais, um grande parque com possibilidades interativas. Assim, que venham os próximos 20 anos e que possamos pelo menos testemunhar uma dessas possíveis transformações.