Editorial: a importância da observação estruturada dentro da atuação dos profissionais de Odontologia.
Em um período de quase 24 horas, a Terra gira completamente ao redor do seu eixo inclinado. E depois de 365 dias, a Terra girou ao redor do Sol. Os povos antigos sabiam disso quando desenharam a posição das estrelas em blocos de pedra e criaram a agricultura. Só não sabiam que isso, um dia, também seria chamado de “ciência”. Ficava claro que a certeza sobre os fatos viria por pura observação estruturada, ou seja, paciência. Nos dias de hoje, o homem não precisa ficar o dia inteiro olhando para o sol, a lua, as estrelas, sob chuva, vento ou tempestade. Transferiu esta “paciência” para o telescópio James Webb, que vai revelar o que existe nos limites do universo.
A Odontologia é um universo tão amplo quanto. Mesmo estruturada, nossas observações não conseguem vencer a corrida de combinar materiais com propostas de tratamento. Aliás, muitas vezes nos confundimos. Não somos testadores de materiais, isso se faz em laboratório. Depois, criamos um modelo pré-clínico para ver se “vai dar bom”. Finalmente, os ensaios multicêntricos: funciona no meu continente, no seu etc. E ainda, perto da nossa verdade, surgirá outro material.
Um exemplo prático para reforçar a importância da observação estruturada: imagine que seu paciente precisa de um preparo dentário, podendo ser coroa total ou parcial. Imagine também que existem opções de materiais. Na bancada de testes, todos passaram bem pelas normas ISO específicas. E agora? E se você não encontrar alguns (ou que seja um) trabalhos científicos em que este material esteja testado na situação clínica que você precisa (coroa total/parcial) para conversar com seu paciente? O diálogo, além de envolver o aspecto biológico (a posição da margem da restauração e a suscetibilidade do paciente à cárie, por exemplo), também possui um aspecto mecânico: quais destes materiais seriam mais resistentes em um preparo total ou parcial? É o que precisamos saber. Ainda, utilizar um processo altamente tecnológico para confeccionar este material garantiria por si só sua resistência final em qualquer situação de preparo dentário? Olho no lance.
Agradecemos a todos que deixaram este 2022 mais esperançoso, à equipe VMCom e, é claro, a você, nosso leitor. A melhor informação, sempre, é só aqui. Um próspero 2023!
Paulo H. O. Rossetti
Editor científico de Implantodontia.
Orcid: 0000-0002-0868-6022
Antônio Wilson Sallum
Editor científico de Periodontia.
Orcid: 0000-0002-7158-984X
Marco Antonio Bottino
Editor científico de Prótese Dentária.
Orcid: 0000-0003-0077-3161